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sexta-feira, março 31, 2006

"Através da partilha de serviços e da "externalização" (leia-se privatização) de outros, a comissão técnica prevê que o Estado possa poupar cerca de 30% dos recursos actualmente despendidos. Não só em ganhos de eficiência, mas também na redução de custos com pessoal, que afectarão muito em especial as chefias intermédias. Enquanto as projecções apontam para a possibilidade de eliminação de mais de metade das chefias, quando todos os ministérios tiverem os serviços identificados em partilha, o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado estima que o universo possa atingir as cinco mil chefias."

Já não era sem tempo! Até que enfim alguém se decide a fazer isto. Afinal já todos identificámos o problema há muito, ou não? No DN.

quinta-feira, março 30, 2006

anotações

Eu não tenho o hábito de anotar os livros que leio. Excepto obras de estudo, que sublinho (a lápis ou a caneta, consoante a estima pela obra). Por vezes assinalo a lápis citações que me despertam a curiosidade, que acho dignas de registo, que gostaria de partilhar com alguém. São as tais "pérolas" penduradas no enredo de que fala o Lobo Antunes. Mas há quem, porque gosta de dialogar com o livro ou porque faz disso a sua profissão, escreve abundantemente nos livros. Era o caso de Vergílio Ferreira. A sua letra minúscula e quase ilegível enche margens e entrelinhas com comentários. Por vezes, Vergílio Ferreira chegava a mudar a ordem das frases para as colocar de um modo mais correcto, de acordo com a sua própria sensibilidade e visão da narrativa. Mas os livros da sua biblioteca pessoal também estão povoados de comentários mais pessoais, alguns deles ... digamos assim ... pouco abonatórios em relação ao autor da obra: acusações de plágio (parece que à margem de certas frases ou ideias, Vergílio anotava "já foi escrito antes"); por vezes surgem até ofensas aos autores ("invejoso" ou "invejoso és tu").
Como todos nós (e sendo um escritor consagrado, com mais propriedade) Vergílio Ferreira tinha os seus ódios de estimação. Dizem que Agustina era um deles. O outro era (compreensivelmente), Saramago. E foi num livro de Saramago, mais precisamente Cadernos de Lanzarote (acho que é este o título), que Vergílio anotou: "este livro parece a sala de troféus do Benfica". Ou seja? Segundo me explicaram, "pomposo, exibicionista".
Estas infomações recebi-as hoje numa visita de estudo à Biblioteca Vergílio Ferreira, em Gouveia. O espaço, para além de objectos pessoais do escritor, contém ainda parte da sua biblioteca pessoal, com as referidas anotações. Outra parte do espólio encontra-se em Lisboa. Mas a Biblioteca de Gouveia só por si tem material para muitos estudos e teses literárias, filosóficas. E também muita análise ao ego e às rivalidades pessoais dos escritores da nossa praça.

terça-feira, março 28, 2006

Alamut

"Baseado em factos históricos, Alamut (1937), um dos grandes clássicos da literatura eslovena do séc. XX, conta a história da célebre seita os Assassinos e do seu líder carismático, Hassan Ibn Saba. No seu castelo fortificado de Alamut, Hassan desenvolve um grupo de fanáticos que estão dispostos ao martírio na guerra santa contra os turcos seljúcidas que governam o Irão. Oferecendo-lhes haxixe e mulheres, Hassan cria nos seus seguidores a ilusão do paraíso que espera os mártires."

Vladimir Bartol escreveu aquela que é considerada a mais conhecida obra da literatura eslovena. Alamut foi escrito com a intenção de denunciar os regimes totalitários que surgiram na Segunda Guerra. As primeiras edições só chegaram ao Ocidente nos anos 80. É impressionante perceber como o ser humano se pode por vezes deixar manipular. Mais impressiona pensar que por vezes o deseja. Porque nos subjugamos? Porque procuramos quase sempre a orientação de alguém que pensamos (desejamos?) superior? Porque é tão assustador assumir a liderança e tomar a iniciativa? Alamut é um livro actual, escrito há quase 70 anos, sobre uma história na Pérsia de 1092. Gostei de o ler. Mesmo tendo 500 e tal páginas, que assustam um leitor lento como eu. Vou lendo devagarinho, saboreando cada palavra que não voltarei a ler. Porque novos livros me esperam.

