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segunda-feira, janeiro 28, 2008

o embrulho


Acusado de não ser de esquerda, sócrates foi a Alcochete (e não por acaso a Alcochete) discursar. No púlpito, perante uma plateia de socialistas, apresentou-se de negro e castanho, sem gravata (só lhe faltavam os remendos nos cotovelos e a gola alta para parecer um verdadeiro "camarada") e com a bandeira vermelha do punho fechado atrás de si. Felizmente a tv não permitiu que se sentisse o cheio a naftalina e se vissem o buraco das traças.

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Este Sábado, Júlio Machado Vaz esteve em Baião para falar de amor romântico. A dada altura, falou da forma como a nossa sociedade actual transformou os sentimentos num jogo de aparência - ou seja, já não importa sentir e amar, mas é preciso mostrar que se sente e se ama da forma correcta. Daí as prendas de S. Valentim, os jantares e os destinos românticos, sempre exóticos e sempre caros. E ouvia eu falar desta sociedade de aparência e não pude deixar de pensar que só uma sociedade assim era capaz de ter um político como sócrates. O actual primeiro-ministro é totalmente oco por dentro, quer em inteligência, quer em moral e honestidade política (o catálogo das suas promessas incumpridas fala por si) e é um mero produto de imagem trabalhado pelas agências de comunicação tão em baila ultimamente. Por isso (ou melhor, também por isso) é ridículo colocar sócrates ao nível de Santana. Este recusa-se a ser uma marioneta. Pensa e age por si. Goste-se do que Santana pensa ou diz ou faz, sabemos que é genuíno, autêntico, sincero. De sócrates não podemos, de modo nenhum, dizer o mesmo. O primeiro-ministro é uma prenda da loja dos trezentos embrulhada em papel colorido, às vezes rosa, às vezes vermelho, consoante o destinatário da prenda. Mas não passa disso, um embrulho que ilude. E esconde. Mas parece que a ilusão de muitos dos que quiseram abrir o pacote está a passar. O incompreensível é pensar que se deixaram iludir por algo tão ... enfim, por um embrulho.

1 comentário:

Anónimo disse...

Jesus Christ!!! Conotar um discurso tão agradável como foi o do J. M. Vaz com um ser inclassificável como Sócrates?! O homem, que até é muito bom homem, deve andar com dores de barriga nesta altura e nem imagina porquê...