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quarta-feira, janeiro 30, 2008

O Ghetto

"O fundamentalismo odeia os mais simples prazeres da vida. Só pensa a vida em termos de vícios, ghettos e repressão. É ele que polui o mundo.Contra esta jihad, afirmemos os benefícios do tabaco. Por muito mal que faça, o certo é que a mortalidade infantil nunca foi tão baixa e a duração média da vida humana aumentou tanto que até põe os mais sérios problemas à Segurança Social... "

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Outra leitura

Terminei o Pirandello. Foi uma surpresa. Por mais que uma vez que tive a sensação de estar a ler um livro do mesmo autor deste, que li vai pra mais de 15 anos. Gostei da intriga, do suspense, do recato que agora não existe, do desenlace e do humor. Sem dúvida, um autor a repetir.
Entretanto ofereceram-me um livro de auto-ajuda e que pelos visto é um grande sucesso em todo o mundo. Não costumo ler este livros, devido ao meu cepticismo. Mas este vou ler (já comecei, numa curta viagem de comboio), sobretudo por respeito a quem mo ofereceu. Além disso, nunca se sabe...
No fim de semana, aproveitando o tempo sereno e ameno que se fez sentir por estas bandas, fomos à serra no sábado, onde nos deleitámos com a paisagem e aproveitámos para conversar enquanto a criança dormia. Ainda li algumas páginas do Pulido Valente, mas foi ontem, numa bela manhã de praia que avancei por essas páginas que contam a resistência dos portugueses às invasões francesas. Tudo se pode dizer do VPV, mas que é um grande investigador/historiador/escritor, ninguém pode desmentir. Amargo como os limões, mas isso é outro pormenor.

jornada


Submarino amarelo ao fundo. Real Madrid 3 Villareal 2. Villareal a 15 pontos, barcelona (1-1 com o Athletic de Bilbao) a 9. Imaginem se o Real jogasse "bem".

*

Bem, a julgar pelo comentário de jesualdo e dos jogadores, jogou o fcp: "mostrámos porque somos os primeiros", "fomos sempre superiores", "não houve demérito nosso", e a sempre famosa "sorte e felicidade do adversário." Nada arrogante esta postura - quando ganhamos ganhamos com mérito, quando perdemos os outros tiveram sorte. É sorte jesualdo ter mudado a táctica para um 4-4-2 que pretendia controlar o meio-campo e só ter corrigido o erro depois de estar a perder 2-0? O frango de Helton que, recorde-se, não é o único do seu aviário pessoal (basta lembrar o jogo com o Chelsea no ano passado), é sorte? A este propósito Helton disse que não foi um frango porque a bola "vinha rápida", mas a velocidade do remate, presumo, é também fruto da sorte. O bom jogo defensivo dos jogadores do Sporting, que fez com que o Porto não criasse oportunidades de verdadeiro perigo a partir do 70 minutos é fruto de sorte? Os 2 golos em 4 oportunidades de perigo também são sorte? Pois seja... Mas já dizia Fabio Capello, futebol não é um casino.

*

Como não podia deixar de ser, o árbitro parece que também foi responsável pela derrota do FCP. Curiosamente, jesualdo não se lembrou de falar do árbrito quando ganhou 1-0 no dragão depois daquele absurdo livre indirecto.

o embrulho


Acusado de não ser de esquerda, sócrates foi a Alcochete (e não por acaso a Alcochete) discursar. No púlpito, perante uma plateia de socialistas, apresentou-se de negro e castanho, sem gravata (só lhe faltavam os remendos nos cotovelos e a gola alta para parecer um verdadeiro "camarada") e com a bandeira vermelha do punho fechado atrás de si. Felizmente a tv não permitiu que se sentisse o cheio a naftalina e se vissem o buraco das traças.

*

Este Sábado, Júlio Machado Vaz esteve em Baião para falar de amor romântico. A dada altura, falou da forma como a nossa sociedade actual transformou os sentimentos num jogo de aparência - ou seja, já não importa sentir e amar, mas é preciso mostrar que se sente e se ama da forma correcta. Daí as prendas de S. Valentim, os jantares e os destinos românticos, sempre exóticos e sempre caros. E ouvia eu falar desta sociedade de aparência e não pude deixar de pensar que só uma sociedade assim era capaz de ter um político como sócrates. O actual primeiro-ministro é totalmente oco por dentro, quer em inteligência, quer em moral e honestidade política (o catálogo das suas promessas incumpridas fala por si) e é um mero produto de imagem trabalhado pelas agências de comunicação tão em baila ultimamente. Por isso (ou melhor, também por isso) é ridículo colocar sócrates ao nível de Santana. Este recusa-se a ser uma marioneta. Pensa e age por si. Goste-se do que Santana pensa ou diz ou faz, sabemos que é genuíno, autêntico, sincero. De sócrates não podemos, de modo nenhum, dizer o mesmo. O primeiro-ministro é uma prenda da loja dos trezentos embrulhada em papel colorido, às vezes rosa, às vezes vermelho, consoante o destinatário da prenda. Mas não passa disso, um embrulho que ilude. E esconde. Mas parece que a ilusão de muitos dos que quiseram abrir o pacote está a passar. O incompreensível é pensar que se deixaram iludir por algo tão ... enfim, por um embrulho.

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Nazismo e anti-tabagismo



"brother national socialist, do you know that our Führer is against smoking and think that every German is responsible to the whole people for all his deeds and emissions, and does not have the right to damage his body with drugs?"

(frase retirada de uma revista alemã do tempo do III Reich)


"Thanks to the Ministry of Science and Education, and the Reich Health Office, posters were produced depicting smoking as the typically despicable habit of Jews, jazz musicians, Gypsies, Indians, homosexuals, blacks, communists, capitalists, cripples, intellectuals and harlots. Zealous lobbyists descended into the schools, terrifying children with tales of impotence and racial impurity."