como vender jornais

A arte de fabricar notícias que não existem é habitual em Portugal, mas atinge o seu maior descaramento no "jornalismo" desportivo.
Como sabem, o Real Madrid procura novo treinador para resolver os estragos que o Carlos Queirós fez por lá há três anos (um erro da natureza daquela envergadura precisa de muito tempo para ser corrigido). Ontem, o Presidente do Real Madrid, numa entrevista, disse o seguinte:
"Tenemos claro qué tipo de entrenador tenemos, y queremos uno de los que todos sabéis. De esos va a ser uno. Todo los sabéis. ¿Os los digo? No los voy a decir en el orden de preferencia para que luego no creáis que es tal o cual. Son Mourinho, Capello, Benítez, Wenger, Ancelotti y Lippi. Y el séptimo Eriksson, para que luego no haya dudas."
Hoje, a Bola publicou na edição online a seguinte notícia, provando que o castelhano é uma língua muito mais complicada do que parece.
Já agora, se querem o meu voto, escolho Fabio Capello. Se não puder ser, qualquer um menos Benítez ou Eriksson. Sim, pode ser o Mourinho (nem que seja porque ia irritar os palermas do barcelona).

como a evolução vai anular o homem

Neste vídeo.

obrigado

Obrigado, Guida. Boa selecção de imagens (e de musas inspiradoras).
Já agora, a opção pelo vermelho tem alguma relação com o facto de o slb jogar hoje com o barcelona? Ou teve "apenas" uma motivação estética? : )

vermelho




Estas são algumas das divas do Paulo. Por isso, este post é especialmente para ele ;)
Paulo, podes encontrá-las aqui.

domingo, março 26, 2006

esperando uma nova vida

http://www.treklens.com/gallery/Europe/Spain/photo115317.htm

ministério das estatísticas

A moda já pegou por cá há muito tempo, "ensinar" tendo em conta a estatística e não a aprendizagem. Mas ainda poderemos piorar. Nos EUA, por exemplo, há escolas que estão a optar por ensinar apenas matemática e inglês (reading). Porquê? Porque são as únicas disciplinas sujeitas a exames. Logo, como alguém por lá disse, se não há exame às outras disciplinas, então para quê ensiná-las? História, ciências, artes, outras línguas e desporto ficam, desta forma, de lado. Tudo bem, aceita-se o ênfase na língua inglesa. Só não percebo a mania da matemática. Porque há-de ser mais importante a matemática do que, por exemplo, a Filosofia? Ou até a geografia? E não será, para muitos alunos, mais útil e interessante aprender francês ou castelhano ou português ou história? Enfim. Por cá faz-se um pouco do mesmo. Não percebem que não é uma questão de quantidade, mas sim de qualidade do ensino e de vontade e apetência para aprender essas disciplinas? Eu estive em turmas onde havia bons e maus alunos a matemática. Os mesmos professores, o mesmo tempo de ensino. Apenas vontades e capacidades diferentes. Logo, resultados diferentes. O mesmo acontecia com o inglês ou com a história. Não creio que passando a estudar história de 90 minutos para 360 minutos um aluno desinteressado ou manifestamente burro (sim, eles existem) passe a ser um Umberto Eco ou um Pulido Valente. Também não é com o mesmo método que transformamos maus alunos em Einsteins. O pior é que, mesmo que resulte, acabamos por travar a evolução dos alunos noutras áreas, só porque não aparecem nas estatísticas. Pode ser que, depois, possamos analisar quadros em museus com equações ou ganhar medalhas olímpicas com leituras rápidas.

