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quinta-feira, abril 07, 2011

Entre amigos e tulipas
























Ontem os nossos amigos V. e C. foram jantar lá a casa. Propositadamente não o fizemos durante o fim de semana porque não entendo essa mania de concentrar os encontros de família e amigos durante esses dias. Durante a semana alguém se deita tão cedo que não permita jantar com amigos? Ou é assim tão complicado preparar uma massa que obrigue a ficar agarrada ao fogão horas? Penso que não. Por isso, e apesar de as crianças terem horários mais rígidos, um dia por semana não as vai deixar perturbadas nem com danos irremediáveis. Elas até agradecem brincar com outras crianças que não as da escola.

Assim, e para que tudo corresse da melhor forma, fui preparando algumas coisas com antecedência. Tinha pensado numa ementa de inspiração italiana, mas fui fazendo pequenas alterações. Ainda assim, a sobremesa foi italiana e feita de véspera, para articular tudo e porque deve ser assim com o tiramisú. Curiosamente, foi a minha primeira experiência com este doce.

Para começar a refeição tinha azeitonas da Feira Biológica e pão alentejano. Preparei uma pasta de delícias do mar para as tostas e grissinos. Pão de alho era obrigatório. Por isso, de manhã comprei um pão de centeio no mercado municipal e preparei-o de acordo com uma receita que tinha espreitado na Contessa. Muito fácil. Piquei alho e salsa. Juntei azeite e um pouco de flor de sal. Cortei o pão no sentido longitudinal. Barrei um dos lados com esta mistura e o outro com manteiga. Voltei a fechar o pão e envolvi em papel de alumínio. Levei ao forno bem quente cerca de 20 minutos. Depois abri e deixei tostar cerca de 7 minutos. Desapareceu num ápice. Para a próxima já sei que devo ter pelo menos dois do mesmo tamanho.

A entrada foi outra experiência, inspirada numa receita que já fiz várias vezes, inclusive noutro jantar de amigos. O folhado de camambert. Desta vez não recheei com frutos vermelhos, mas sim com compota de cebola roxa. Acho que combina melhor. O G. que já provou ambas, pensa o mesmo. O procedimento é em tudo igual, sendo que apenas se trocam os frutos vermelhos pela tal compota. Também a preparei na véspera à noite e assim não me roubou tempo, porque é quase tudo por conta do forno. Para a compota usei 3 cebolas roxas cortadas em rodelas muito finas. 3 colheres de açúcar, 1 pau de canela, 1 ramo grande de tomilho, 2 folhas de louro verde e meia chávena de vinho do Porto. Comecei por colocar a cebola com 3 colheres de sopa de azeite, com as ervas e a canela num tacho a libertar toda a água até reduzir. Depois acrescentei o açúcar e deixei caramelizar bem. Finalmente acrescentei o vinho e deixei cozinhar até evaporar e ficar com a consistência pretendida. O Henrique Sá Pessoa ensina a preparar esta compota mas com vinho tinto. Para mim é bem melhor com Vinho do Porto. É uma opinião, vale o que vale.

Para acompanhar, fiz uma salsa de salicórnia, kiwi e pepino. Juntei tudo com azeite, vinagre de arroz, malagueta vermelha, pimenta rosa, sal e açúcar mascavado. Reservei no frigorífico até à hora de servir.

Para prato principal uma pasta, não fosse o jantar de inspiração italiana. Penne com legumes assados, salsichas frescas e chouriço. Escolhi o de Quiaios. Afinal podemos sempre dar protagonismo aos produtos da terra. Assei no forno abóbora, cenouras roxas, cogumelos portobello e pimento vermelho, com azeite, pimenta e sal. Num tacho, cozinhei as salsichas e o chouriço, cortados em rodelas e temperados apenas com sal. Envolvi tudo, e servi com a massa al dente, regado com o molho das carnes.

O remate da refeição, como já disse, foi o tiramisú. Misturei 4 colheres de sopa de açúcar em pó com 4 gemas de ovos caseiros que lhe deram um magnífico tom de amarelo canário. Acrescentei o mascarpone, e um pouco de rum. Envolvi depois as claras batidas em castelo. Numa taça com café forte e rum, mergulhei os palitos la reine sem ensopar. Coloquei em camadas, intercalado na penúltima, passas de uva previamente aquecidas em rum para ganharem volume. Polvilhei com chocolate em pó. Para as meninas, gelado, pois rum e café seria catastrófico.

Os amigos trouxeram o vinho. Um tinto alentejano de que gostamos muito: Herdade dos Garfos.

A comida é de facto o que nos leva à mesa, mas esta deve estar bem vestida para nos receber. Assim, escolhi uma toalha que bordei com tulipas, vermelhas e amarelas. No centro, uma coroa de tulipas a envolver as velas de café. Para as pequenas jarras, colhi flores no descampado junto a minha casa, à hora de almoço. Havia papoilas, mas se as colhesse murchavam imediatamente. Ficam lindas no campo.

A conversa estendeu-se e já estou a pensar quando será o próximo.

5 comentários:

Sophy disse...

Mas que mesa bonita... és uma inspiração...

Bom dia!!!!!!!!!!!

guida c disse...

:)

Anónimo disse...

olá!
Uns dias depois deste maravihoso jantar encontrei em Coimbra, no Mercadinho do Botânico, salicórnia à venda. Vinda directamente da Figueira, claro! Resolvi divulgar a tua receita junto do vendedor que, por acaso, explora a Salina Eiras Largas.Como não me lembrava de todos os ingredientes disse-lhe que depois a enviarias...casadosal@gmail.com.
Foi uma noite excelente de alguém que é nosso AMIGO com letra maiúscula!
Da V.

Casa do Sal da Figueira da Foz disse...

Olá
Parabéns pela aplicação da salicórnia.
Esta salicórnia é da minha salina, na Figueira da Foz. Estou no Mercadinho do Botânico quinzenalmente com a salicórnia e os sais que criei, além da flor de sal.
Divulguei no meu blogue a receita: http://casadosal-eiraslargas.blogspot.com/2011/04/salicornia-kiwi-e-pepino.html

Quando tiver mais receitas que incluam alguns dos produtos da Casa do Sal, diga-me para eu divulgar, se concordar, claro.

Obrigado
Zé João

guida c disse...

Fica combinado!