"Germany had the world's strongest anti smoking movement in the 1930s and early 1940s,supported by Nazi medical and military leaders worried that tobacco might prove a hazard to the race. Many Nazi leaders were vocal opponents of smoking. Anti-tobacco activists pointed out that whereas Churchill, Stalin, and Roosevelt were all fond of tobacco, the three major fascist leaders of Europe-Hitler, Mussolini, and Franco-were all non-smokers. Hitler was the most adamant,characterising tobacco as "the wrath of the Red Man against the White Man for having been given hard liquor.""

delírios autistas

"Está a mudar a gestão, designadamente dos recursos humanos, em particular dos docentes, com o novo estatuto da carreira, para os ter mais qualificados, motivados e envolvidos no quotidiano escolar."
(maria do lurdes, ministra da deseducação, sobre os efeitos do seu trabalho)

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Toda a Europa atrás de Quaresma

Um dia depois de o contrato com o FC Porto ter sido alargado até 2011, Quaresma surgiu em grande destaque na Imprensa desportiva espanhola. O extremo portista é apontado ao Real Madrid no contexto de ser a alternativa a Cristiano Ronaldo, um sonho quase impossível dos merengues devido aos números que a transferência envolveria e à pretensão de o Manchester United não deixar sair o craque português.
Assim, Bernd Schuster já terá pedido ao presidente Ramón Calderón que inicie as negociações por Quaresma, tendo-lhe justificado que o futebol pouco atractivo do Real Madrid, apesar da liderança, se deve à ausência de um extremo que jogue pela direita, ou seja, um novo Figo. Ora Quaresma, já se sabe, pode fazer qualquer lado do ataque.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

O antitabagismo e o Nazismo

"Em 1999, o historiador Robert Proctor publicou um livro que merecia tradução entre nós. Intitula-se 'The Nazi War on Cancer' e Proctor pretende mostrar como a Alemanha nazi foi pioneira em certas políticas para a saúde que hoje se instalaram entre nós. E, a título de exemplo, Proctor investiga as campanhas antitabágicas do Reich, destinadas a apresentar o fumador como um ser vicioso e infecto, capaz de por em risco a pureza da utopia racial alemã. Utopia: eis a palavra. Porque aquilo que distingue os totalitarismos do século XX é a crença basilar de que é possível produzir um homem novo e perfeito. E um homem novo e perfeito não fuma, não bebe, não come o que não deve. E, já agora, não é judeu, nem cigano, nem homossexual, nem polaco. A natureza totalitária destas ideologias redentoras começa na subjugação do indivíduo a um ideal de perfeição.
É por isso estranho que algumas sumidades tenham aparecido recentemente a denunciar a forma como as palavras 'fascismo' e 'totalitarismo' são usadas para combater o antitabagismo corrente. As sumidades não apreciam o exercício e pedem respeito pelas palavras. Como é natural, as sumidades respeitam as palavras mas não entendem o que elas encerram no seu significado mais profundo. E acreditam que 'fascismo' e 'totalitarismo' designam coisas 'sérias' e não, como sucede, a aplicação de um ideal higiénico sobre a raça humana. Ler Robert Proctor talvez desfizesse tanta seriedade. Mas o mais provável era as nossas sumidades desatarem a insultar o historiador."
(J. Pereira Coutinho, no Expresso)

terça-feira, janeiro 22, 2008

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Curiosidade: Real Madrid faz a melhor 1ª volta em Espanha dos últimos 20 anos

"El Madrid, [...] firmó la mejor primera vuelta de cualquier equipo de la Liga española en los últimos 20 años y la sexta mejor de la historia. El balance de resultados es extraordinario: quince victorias, dos empates y dos derrotas, exactamente igual que el conseguido en la campaña 87-88 por el equipo blanco entrenado por Leo Beenhakker y liderado por la Quinta del Buitre [Butagueno].
Además, el Madrid ha establecido un nuevo récord de puntuación en una Liga de 20 equipos. Ha sumado 47, superando los 46 del Barcelona de hace dos años.
Las seis victorias con las que el Madrid ha rematado la primera vuelta le han permitido adquirir una ventaja de siete puntos sobre el segundo clasificado (el Barcelona) en el ecuador liguero, con lo que también ha igualado el récord liguero en este apartado. Y no hay que olvidar que la mayor ventaja desaprovechada por el Madrid en la segunda vuelta después de ser campeón de invierno fue de tres puntos, en las temporadas 59-60 y 91-92."
(AS)

Porto: Livraria Lello eleita a 3ª mais bela do mundo


A Livraria Lello, no Porto, foi eleita a terceira mais bela do mundo, pelo jornal The Guardin, que a considera «divina». Contudo, a antiga igreja de Maastricht, na Holanda, transformada na casa dos livros, é a que aparece no topo da lista.


«É um motivo de orgulho para os portugueses e aumenta as nossas responsabilidade, afirmou o proprietário da Lello, Antero Braga, na edição desta quinta-feira do Diário de Notícias. Contudo, «construída de raiz», não conhece nenhuma tão bonita, referiu o responsável.
Antero Braga destaca dois estabelecimentos, que se aproximam do seu, nomeadamente El Ateneo, na Argentina, que a publicação britânica colocou em segundo lugar, e a Rizzoli, nos EUA. Apesar de tudo, os dois espaços foram transformados, não tendo sido, desde sempre, habitados pelos livros.
Fundada em 1906, a livraria da Rua das Carmelitas, frente à Torre dos Clérigos, estende-se por dois andares, mantendo a traça original. O edifício, projectado por Xavier Esteves, foi construído em estilo neogótico e as enormes estantes iluminadas albergam cerca de «120 mil títulos diferentes», em várias línguas.
«É com pequenos pormenores», diz Antero Braga, que uma livraria tradicional resiste à concorrência das grandes superfícies e dos grandes grupos livreiros. «Temos clientes em Lisboa, no Algarve e Brasil», porque «nunca dizemos que o livro está esgotado, apenas não o temo de momento», mas «o cliente tê-lo-á nas mãos dentro de dias».