Luminous


aqui

sábado, março 25, 2006

atendimento



www.dilbert.com
É provável que a própria direita (ou parte dela) queira Sócrates no governo para os próximos anos. Quatro ou (caso não haja evolução para melhor da situação económica) mesmo oito. Afinal de contas, parte da direita colocou Sócrates no poder ajudando a derrubar Santana Lopes (basta lembrar os artigos de Cavaco Silva e a manobra ridícula mas eficaz de Marcelo saíndo, ofendido, da TVI). Basta ver também os nomes de topo do PSD que não apareceram na campanha eleitoral. Quais as vantagens? Eliminaram Santana, colocaram Portas de lado por algum tempo, e deixaram ao PS a missão difícil de governar. Todos sabiam que o novo governo deveria tomar medidas necessárias e impopulares. Medidas que poderão melhorar, a longo prazo, o país, mas que seguramente vão destruir, lentamente, a imagem do governo. Depois, sob o efeito positivo de algumas das medidas (umas são puro folclore, outras são puramente idiotas), com a imagem de Sócrates já desgastada (o mesmo sucedeu com Cavaco Silva, apesar de ter sido o melhor governante que Portugal teve na terceira república), é tempo de surgir um lider de direita para tomar o poder. Daqui a 8 anos, provavelmente.
Quanto ao PSD, o último congresso (o primeiro, em anos, que não acompanhei) deve ter sido pouco interessante. E nada mudou, tirando aquela decisão pouco sensata das directas. Os presidentes de câmara são eleitos por via directa e não vejo que benefícios isso tem trazido à qualidade dos eleitos (Gondomar, Felgueiras, Leiria, Gaia, Oeiras e tantas outras). O que se nota no PSD é uma coisa que era habitual no PS: a total falta de pessoas capazes e de qualidade para liderar o partido. Os nomes são sempre os mesmos. Marcelo fracassou como lider (tirando a vitória no referendo da regionalização). Mendes não conta. O tipo de Gaia é mau demais. Santana já nem aparece nas sondagens. Depois aparece sempre aquela personagem irrelevante que a comunicação social teima em projectar como o salvador, um tal António Borges.
Sobra Manuela Ferreira Leite, mas se quisesse avançar já o teria feito. (Onde andará Pedro Passos Coelho?)
Se é este o futuro do PSD, também não faz mal nenhum que fique afastado do poder.

quinta-feira, março 23, 2006

O PSD que se cuide

É a única coisa que falta dizer sobre as 400 medidas de simplicação avançadas pelo governo de José Sócrates e já aqui comentadas pelo JCD.
Na verdade, não só este governo do Partido Socialista está a tomar medidas que o governo anterior de direita devia e podia ter tomado, como os partidos da direita andam entretidos em guerras autofágicas dos seus aparelhos e continuam completamente desligados da realidade, do mundo e dos eleitores, essas minudências que só interessam de quatro em quatro anos.
Sócrates para oito anos? A direita que ponha os olhos em Tony Blair.


Eu concordo. No Blasfémias.

terça-feira, março 21, 2006

Ainda e sempre os livros


Aos vinte anos, Rodrigo Guedes de Carvalho escreveu o seu 1º romance. Devia ter essa idade quando o li. Na ocasião, pareceu-me um livro diferente, e lembro-me de ter gostado, ainda que pouco recorde do que lá está escrita. Se faço um exercício de memória, pouco mais me ocorre que a descrição de luz a espreitar por uma persiana e a solidão. Passados mais de 10 anos, volto a ler um livro dele. Ofereci alguma resitência a esta "Casa Quieta". Acusam-me de algum snobismo nas escolhas literárias. Aceito. Por vezes deixo de ler algumas obras por duvidar da competência dos autores, porque não são escritores mas escrevem livros. De facto, prefiro ler escritores. Contudo, o Lobo Antunes, meu autor predilecto na literatura portuguesa, fez a apresentação do livro no dia do lançamento e eu fiquei logo com a pulga atrás da orelha - o quê, o António a apresentar este livro, de um jornalista? Mas agora este gajos da televisão têm a mania que são escritores?! Quando muito, escribas de 5ª categoria - mas nem eu própria fiquei convencida com o meu cepticismo. Vai daí, um dia, dou com o calhamaço em casa do Fernandes (o meu querido sogro) - Oh Fernandes, quando acabar de ler este, posso levá-lo para baixo? - Ainda por cima, ouço o rapaz na conversa com a Sousa Dias, e gosta-se daquilo que o rapaz debita - Guida pá, se o gajo acha o ALA o melhor escritor do mundo; deu à filha o nome de Benedita e nasceu no Porto, começas a ter poucos motivos para não leres o raio do livro! - Pronto, acabei por trazer o livro, já o Fernandes o tinha colocado no meu saco, sem eu pedir. A semana tinha começado muito mal com a morte de uma amiga. Hesitei começar a ler porque sabia que o tema era também esse, a morte de uma mulher. Depois pensei que até podia ajudar. Sei lá, podia ajudar-me a encontrar uma explicação, a exorcizar a dor... Ora bem, já o li. Explicações não encontrei, o nó na garganta também não desapareceu, mas descobri o escritor por detrás do jornalista, o tal do "país e o mundo". O rapaz tem potencial. E é claro que o ALA não dá a cara pelos rabiscos de qualquer um! Fica pois a recomendação, sobretudo para quem gosta de enredos deprimentes e algumas semelhanças com o estilo do António.

