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segunda-feira, março 06, 2006

oscars 2

Guida, excelente imagem. Se o oscar fosse assim, haveria ainda melhores actores (à excepção do Keanu Reeves).
Realmente não dei a minha opinião sobre a entrega das estatuetas. O problema é que não vi grande parte dos filmes nomeados: falta-me Capote, Memoirs of a Gueisha, Brokeback Mountain e as animações. Acabei de ver o Crash e, sinceramente, não creio que mereça oscar de melhor filme. Mil vezes Matchpoint, infelizmente fora da lista, porque agora é moda não gostar de Woody Allen. Cem vezes Walk the Line. Dez vezes Munich.
A Academia tem sempre algum receio politicamente correcto. Não foi a extremos, como diz o Pedro Mexia (injusta a crítica dele a Reese Witherspoon, mas o mal dos europeus é que não percebem os americanos, por muito que leiam e vejam cinema - não foi um discurso do Barreiro, se houve um do género foi o da gang que ganhou o oscar de melhor canção). Por isso, a Academia não deu as estatuetas todas a uma só minoria (os cowboys gays), mas a todas as minorias. Crash é um discurso sobre todas as minorias e a forma como elas se fundem e chocam (daí o título) nas cidades americanas. Está lá tudo, o polícia racista e o bom polícia. O casal interracial (sempre negro com branca, nunca o contrário). O negro que é racista e que se converte. O branco que não é racista e que mata o negro que age como branco porque não o considera real. Os conflitos entre minorias, todos com o ponto comum de se afirmarem americanos contra os outros. As dificuldades de todos em se reconhecerem, porto-riquenhos confundidos com mexicanos, iranianos confundidos com árabes, cambodjanos confundidos com chineses. Crash acaba por ter um discurso sobre preconceitos também ele preconceituoso. Um pouco como o Beleza Americana.
Sobre o oscar de melhor actor não posso ajuizar. Sobre o de melhor actriz, está bem entregue. O desempenho de Reese Witherspoon é difícil. E não se apaga ao lado do de Joaquin Phoenix. Keira Knightley esteve linda no Pride and Prejudice, mas não chega. É mais fácil. Como, apesar de tudo, não é preciso assim tanto para Felicity passar por um homem ou uma mulher que quer ser homem. Judy Dench, convenhamos, já ganhou o que tinha a ganhar e nunca foi opção.
Quanto à animação. Conhecendo o trabalho de Tim Burton e, por outro lado, a obra Wallace and Gromit, a estatueta ficaria bem em qualquer um deles. Tim Burton, apesar de tudo, é capaz de ter sido menos original (dado o que sempre se espera dele, obviamente). E aqueles bonecos de plasticina do Wallace and Gromit são fantásticos. Lembram Vasco Granja e as animações checoslovacas e polacas dos anos 80.
Memoirs of a Gueisha levou vários oscars, sobretudo de imagem. Com um tema ligado ao oriente, sobretudo ao Japão, era de prever. Não há cores como na terra do sol nascente.
Na banda sonora, destaca-se a dupla nomeação de John Williams (que, se bem me recordo, já ganhou o oscar com o trabalho no Shindler's List). Desta vez não ganhou. Outro dos derrotados foi Alberto Iglesias (habitual colaborador de Almodovar). Assim sendo, e não tendo ainda ouvido a banda sonora vencedora (Brokeback Mountain), se venceu estes nomes é porque está mesmo boa.
Fora isto... A cerimónia foi divertida, elegante, educada. Sem estremas idiotices (tirando o momento Ben Stiller). Ao contrário do Pedro Mexia, acho que as montagens estavam sofríveis. Podiam ter feito melhor selecção de imagens e de filmes. Havia mais. E melhor. Momentos bons? O de Robert Altman e o da apresentação do prémio a Robert Altman, com Meryl Streep no seu melhor papel dos últimos tempos. Ah, claro, e o da presença deslumbrante de Nicole Kidman, Jennifer Lopez, Keira Nightley e Jessica Alba.

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