Para quem não conhece vale a pena visitar...

Curiosidade...FCP tem a melhor Defesa da Europa

O F.C. Porto é a melhor defesa do continente europeu, com uma média de 0,31 golos sofridos por encontro. Apesar da saída de Pepe para o Real Madrid no último defeso, os dragões conseguiram manter elevado o nível de segurança no último sector da equipa, sofrendo apenas cinco golos em 16 encontros da Bwin Liga, esta temporada.
O conjunto de Jesualdo Ferreira só tem paralelo na Europa na Bulgária, onde o CSKA de Sófia consentiu o mesmo número de golos em menos um encontro realizado. O Panathinaikos, de José Peseiro, e o Bayern de Munique seguem de perto os portistas, bem como o Arsenal, uma verdadeira máquina de futebol ofensivo.

As melhores defesas da Europa:
01. F.C. PORTO (PORTUGAL), 5 golos/16 jogos (0,31 de média)
11. BENFICA (PORTUGAL), 9/16 (0,57)
25. Real Madrid (Espanha), 14/19 (0,74) ...a falta que o PEPE faz à equipa...

Real eliminado...porque será?

Os 900 mil euros por cabeça prometidos pelo presidente Ramón Calderón caso a equipa do Real Madrid conquistasse a Liga dos Campeões, a Liga espanhola e a Taça do Rei ficaram "congelados". O Real falhou a tripla, perdendo ontem em casa perante o Maiorca que já tinha vencido na primeira mão. Com Pepe de fora, e com Nunes a não sair do banco da equipa balear, o Real fez mais do que o suficiente para virar a eliminatória a seu favor, mas esbarrou num opositor bem organizado e com a sorte pelas costas.

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Coetzee

Life and Times of Michael K - vencedor do Booker Prize de 1983, surgiu agora nas prateleiras portuguesas, pela mão da D. Quixote, com o título de A Vida e o Tempo de Michael K (mais barato na Bertrand ou na Fnac). Foi com este livro que me despedi de 2007 e entrei em 2008. Uma narrativa passada em tempo de guerra, na África do Sul, mas onde os grandes eventos trágicos surgem apenas pela forma como condicionam a vida de duas personagens "insignificantes", mãe e filho. Ele, Michael, nasceu com uma deficiência física no rosto que, ao olhar dos outros (e de nós. leitores) o deixa também sob a sombra de uma hipotética deficiência mais profunda. Ao lermos o livro, ficamos com a ideia de que Michael vai gradualmente abandonando o mundo. Mas, na verdade, foi o mundo que se começou a alhear dele. Michael cresce, é educado no que se presume uma casa de acolhimento e vai ganhando a vida em Joanesburgo como jardineiro. Quando a mãe adoece e lhe diz que quer morrer na quinta onde nasceu (imaginada à luz dourada da recordação como um paraíso perdido, um tempo de inocência anterior à guerra e à solidão urbana), Michael demite-se e decide levar a mãe, já inválida, para morrer onde fora verdadeiramente feliz. A mãe morre no caminho, depois de ser assistida num hospital, e Michael termina a viagem com um frasco de cinzas e uma ainda menor ligação com o mundo. A última raiz foi arrancada. Michael acelera o seu processo de transformação num "selvagem", a descrição que Coetzee faz da sua luta pela subsistência fez-me pensar nas origens da humanidade, mas sem o elemento de grupo que habitualmente consideramos quando pensamos nos homens pré-históricos.
Em termos globais, não é o melhor livro de Coetzee (Youth, Idade do Ferro e Desgraça, por exemplo, são melhores), mas a escrita clara continua presente, uma escrita de fazer inveja e de causar admiração não pelos jogos barrocos de linguagem, mas precisamente pela simplicidade com que nos consegue fazer sentir a história.

terça-feira, janeiro 15, 2008

A eternidade e o desejo



Depois de terminar o livro do Miguel Real, peguei no último da Inês Pedrosa, que se encontrava na pilha de livros a ler brevemente. Já o tinha há algum tempo, foi presente de Natal da S., comprado com muita antecedência. Abri a 1ª página e fiquei surpresa. Por momentos tinha esquecido que tinha um autógrafo da autora. Foi numa apresentação que ela veio fazer ao casino da Figueira, em que mostrou o seu lado generoso e afectuoso. Gostei de reler aquelas palavras, que me pareceram mesmo dirigidas a mim e lembrei o pequeno diálogo tivemos naquela tarde chuvosa no início de Dezembro.


Depois comecei a leitura do texto. Sempre com o mesmo sentimento que tenho quando leio um livro da Inês. Com vontade de o "poupar", de tudo sublinhar, por achar tudo tão perfeito, com muita poesia.

Disse ela na apresentação, que agora tinha começado a escrever poesia. Achei tão lógico, visto ela já escrever uma prosa tão poética.
A eternidade e o desejo é um romance do outro lado do atlântico e que nos faz entrar nos textos maravilhosos do Padre António Vieira. De facto, tudo o que escreveu está repleto de sabedoria, lucidez e actualidade, e custa a acreditar que são do longíquo século XVII.
Terminei o livro com essa angústia que tantas vezes me agarra, a de ter a certeza que não terei tempo para ler um décimo dos livros que gostaria. A vontade agora era pegar nos Sermões de Vieira, mas na pilha está o Pirandello...

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Instalação da biblioteca de josé sócrates


A biblioteca ideal para um homem em que tudo é imagem, tudo é máscara, tudo é faz-de-conta. Flat, uma fila de lombadas sem páginas, sem palavras, sem leituras, assim como ter um diploma sem ter os conhecimentos correspondentes.