segunda-feira, março 20, 2006

domingo, março 19, 2006

Críticas injustas

Entre as muitas críticas injustas feitas a Jorge Sampaio, a pior foi a de o acusarem de ser a causa da degradação da qualidade da classe política em Portugal, quando ele é uma consequência dessa degradação.

milagres da tecnologia

Enquanto estava na fila do incontinente para pagar as compras, vi na capa de uma revista a notícia: Cinha Jardim convidada para posar na Playboy. Parece que a revista do coelhinho já contratou para o efeito os maiores especialistas de photoshop.

sábado, março 18, 2006

o mito da finlândia e outros assuntos

Que a educação aqui na lusitânia é má vejo eu todos os dias. Agora, não percebo é a saloia atracção pela Finlândia. O modelo finlandês é exemplar? Provavelmente nas estatísticas. No mundo real, não sei porquê, mas não se nota. Digam-me o nome de um, só um, grande cientista, escritor, arquitecto, músico, criador, empreendedor, etc... nascido e formado na Finlândia. Quais são, afinal, os resultados práticos do grande modelo? O "nosso" primeiro ministro lembra-me aqueles "líderes" africanos que iam, pasmados, aprender o moderno e civilizado modelo socialista a Cuba ou ao Bloco de Leste. Uns como o outro, voltaram encantados com as maravilhas do progresso e ansiosos por aplicar nas palhotas locais os sistemas miraculosos. Presumo que tenham sido muitos os risos condescendentes dos homens de leste perante tal ignorância. (Imaginem como seria ridículo se o presidente do fcp, do scp ou do slb fossem à Noruega para copiar o modelo de sucesso do Rosenborg, só porque este clube é o único que ganha campeonatos por lá)

Ainda sobre educação... Se as escolas-sede para onde são transferidas as crianças das primárias que encerram apresentam, em muitos casos, as mesmas deficiências que têm as escolinhas primárias do Estado Novo (com a agravante de serem muito mais feias), como é que a ministra pode dizer - sem se rir - que essa tranferência se faz em nome da qualidade do ensino? Pelo menos uma vez na vida podiam ser sinceros e dizer que é mais barato. Acho que ninguém levaria a mal. Até porque revelava mais respeito pela inteligência de quem os ouve.

A propósito de qualidade de ensino, sabiam que as faltas que um aluno tem por ter sido suspenso após um procedimento disciplinar são automaticamente justificadas, para que ele, coitado, não chumbe (perdão, fique retido)? Percebem a lógica? A justificação é fantástica. Aparentemente a pobre e inocente criança não pode ser duplamente punida pelo mesmo erro. Ainda bem que o governo viu esta injustiça, não tivessem a cruz vermelha e a ami de intervir.

O governo quer fazer um exame de admissão para testar a capacidade (pedagógica, presumo) dos novos candidatos a professores. Nada de grave. Também os licenciados em direito, por exemplo, têm de fazer provas para serem advogados ou juízes. Só é pena que a prova se aplique apenas a profs do 2º e 3º ciclos e deixe de fora os do 1º ciclo e todos aqueles que estão no quadro. Nesses, curiosamente, nunca se mexe. A prova só surgiu porque se sabe que o ensino está totalmente degradado. Não percebo é que culpa têm os candidatos a novos professores desse descalabro...

no coments

A secretaria da nossa Universidade enviou-me nova carta.
Assunto: suspensão de prazo para entrega da tese de mestrado.
Conteúdo: "para os devidos efeitos, informo V. Exª que foi deferido o seu pedido efectuado em 27 de Dezembro de 2005."

Simpáticos, não são? Só que esse pedido foi o do adiamento do prazo de entrega do trabalho por um mês, ou seja, até 31 de Janeiro. E a culpa não foi dos correios, porque a carta vem datada de 09-03-2006.
Como é que é possível?!

sexta-feira, março 17, 2006


A Figueira hoje vestiu-se de chuva. Está solidária comigo. Semelhante a este quadro do Turner.
Para verem outras obras deste pintor basta ir aqui.

quinta-feira, março 16, 2006

quarta-feira, março 15, 2006


Depois do filme, o livro.

segunda-feira, março 13, 2006

Yorkshire schools c. 1848

"Of the monstruous neglect of education in England, and the disregard of it by the State as a means of forming good or bad citizens, and miserable or happy men, this class of schools long afforded a notable example. Although any man who had proved his unfitness for any other occupation in life was free, without examination or qualification, to open a school anywhere; although preparation for the functions he undertook, was required in the surgeon who assisted to bring a boy into the world [...], in the chemist, the attorney, the butcher, the baker, the candle-stick maker, the whole world of crafts and trades, the schoolmaster excepted; and although schoolmasters, as a race, were the blockheads and impostors that might naturally be expected to arise from such a state of things, and to flourish in it; these Yorkshire schoolmasters were the lowest and most rotten round in the whole ladder. Traders in the avarice, indifference, or imbecility of parents, and the helplessness of children; ignorant, sordid, brutal men, to whom few considerate persons would have entrusted the board and lodging of a horse or a dog ..."
(Charles Dickens, Nicholas Nickleby, prefácio à edição de 1848, Penguin Classics, p. 5)

quinta-feira, março 09, 2006

divas

As divas, estão mesmo diferentes. Ainda vivem, mas num lugar estranho e secreto, como as ninfas da mitologia, ou as fadas dos sonhos de infância. A fotografia consegue, por vezes, encontrar o caminho para esse lugar e fixá-las no papel. Mas para isso é necessário que as divas posem. Fiquem estáticas. E nos imobilizem também. Elas são mais difíceis de captar quando se movem. O cinema teve as suas mais belas divas quando se aproximava mais da fotografia do que da imagem computorizada. Quando os filmes eram a preto e branco.
Os gostos também mudaram. Sarah, a actriz de teatro, como Rita Hayworth, Ava Gardner ou Marlene Dietrich, mesmo Marilyn Monroe ou Elizabeth Taylor, que foram divas do cinema, viveram num tempo em que o público não era adolescente. Hoje, aos olhos dos comedores de pipocas que infestam as salas, seriam velhas, sem os contornos finos e altos que vemos nas passerelles. Hoje, definitivamente, não estariam na moda. Como a Venus de Botticelli é sempre gorda aos olhos dos alunos que, pela primeira vez, a observam.

terça-feira, março 07, 2006

As divas estão diferentes


Esta foto foi tirada por volta de 1864 pelo francês Nadar, uma referência incontornável na História da Fotografia. A diva é Sarah Bernhardt. Actriz famosa no seu tempo e ainda hoje. Os cânones de beleza são agora diferentes. E quando somos bombardeados com as glamorosas actrizes de Hollywood, temos dificuldade em acreditar que já foram as Sarahs a fazer sucesso, a deslumbrar homens e mulheres... As divas estão diferentes!

Como começa uma discussão...