SCP... mais um flop

O que dá pena é ver um clube como o Sporting reduzido à triste figura que está a fazer. É pena as pessoas não me ouvirem. Há tanto tempo que ando a dizer que o P. Bento não é treinador nem de CM, quanto mais de um clube de futebol. Sempre a mesma iluminada substituição, trocar o lateral esquerdo (!) por um jogador chamado Pereirinha (!!). Os jornalistas, sempre coniventes ou medrosos, têm também a sua culpa. São incapazes de criticar os clubes e os jogadores medíocres por medo de represálias (basta lembrar as agressões constantes sofridas mais habituais para o lado do dragão e antigas antas, mas não exclusivas da Palermo portuguesa para se perceber como a coisa funciona). Por esse motivo, jogadores de má qualidade são elevados à categoria de "grandes jogadores": João Moutinho, Romagnoli são os principais exemplos, entre muitos. Do actual plantel do Sporting, há 4 jogadores com qualidade para estarem neste clube: Liedson, Polga, Veloso e Tonel. Abel e Stoikovick são suficientemente esforçados ou jovens para serem bons suplentes. O resto é de uma pobreza desconcertante. Claro que disso o Porto ou o Benfica não têm culpa, mas os actuais dirigentes e o treinador do Sporting. E é absurdo ouvir Soares Franco proibir os jornalistas de colocarem em causa o lugar de P. Bento. O próprio P. Bento, agarrado ao lugar como uma lapa, se deveria retirar. Afinal, foi ele que declarou, no início da época, que estava satisfeito com o plantel que tinha. Foi ele que atirou Stoikovick para o banco para o substituir por dois guarda-redes menores (Patrício e Tiago). É ele que insiste em colocar Farnerud, Moutinho, Romagnoli na equipa. Pode dizer-se que não tem mais ninguém, mas se não tem é por culpa própria. A não ser que tenha faltado à verdade quando disse que tinha a equipa que queria. De ambas as formas, deve assumir a culpa, retirar-se para que se façam novas eleições (a queda destes treinador deve implicar a queda da direcção que o sustenta de forma fundamentalista).
Um novo presidente (Eduardo Bettencourt) e um novo treinador (estrangeiro - sugiro Fernandez, Trappatoni ou o regresso de Boloni, acessíveis ao orçamento leonino) começariam já a preparar a nova época, que deverá também implicar a saída de grande parte do plantel (presumivelmente a caminho de Paços de Ferreira, Académica, Estrela da Amadora e aeroporto da Portela).
Duvido, no entanto, que isto aconteça. Como tal, resta-me saborear o merecido empate da Briosa ontem (raramente comemorei um golo da AAC com tanta alegria) e ver futebol a sério em Espanha.
*
A propósito de Espanha, acho engraçado ouvir os adeptos do FCP a dizer que o seu clube deveria jogar em Espanha. Lembra-me o caso do Celtic e do Rangers. Estes clubes escoceses diziam que estavam muito acima das restantes equipas do seu país (um facto indesmentível) e queriam jogar na Premier League. Alguém esclarecido lhes terá recordado que, se isso acontecesse, não passariam do meio da tabela e, consequentemente, deixariam de ter presença na liga dos milionários. É bom que o FCP se lembre disso. Porque com o plantel que tem, em Espanha estavam a meio da tabela, a ver Real, barcelona, Atlético, Espanhol, a vinte ou trinta pontos de distância, na companhia do Múrcia ou do Getafe. Até porque, como se sabe, em Espanha os árbitros já têm equipa (equipam de azul e vermelho).

domingo, janeiro 13, 2008

FCP...mais um tri


Até dá pena ver o meu clube jogar num campeonato e num país como este...11 pontos...por mim poderia acabar agora o campeonato. Somos muito superiores às restantes equipas. Resta-nos lutar pela Champions...e equipa temos nós para isso.


"Três dísticos à porta de um café: proibido fumar, proibido entrar com animais, proibido estar de tronco nu. Lá dentro: vários avisos sobre diversas proibições, obrigações e imposições a propósito de salgados, bolos e bebidas, sempre com referência ao decreto lei correspondente. Tudo isto apenas para tomar um café. Numa sociedade onde eu goste de viver, o Estado cobra impostos e devolve-os, redistribuindo-os em saúde, educação, transportes públicos, espaços verdes ou apoio aos desempregados. E deixa para os cidadãos a auto-regulação do seu quotidiano, legislando apenas quando o desequilíbrio de poderes transforma a liberdade do mais forte numa imposição a todos. Nem sempre as duas coisas são fáceis de conjugar. Como impedir uma minoria poderosa de impor a sua vontade sem criar um Estado omnipresente?
Mas temos conseguido o oposto: quando mais o Estado abandona as suas funções sociais e deixa de intervir como árbitro em relações de poder desiguais (como as do trabalho), mais aumenta a sua presença no quotidiano dos cidadãos. Faz sentido. Se o Estado não quer gastar dinheiro com a nossa saúde ou nos deixa morrer ou limita a nossa liberdade. Se o Estado não quer planear as cidades ou dar apoio social põe um polícia em cada esquina. Uma sociedade que desiste do ideal igualitário não pode confiar na liberdade dos seus cidadãos. Eles estão demasiado zangados. Aquilo a que assistimos nos últimos anos em Portugal é um excelente retrato do que nos espera: o mesmo Estado que fecha urgências quer convencer-nos a deixar de fumar. O mesmo Estado que não nos protege do despedimento arbitrário protege-nos dos perigos da bola de Berlim. Não se espante por isso o presidente da ASAE que a sua cigarrilha lhe possa custar o lugar. Quando políticos e burocratas não têm nada para oferecer aos cidadãos resta-lhes dar o exemplo, distribuir virtude e cobrar coimas."