Vi isto aqui.

segunda-feira, março 06, 2006

oscars 2

Guida, excelente imagem. Se o oscar fosse assim, haveria ainda melhores actores (à excepção do Keanu Reeves).
Realmente não dei a minha opinião sobre a entrega das estatuetas. O problema é que não vi grande parte dos filmes nomeados: falta-me Capote, Memoirs of a Gueisha, Brokeback Mountain e as animações. Acabei de ver o Crash e, sinceramente, não creio que mereça oscar de melhor filme. Mil vezes Matchpoint, infelizmente fora da lista, porque agora é moda não gostar de Woody Allen. Cem vezes Walk the Line. Dez vezes Munich.
A Academia tem sempre algum receio politicamente correcto. Não foi a extremos, como diz o Pedro Mexia (injusta a crítica dele a Reese Witherspoon, mas o mal dos europeus é que não percebem os americanos, por muito que leiam e vejam cinema - não foi um discurso do Barreiro, se houve um do género foi o da gang que ganhou o oscar de melhor canção). Por isso, a Academia não deu as estatuetas todas a uma só minoria (os cowboys gays), mas a todas as minorias. Crash é um discurso sobre todas as minorias e a forma como elas se fundem e chocam (daí o título) nas cidades americanas. Está lá tudo, o polícia racista e o bom polícia. O casal interracial (sempre negro com branca, nunca o contrário). O negro que é racista e que se converte. O branco que não é racista e que mata o negro que age como branco porque não o considera real. Os conflitos entre minorias, todos com o ponto comum de se afirmarem americanos contra os outros. As dificuldades de todos em se reconhecerem, porto-riquenhos confundidos com mexicanos, iranianos confundidos com árabes, cambodjanos confundidos com chineses. Crash acaba por ter um discurso sobre preconceitos também ele preconceituoso. Um pouco como o Beleza Americana.
Sobre o oscar de melhor actor não posso ajuizar. Sobre o de melhor actriz, está bem entregue. O desempenho de Reese Witherspoon é difícil. E não se apaga ao lado do de Joaquin Phoenix. Keira Knightley esteve linda no Pride and Prejudice, mas não chega. É mais fácil. Como, apesar de tudo, não é preciso assim tanto para Felicity passar por um homem ou uma mulher que quer ser homem. Judy Dench, convenhamos, já ganhou o que tinha a ganhar e nunca foi opção.
Quanto à animação. Conhecendo o trabalho de Tim Burton e, por outro lado, a obra Wallace and Gromit, a estatueta ficaria bem em qualquer um deles. Tim Burton, apesar de tudo, é capaz de ter sido menos original (dado o que sempre se espera dele, obviamente). E aqueles bonecos de plasticina do Wallace and Gromit são fantásticos. Lembram Vasco Granja e as animações checoslovacas e polacas dos anos 80.
Memoirs of a Gueisha levou vários oscars, sobretudo de imagem. Com um tema ligado ao oriente, sobretudo ao Japão, era de prever. Não há cores como na terra do sol nascente.
Na banda sonora, destaca-se a dupla nomeação de John Williams (que, se bem me recordo, já ganhou o oscar com o trabalho no Shindler's List). Desta vez não ganhou. Outro dos derrotados foi Alberto Iglesias (habitual colaborador de Almodovar). Assim sendo, e não tendo ainda ouvido a banda sonora vencedora (Brokeback Mountain), se venceu estes nomes é porque está mesmo boa.
Fora isto... A cerimónia foi divertida, elegante, educada. Sem estremas idiotices (tirando o momento Ben Stiller). Ao contrário do Pedro Mexia, acho que as montagens estavam sofríveis. Podiam ter feito melhor selecção de imagens e de filmes. Havia mais. E melhor. Momentos bons? O de Robert Altman e o da apresentação do prémio a Robert Altman, com Meryl Streep no seu melhor papel dos últimos tempos. Ah, claro, e o da presença deslumbrante de Nicole Kidman, Jennifer Lopez, Keira Nightley e Jessica Alba.