Lei do tabaco

Só alguém com sérios problemas mentais poderia ter feito esta lei. E só uma Assembleia de deputados incompetentes e sem coragem nem vontade própria a poderia ter aprovado. É uma lei à medida de um país de polícias e de eunucos. Chamada a resolver uma situação em que se tratava de proteger os não-fumadores do fumo passivo, obrigando à criação de áreas específicas para fumadores, o legislador não esteve com meias medidas e quis lá saber se os fumadores tinham ou não alguns direitos também. [...]
Já andam para aí alguns zelotas preocupados em que a lei possa não ser cumprida em todo o seu rigor. E alguns descendentes mentais dos antigos 'bufos' da PIDE já se encarregaram de telefonar à polícia a denunciar fumadores. E a polícia lá acorreu, pressurosa, para reprimir à nascença a difusão deste odioso crime - que é o único não previsto no Código Penal e fomentado pelo Estado.
E lá, do seu pedestal […], de crachá pendente do cinto das calças e ar ameaçador […], já afia o dente António Nunes, o presidente dessa nova polícia chamada ASAE, cujos agentes se apresentam de camuflado negro e em estilo de brigada antiterrorista para inspeccionar restaurantes e cafés do país e agora mobilizada para o combate a este novo crime.
A lei, aliás, parece feita de encomenda para o senhor da ASAE. O homem que promete acabar de vez com as bolas de Berlim nas praias, os pastéis de bacalhau nas tascas e os doces de fabrico caseiro nos cafés, que jura guerra às colheres de pau nas cozinhas e que promove um mundo totalmente plastificado - colheres, copos, luvas, embalagens para tudo - e que suspira filosoficamente que a "dura lex, sed lex" o vai obrigar a fechar metade dos restaurantes do país, não podia ser mais adequado a esta nobre tarefa de perseguir os fumadores em todas as feiras, chafaricas e recantos do país profundo. […]
[…] temos a ASAE e o seu exército de camisas negras com as narinas devidamente treinadas para cheirar qualquer resquício de fumo a léguas de distância. E temos os eternos 'bufos' disponíveis para denunciar nem que seja o velhote que há anos se senta na mesma mesa da tasca do bairro para jogar dominó com os amigos e acender um cigarro para queimar o frio e a tristeza. A tristeza por viver num país onde se respeita tão pouco a liberdade dos outros.
Miguel Sousa Tavares, Expresso

A ler


"Num caso e noutro, o referendo e o aeroporto, os governantes mentiram, desdisseram-se, negaram o que tinha afirmado, mudaram de opinião e de certezas, voltaram atrás, disseram que não tinham dito, não era bem assim, só queriam dizer que era isto e não aquilo... Neste exercício de garantir o que não é evidente para ninguém e de negar o que disse e prometeu, Sócrates foi absolutamente excelente. Revelou a convicção de um vendedor de persianas. Portou-se com a inocência de um escuteiro. Sócrates está convencido de que pode vender o que quiser a quem quer que seja. Basta ele falar, controlar a informação, negar a evidência, garantir as suas certezas e elogiar o produto!Como os governantes não mudam de estilo nem de sistema, a não ser que a isso sejam forçados, já não vale a pena esperar pelos efeitos correctores desta semana nos seus comportamentos. Mas a população assistiu. Viu. Pôde tirar conclusões. Se, como os animais, os homens aprendessem com a experiência, esta semana teria sido gloriosa. Ficaria na história como um dos momentos altos de aprendizagem da arte de ser governado. Perder-se-ia rapidamente a confiança em Sócrates. Este Governo teria o desfavor público. A competência técnica, a seriedade e as promessas do Governo passariam a ser motivo de gargalhada e desprezo. Infelizmente, parece que os homens em geral e os portugueses em particular não são como os animais. Não aprendem." (Barreto)


"Entretanto, o país cai, o pessimismo dos portugueses cresce e a economia está praticamente em coma. O ano de 2008 vai ser mau e, provavelmente, péssimo. O cidadão comum sabe que depende do preço do petróleo e do que suceder na América e em Espanha. A insegurança é grande. O que, em princípio, prejudicaria Sócrates. Mas não. Sócrates vive da insegurança. Cada vez que lhe chamam autoritário, cada vez que (justamente) o acusam de pôr em perigo a democracia e a liberdade, os portugueses, como de costume, agradecem a existência providencial de um polícia. Um polícia que manda e que proíbe; e que fala pouco. Não querem a barafunda por cima da miséria; e preferem a miséria à barafunda. Num mundo instável e confuso, Sócrates sossega. O resto é acessório." (Vasco Pulido Valente)

citados aqui.

*

Textos excelentes para uma aula de cidadania. Amanhã, que é Segunda-feira, à hora de sempre e na sala de sempre.

de baixo nível


Não é possível qualificar de outro modo a atitude rastejante dos dirigentes do barcelona de retirar a cruz do seu emblema para entrar no mercado muçulmano. Quer o façam por motivos meramente económicos, quer o façam por pura cobardia, ambas as hipóteses revelam falta de nível e de respeito pela sua instituição. Eu, se fosse adepto desse clube (algo tão improvável como ser militante socialista), sentiria vergonha e certamente escolheria outro clube com dirigentes mais dignos. É inconcebível pertencer a uma instituição que não respeita os seus próprios símbolos, a sua própria identidade, por pura cobardia ou por meros interesses económicos. É como ter vergonha do próprio nome. Ainda por cima para agradar a quem é. Pois se os "muçulmanos" se sentem ofendidos por uma cruz no emblema, isso é problema deles. Ou deveria ser. Duvido que clubes como o AC Milan (este "claramente de outra divisão"), o Belenenses ou o Paços de Ferreira descessem tão baixo.





Sorrisos bonitos, para que servem afinal?


Tantas vezes me disseram "tens um sorriso lindo" um instante antes de virarem costas e desaparecerem. Seria uma forma de se despedirem? E o sorriso no meio do adeus, o que é, afinal? Gaivotas que riscam círculos brancos no céu sobre o navio que parte? O lenço que se agita? A mão que acena? Os violinos que enchem a sala na última dança, prolongando a música, fazendo-a quase (quase) eterna nos corações? A lágrima que não escorre por vergonha ou timidez? Ou será o sorriso a carga que levam na mala, a recordação de mim que serve sobretudo para embelezar o passado, de forma que possam olhar para trás sem lamentos, pensando "foi bom" só porque o meu sorriso lhes era oferecido e os seus corações ficavam felizes, sorrindo também entre duas batidas?

A verdade é que não sou uma estátua sentada a sorrir, branca, esquecida no canto de uma sala. Há momentos em que o que menos quero é sorrir, em que o que menos preciso é de sorrir. Só que nesses momentos que vos acontece? Perguntam por mim e a mim parece-me que não perguntam por mim, mas pelo meu sorriso. É preciso sorrir, mesmo que esteja triste, o sorriso é a aspirina da alma, toma-se e já está, tudo passou, tudo está bem. Não é verdade. Há momentos em que a dor é tão grande que o que vocês tomam por sorriso é um esgar de dor contida, amordaçada. Mas como o que se vê é quase um sorriso, todos satisfeitos e muda-se de assunto. Assim, sem mais.

Tantas vezes vos disse, claro que sem falar, que o sorriso era um grito, que se era bonito era porque todo ele foi esperança e sonho e agora é um pouco menos, é esperança e sonho de voltar a ser o que era. É confuso, eu sei. É confuso como é confuso tudo isto cá dentro, por detrás do sorriso onde pára o vosso olhar.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

"determinar a imprescindível desinfecção do cu da galinha"




"Uma coisa é reprimir infracções verificadas (falta de limpeza, mixórdia, deterioração, gato por lebre, fuga ao fisco...) e responsabilizar exemplarmente os seus autores, outra é querer preveni-las em absoluto e em abstracto, metendo insensatamente no mesmo saco tanto o que pode ser muito grave como o que não tem importância nenhuma. Uma coisa é o controlo de regras básicas de higiene e segurança alimentar, outra o vezo inquisitorial sem critério ou discriminação, em nome do politicamente correcto, da rastreabilidade e do Estado da colher de pau.

A carne fica oito a dez dias em vinha de alhos, numa receita de Lamego; a perdiz é de comer "com a mão no nariz"; a caça não sai propriamente dos matadouros; a temperatura das mãos que amassam certos queijos artesanais é determinante da sua qualidade; há vinhos que envelhecem em barricas de madeira de há muito impregnadas; a culinária caseira, só viável como actividade de subsistência se fornecer restaurantes (o que, aliás, o fisco pode sempre controlar), é um repositório riquíssimo que inevitavelmente se perderá se não puder continuar nos termos em que existe; e assim por diante...

Se tudo isso e muito mais for proibido, ou plastificado, liofilizado, higienizado até ao ridículo, nem por isso aumentará a segurança alimentar, mas em compensação dar-se-á uma destruição obstinada e sistemática do património cultural e do tecido económico.Esse fundamentalismo de sinal totalitário tem tanto de delirante como de missão impossível. A menos que, um dia destes, a ASAE resolva mandar os clientes andarem sem sapatos nos restaurantes e criar uma inspecção para o teor dos sulfatos de peúga; verificar com uma zaragatoa, à entrada, a limpeza das mãos deles e se trazem as unhas de luto; impor uma lavagem do dinheiro em espécie e dos cartões de crédito antes de entregues para pagar a conta; proibir toalhas e guardanapos de pano nas mesas; obrigar os empregados a usarem escafandro e o cozinheiro a encapuzar-se para evitar que espirre para cima do esparguete; e, last but not least, determinar a imprescindível desinfecção do cu da galinha antes de ela pôr os ovos..."

Enfim...

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O M.E. faz uma auto-avaliação positiva do seu trabalho em 2007. Se dúvidas havia sobre a total incapacidade do M.E. para avaliar o que quer que seja, presumo que estejam agora postas de lado.
*
Falar dos cursos ditos profissionais (não são...) como algo de positivo também já não merece comentários.
*
Mas é de sublinhar a modernização "física e tecnológica" das escolas. Onde? Em que escolas? Será que aqui se passou assim e andamos todos distraídos? Vamos fazer uma listagem, para não sermos injustos.
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modernização física:
- foram pintadas duas paredes;
- há um balcão novo na reprografia;
- há um balcão tipo talho no bar da sala dos profs;
- deixou de haver sala de fumadores;
- um pavilhão a cair de velho foi entregue pela câmara para aulas de E. Física;
- há duas novas salas, ambas sem quadro onde escrever (porque os quadros de giz foram retirados e não há ainda quadro branco);
- duas arrecadações foram transformadas em sala de electricidade (as máquinas grandes são montadas na rua por falta de espaço) e de música;
- a biblioteca tem portas novas e aguarda estantes, embora continue sem verbas para livros;
- os funcionários têm batas novas;
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modernização tecnológica:
- a escola tem 2 quadros interactivos sem o software que permita a sua utilização;
- a escola tem vários pcs com linux (permitindo a desconfiguração automática dos trabalhos feitos em casa em office);
- há um portão automático;
- há uma rede de internet sem fios que não se pode utilizar nos portáteis pessoais porque ninguém tem acesso ao código;
- não há equipamento para um aluno com paralisia cerebral porque, segundo consta, para o ministério, "era demasiado caro";
- há cartões electrónicos que só funcionam quando são accionados à entrada, numa máquina que está à chuva (muito prático para os alunos fazerem fila à espera de vez quando descem dos autocarros);
- há uma plataforma moodle que praticamente ninguém usa.
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Enfim...

excelente pergunta

"Stor, quais são as probabilidades de o sócrates cair de uma cadeira?"

"...que homem é este que nos governa que não hesita em enganar-nos de forma tão deliberada, com tanta desfaçatez, e desprezo pelos outros? É sem dúvida um homem perigoso."