Óscares


Parece-me que a foto não está nada mal e a ideia é ainda melhor.
Como o Paulo não fez comentários às escolhas dos premiados, apenas os indicou, que tal ler o que o Mexia http://estadocivil.blogspot.com/ comenta? Eu gosto do rapaz.

Frida Kahlo


Quero ver a exposição da Frida Kahlo que vai estar no CCB até 21 de Maio. Não porque seja grande admiradora da sua pintura como a Adriana Calcanhoto. Tem muita cor, é um pouco naif, mas também dolorosa na escolha de alguns temas. Não gosto das pinturas dela do mesmo modo que gosto do Vermeer ou do Caravaggio - de uma forma quase primária; nem tão pouco dos maravilhosos Monet, Renoir e de toda a pintura impressionista. Não, não é fácil para mim gostar da sua arte mas consigo admirá-la, mas sei reconher uma personalidade artística por detrás de todo aquele fólclore colorido. Como o outro disse para a literatura, o mesmo se deve aplicar para as artes plásticas: o que importa não é o talento de quem pinta, é a inteligência de quem vê.

and the oscar went to...

Melhor filme: CRASH - Colisão (já em dvd)
Melhor Realizador: Ang Lee (BROKEBACK MOUNTAIN)

Melhor filme de animação: WALLACE AND GROMIT IN THE CURSE OF THE WERE-RABBIT

Melhor Actor Principal: Philip Seymour Hoffman (CAPOTE)
Melhor Actriz Principal: Reese Witherspoon - (WALK THE LINE) (excelente escolha)


Melhor Actor Secundário: George Clooney - (SYRIANA)
Melhor Actriz Secundária: Rachel Weisz - (THE CONSTANT GARDENER)

Melhor Argumento original: CRASH (injusto para o Matchpoint, do Woody Allen)
Melhor Argumento adaptado: BROKEBACK MOUNTAIN

Fotografia: MEMOIRS OF A GUEISHA
guarda-roupa: MEMOIRS OF A GUEISHA
Banda sonora: BROKEBACK MOUNTAIN - compositor Gustavo Santaolalla, da Argentina

racismo e futebol

Em Saragoça o camaronês Etoo ameaçou sair de campo porque estava a ser assobiado. Racismo, diz ele. Inslutos habituais, dizem os próprios jogadores negros do Saragoça. Etoo não é assobiado por ser preto, diz presidente do Getafe, mas por cuspir nos adversários. Concordo com o presidente do Getafe. E com os atletas do Saragoça. Castigar e multar um clube porque os adeptos assobiam um jogador em particular acusando-os de racismo é ridículo. Ronaldinho, que eu saiba, não é branco e não ouviu os barulhos de macaco das bancadas quando tinha a bola. A diferença é que o Ronaldinho e os outros jogadores, brancos ou pretos, não cospem nos jogadores adversários, nem insultam as equipas adversárias. Mas como a federação é do Barcelona e a UEFA é gerida por idiotas politicamente correctos, o Saragoça foi mesmo multado. Já uns tempos antes, quando Etoo cuspiu no adversário não foi multado nem punido, mas Javier Clemente, treinador do jogador ofendido pelo camaronês levou multa pesada por dizer "os que cospem são os que descem das árvores".
Figo foi assobiado em Barcelona pelos adeptos do ofendido. Acusações de pesetero, objectos atirados para o relvado, até uma cabeça de porco. O barcelona não foi castigado. Será porque Figo é branco, não se fez de vítima e jogou os 90 minutos? Quem são, afinal, os racistas senão a federação espanhola? Hoje o chelsea aterrou em barcelona. Os adeptos do barcelona receberam Mourinho com insultos e acusações (?) de "tradutor". Imagino que a UEFA não vá exigir multa para o barcelona. Mas que fariam se Mourinho não fosse branco?
ps: se o Etoo tivesse dois palmos de inteligência e algum sentido de humor saberia lidar com a situação de forma adequada. Um antigo jogador negro do setubal, quando viu o público imitar macacos à sua passagem, virou-se para as bancadas e fingiu ter uma câmara de filmar. Como se estivesse no zoológico a filmar os macacos do outro lado da rede.

sábado, março 04, 2006

sucesso?