(JPP)


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Curioso. Agora que as aulas chegaram aos autoritarismos (Anos 20 e 30), e vamos abordando as várias características destes regimes, são muitos os comentários de alunos relacionando essas características com o nosso governo e o nosso primeiro-ministro. Está lá muita coisa, realmente: culto do chefe (RTP), censura (ausência de notícias contrárias ao "governo" e de críticas à actuação de Sócrates na Europa e por cá), autoritarismo (abuso de poder, arrogância, ameaças..., leis absurdas e complementares actuações da ASAE cheias de "excesso de zelo", um belo eufemismo), propaganda (RTP RTP RTP RTP), ausência de liberdade de expressão (caso Charrua), anti-democracia (para além das habituais mentiras eleitorais, promessas que se sabia nunca seriam cumpridas, há o desrespeito pela vontade popular expressa em voto, como se viu no referendo do aborto repetido até sair o resultado que o governo queria, como se vê nos constantes ataques a Jardim e à Madeira) e, para finalizar, o totalitarismo, ou seja, a tentativa metódica por parte do Estado de manipular e limitar a vida pessoal e o livre-arbítrio dos cidadãos, em nome de "mais altos valores", neste caso, o valor da "saúde" imposto à força com a lei do tabaco...). Só não há militarismo, imperialismo (este está a cargo da UE) nem anti-comunismo porque são politicamente incorrectos.

E os alunos percebem, associam. Espero boas notas.

terça-feira, janeiro 08, 2008



Confesso que para mim o dia 1 de Janeiro não significa balanços do ano anterior, nem tão pouco definição de projectos para o ano que se segue. É mais um dia, após o anterior... Mas somos sempre apanhados nisto das listas dos livros favoritos, dos filmes marcantes desse ano... enfim, as listas, os balanços, as tretas do costume. Não vou falar de 2007, mas sim do 1º livro de 2008. Apanharam-me!

Li, com um prazer que não adivinhava, o livro de Miguel Real, O Último Minuto na Vida de S.
Que encantador exercício de escrita.
Recomendo. Por todos os motivos: uma história de amor, sem pieguices confrangedoras; uma prosa tão poética quanto limpa; um retrato de uma época, com factos históricos incontornáveis e inquietantes.
Real(mente) os livros não se qualificam pelo tamanho...

domingo, janeiro 06, 2008

Guia do Público sobre onde fumar

... em Coimbra:
"A poltrona está isolada, virada para a janela que dá para o jardim. Ao fundo da biblioteca, uma sala oitocentista cheia de livros antigos, há uma lareira. É o cenário ideal para o famoso "pensativo cigarro" de que falava Eça de Queirós. Os fumadores conhecem-no: é aquele que se aspira em silêncio, numa aparente ausência, enquanto se tenta organizar pen-samentos e ideias. Pois bem, na Quinta das Lágrimas, em Coimbra, este ambiente existe: o hotel decidiu re-servar uma sala especial para os amantes do fumo, onde o vício poderá ser desfrutado com toda a elegância e dignidade [...] numa sala envidraçada com acesso à biblioteca e vista privilegiada para a colina sobre a qual se ergue a cidade. Esta recriação de uma "sala de fumo" queirosiana, onde os fumadores se dirigiam após as refeições, já está aberta a hóspedes e não hóspedes. A directora da Quinta das Lágrimas, Teresa Lopes, não fuma, mas, quando fala da iniciativa, até parece que o faz, usando vocabulário e expressões que traduzem o encanto, agora mais quebrado, do velho vício: "A Quinta das Lágrimas é um local de descanso, de lazer, acolhedor, cheio de lareiras, onde apetece puxar um charuto, fumar... Claro que a lei é benéfica em termos de saúde pública, mas para quem é fumador é um bocadinho constrangedor ir para um local tão bonito e não poder praticar esse acto, não poder desfrutar desse acto livremente sem problemas de consciência", diz, enquanto mostra a divisão em tons de amarelo desmaiado e azul-escuro. Ali, naquela sala, com acesso à biblioteca e à varanda da capela, pode fumar-se à vontade, enquanto se bebe um café, um digestivo, se conversa ou medita. Mais: qualquer pessoa pode, até à meia-noite, usufruir do espaço, embora os hóspedes tenham, para além disso, quartos com varandas e jardins privados para se deleitarem com o "prazer do tabaco" sem que ninguém os recrimine. [...] Trata-se tão-só de fazer jus à história secular do palácio, onde já fumaram o duque de Wellington, o escritor Eça de Queirós, o rei D. Miguel e o político e escritor Teófilo Braga. Para quem quiser, porém, almoçar ou jantar, ou beber um copo e fumar, em locais menos luxuosos do que a Quinta das Lágrimas, há o restaurante Taberna, no Parque Verde do Mondego, com vista sobre o rio, e, uns metros adiante, o Irish Pub, com música ao vivo e cerveja para todos os gostos. Outro sítio onde os fumadores se sentirão abrigados, em Coimbra, é a Galeria-Bar Santa Clara, que também destinou aos prazeres do tabaco uma aconchegante sala com salamandra. Já para o apressado café da manhã, há a pastelaria S. José, na Solum, onde ainda se pode ingerir a dose matinal não recomendada de cafeína e nicotina."

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Cara de pau (como se fosse uma surpresa)


"Inspector-geral da ASAE fotografado a fumar com lei já em vigor" (Público)

Das duas uma, ou a lei não é para cumprir e é só para europeu ver, ou este senhor deverá pagar a respectiva multa e dar o exemplo. Como isso, obviamente não vai acontecer, espero que mais ninguém seja obrigado a pagar uma multa absurda.
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Teoria da conspiração: A ASAE é mais um dos sintomas da transformação de Portugal num regime cada vez mais totalitário. Estes regimes, diz a História, precisam sempre de forças da sua confiança. Sócrates, naturalmente, não confia nem na PSP nem na Judiciária (ou vice-versa). Nos últimos anos foram retiradas competências a estas polícias. Disso se tem falado muito a propósito da incapacidade de operar contra o grande crime no Porto. As operações de pequena criminalidade, que muitas vezes permitiam chegar à grande criminalidade através da obtenção de informações e de ligações entre suspeitos, caíram nas mãos da ASAE, promovida de grupo de fiscais para uma nova força policial. Usam armas (com que preparação?) e foram devem o que são ao governo, a quem obviamente se manterão fiéis.

terça-feira, janeiro 01, 2008

momentos após conhecer o primeiro-ministro português...


à atenção do sr sócrates (força, Slash)










Um gesto de liberdade


Juntos ou separados

É noite e a casa está vazia. Imagino que seja noite. Tenho tudo fechado desde que foste embora. Mas tenho quase a certeza que é noite, porque não ouço os carros na rua (só um, a espaços, vai passando). Hoje finalmente consegui entrar no quarto onde... E é lá que estou agora. Quando abri a porta fui invadido pelo teu cheiro, fugindo da escuridão onde o tinha aprisionado. Não era o teu perfume, mas o cheiro da tua pele. Ainda enche o quarto, como me encheu os pulmões. Assustei-me, porque não esperava sentir-te ali.
Acendi a luz. A primeira coisa que vi foi a cama. Por muito que não a quisesse ver, lá estava ela, impecável na sua colcha. Nem um vinco, nem um centímetro descentrada. E, no topo, as duas almofadas. Para quê duas almofadas se já não estás? Para quê uma, sequer, se já não durmo? E muito menos dormirei aqui, seria o mesmo que ir dormir à tua porta, à tua nova porta e o chão é demasiado frio para mim. Na parede, sobre as almofadas, estão as marcas de dois caixilhos encimados por um pontinho negro. Era ali que tínhamos pendurado os nossos retratos. O teu tiraste-o. O meu, quebrei-o porque não gosto de coisas incompletas. Deve ser por isso que não gosto de mim. E de ti.


Afasto o olhar da cama. Observo a janela fechada. Naquele parapeito passámos horas à espera do pôr-do-sol, ouvindo os sons da cidade. E quando os sinos de Santa Cruz ou o badalar da torre se ouviam, tu sorrias e eu sorria contigo, saboreando esse travo de passado que nos adoçava o espírito. Só nos faltava uma vista para o rio para sermos personagens de um romance.


Caminho pelo quarto. Passo pelo guarda-fatos, ignoro-o como se ignora uma caixa de sapatos vazia. Sento-me na cama, tendo o cuidado de não quebrar a sua ordem imaculada. O olhar sobe do tapete, que sempre achei feio, para a cómoda. Vejo-me no espelho e sinceramente acho que não sou eu. Surpreendeu-me a minha aparência. Se calhar foi por isso que foste embora, se calhar nesse dia chegaste a casa, olhaste-me e não era eu. Encolho os ombros. Para quê atormentar-me mais? Foste embora, és passado. Estamos separados. Mesmo que voltes, já não existes para mim. Estou indisponível. Indisponível, percebes? A janela está permanentemente fechada, o guarda-fatos permanentemente vazio e o quarto para sempre fechado. A partir de hoje é assim que será. E tu, em consequência, ficas para sempre fora do meu pensamento. Mesmo quando soarem as badaladas da torre. Chamo-lhe cabra, como faziam os estudantes, e ela cala-se e não me fala mais de ti, não volta a dizer o teu nome naquele linguajar Dong Dong de metal oco. Está tomada a decisão. Esqueço-me então de ti. Afinal é fácil, basta querer, basta tentar e está feito.


Atraído por um cintilar, afasto o olhar do meu reflexo. Olho para a cómoda à minha frente. Só hoje reparei nas gavetinhas falsas. Três ilusões dispostas lado a lado, com um puxador em cada. Puxo o da esquerda. Nada. O da direita. Nada. O do meio. Nada? Afinal é uma gaveta verdadeira. Abro-a totalmente. Há algo que brilha no seu interior. Parecem jóias. Coloco a mão e tiro-as para fora. São dois colares, que disponho sobre a cómoda. Fecho novamente a gaveta e fico a olhar. A pensar. Afinal... Se calhar não te foste mesmo embora. Se calhar estamos ... estamos juntos. Deito-me na cama e sorrio com este pensamento. Vou ficar aqui à tua espera, à espera que entres em casa, caminhes para o quarto e abras a janela antes de te deitares ao meu lado. Mas vem depressa, porque devem estar quase a soar as badaladas da torre.

zapping

Mais de 120 mortes no Quénia nas últimas 24h, no Paquistão as imagens do momento da morte de B. Butto continuam a causar uma onda de crispação... maior banco privado português em crise... Portugal é hoje um país mais pobre, com o desemprego a rondar os ... três pessoas morreram num acidente de viação ocorrido perto de... são 23h59 minutos ... 10...9... o ano novo em Sydney... 8...7... festejos na China ... 6...5...4... a Rússia recebeu o novo ano...3...2...1 2008 (espumante mascarado de champanhe - pop - espuma - tinir de copos brilhantes - roupas novas - fatos de gala - sorrisos de gala - aplausos - votos de felicidades e muita paz no mundo - beijos - abraços - pedacinhos de papel colorido esvoaçando - concertos em Lisboa - festejos em Portimão - fogo na Madeira) ... de volta às notícias, o número de mortos no Quénia ascende agora ... três idosos morreram num incêndio num lar... nasceu o primeiro bebé europeu (antes nascia o primeiro bebé português, mas nem Portugal existe já?) ... a nova lei do tabaco. STOP
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Bem vindos a 2008. O Estado de Portugal é, a partir de hoje, mais totalitário do que era. Não é a Albânia que se aproxima de nós. Afinal somos nós que nos vamos aproximando dela.