Não faço a menor ideia dos motivos que levam Gonçalo M. Tavares ao sucesso que tem. Nunca li nenhum dos seus escritos. Mas, a julgar pela tua opinião, não creio que o venha a fazer. Deve ser só para eleitos. Se calhar. Ou se calhar, continuamos a ser um país onde os amigos certos a escrever nos jornais certos fazem a diferença. Mas não acredito que seja assim. Como disse o J. Pereira Coutinho (na Maxmen, creio eu), cada vez mais a diferença não estará nos que sabem escrever, mas nos que sabem ler.

insucesso

100% de acordo com Vasco Pulido Valente. O ensino público é um fracasso. Mas em Portugal, também o ensino privado é um fracasso. Restam as excepções em ambos os lados. A desigualdade da vida não se apaga na sala de aula, nem sequer com o uso de uniforme. Como se iriam "igualar" depois as canetas, as borrachas, o equipamento de educação física, os cadernos, as estantes lá de casa, os pcs, os portáteis, as viagens à disneyworld França, as conversas à mesa, os carinhos e as oportunidades, o tempo livre, os vizinhos e os pais? A solução inglesa poderá funcionar em Inglaterra. Aqui duvido. As instituições religiosas (cristãs) ja mostraram que são capazes e, seguramente, não lhes falta gente competente nem esquema disciplinar. Mas e as novas igrejas? Não corremos o risco de fanáticas escolas corânicas por razões culturais. Mas escolas entregues aos pais seriam seguramente uma má solução. Novamente salvo excepções, os pais querem que os filhos passem, de preferência com boas notas e sem trabalhos de casa que prejudiquem todas as actividades extracurriculares com que os ocupam no fim do dia. Demoram a aceitar as falhas dos filhos, sobretudo o facto de não serem, afinal, novos Einstein, Mozart, Herculano ou Maradona (de acordo com a vocação ambicionada). O sucesso destas escolas dependeriam muito de quem as formasse. Mas isso é o que já acontece hoje. É natural que onde estou a coisa não seja tão boa, com a gestão que lá está. É natural que no D. Maria o sucesso seja contagiante. Continua a ser válida a ideia de que só se pode ajudar quem quer ser ajudado. Só aprende quem quer. Por muito que do outro lado esteja quem queira ensinar (sim, muitas vezes também não está).
Já tivemos a solução. A escola dos anos 80. A escola anterior. Onde havia disciplina e regras. Onde só passava quem estudava. Onde a legislação valorizava o mérito e a "ciência" da educação não tinha ainda conseguido infectar com o vírus da desculpabilização. Onde havia ensino profissional exigente e de qualidade.
Argumentos contra? A escola de então era de elites. Hoje é de massas. A distinção entre ensino "regular" e "profissional" é geradora de desigualdades. Meras opiniões. O facto é que o ensino piorou. Significa que foi melhor. Logo, poderíamos começar por voltar ao que já foi. E melhorar a partir daí.

Walk the line

Depois de ver o Walk the line, filme sobre a vida (ou parte dela) de Johnny Cash, mudo o meu voto de melhor actriz principal (desculpa Keira, desculpa). Reese Witherspoon tem um papel excelente e merecedor de uma estatueta dourada. Já agora, o mesmo vale para Joaquin Phoenix. Mas se tiver que ser só um deles, que seja ela. O filme é excelente. A propósito, ouvi dizer que o Zé Pedro, o famoso, o dos Xutos, adorou.

sexta-feira, março 03, 2006

Sucesso


Alguém me consegue explicar o fenómeno Gonçalo M. Tavares? É verdade que só li uma obra (O Senhor Valery) mas gostava de entender o porquê de tanto sucesso. É mesmo genial e eu não passo de uma básica? Pois, deve ser isso...

quarta-feira, março 01, 2006

Gripe das aves


Saquei a imagem daqui.


As árvores ainda estão despidas.
Mas sinto que já não falta muito para se encherem de flores e alegrarem os dias.