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segunda-feira, outubro 30, 2006

Não há génio que aguente...


A coincidência de mais um atentado ao futebol espectáculo



"O futebol é um desporto que costuma destacar os melhores artistas, aqueles nos surpreendem repetidamente e enchem estádios, reforçando a magia do espectáculo. Anderson é um desses craques. O prodígio do F.C. Porto diverte-se com uma bola nos pés e encanta quem dirige o olhar para a sua arte. Anderson é um valor que o jogo deve proteger.

Este sábado, porém, Anderson foi vítima da violência de uma equipa que, a ter em conta a folha disciplinar, não é propriamente bem comportada. Os dados da Liga Portuguesa de Futebol Profissional não mentem: Mesmo com um jogo em atraso, a tal equipa «vítima» já somou 25 cartões amarelos e cinco vermelhos e tem o segundo pior registo do campeonato 2006/07. Sintomático.

O que se passou ontem no Estádio do Dragão foi mais um atentado ao futebol espectáculo, uma coincidência lamentável que roubou ao desafio um dos seus maiores pólos de interesse. Precisamente como na temporada passada, no mesmo local do terreno, no meio-campo, junto aos bancos de suplentes, o jogador que mais podia desequilibrar foi intencionalmente atingido com violência por um grego, confirmando a teoria de quem vê estes casos como manobras planeadas.

Há um ano foi Lisandro Lopez, derrubado ao minuto 21. Desta vez foi Anderson, ao minuto 31. E o cenário de coincidência sai reforçado com nova constatação: o árbitro era o mesmo e a opção de não sancionar o lance e o agressor, da mesma nacionalidade e adquirido na respectiva época, foi decalcada...

Alguma Comunicação Social deste domingo é clara e inequívoca: «pancada» (O Jogo, pág. 3), «partir a perna» (O Jogo, pág. 18), «varrido do jogo» (O Jogo, pág. 5) e «entrada violenta» (A Bola, pág. 5) são referências taxativas acerca da gravidade da ocorrência.

Estas sim são situações que devem ser definitivamente banidas do futebol. Se, todavia, continuarem a repetir-se, sem a resposta célere e adequada dos órgãos competentes, ninguém poderá acusar o F.C. Porto de deixar de apostar em artistas que ajudam a encher o campo dos adversários, para passar a apostar em atletas robustos capazes de resistir à violência e dançar ao som da mesma música."

sábado, outubro 28, 2006

the last of the rock stars



"...
The last of the rock stars
When hip hop drove the big cars
In the time when new media
Was the big idea..."
(U2, Kite)
.
Dá que pensar. Nunca me admirei que muitos alunos não lessem ou conhecessem escritores, por muito famosos que eles fossem. Até porque tive uma colega do liceu que confessou (perante o olhar incrédulo de todos os outros) que desconhecia Asterix e Obelix. E era uma boa aluna, que lia e escrevia no jornal da escola. Mas, apesar de tudo, sempre julguei que havia uma área que nunca ficaria afastada do universo dos adolescentes, de nenhum deles: o rock e o pop. Porém, começo a desconfiar que os U2 têm razão. Que os U2 são mesmo as últimas estrelas de rock num mundo de hip hop. Numa turma mais alienada do que a média não encontrei um só aluno que conhecesse John Lennon, Sting ou mesmo Bruce Springsteen (!). Aliás, quando passei excertos do Nascido a 4 de Julho, todos me perguntavam vezes sem conta se era "aquele" o actor principal, apontando para a personagem no ecran. "Aquele" era nada mais nada menos do que Tom Cruise, rosto que tinham dificuldade em identificar e fixar. O golpe final veio quando passei a música dos U2 (Hands that built America) e ninguém a tinha ouvido. Ninguém. No one. Em 90 pessoas que (os mp3 não mentem) ouvem música. Terá o rock e o pop passado para a prateleira dos "clássicos"? Quanto durará o reinado do hip hop (curiosamente, feito a partir de samples de música pop e rock)? Agora percebo porque não aprendem nem gostam de inglês. Eu aprendi o que sei a traduzir e a tentar perceber as letras das músicas que ouvia. Eles só têm uns Huh-Huh e uns yo! para ouvir.

provérbios socráticos

Mais depressa se apanha um mentiroso se ele for ministro socialista.
«Durante o debate sobre o Orçamento do Estado para 2007, Correia de Campos foi questionado pela deputada do CDS/PP Teresa Caeiro sobre o cumprimento desta medida, já que até agora apenas estão em funcionamento 17 USF. Na resposta, o ministro disse: "O número cem corresponde ao número de candidaturas que aspirávamos ter. E recebemos 117. Nunca disse que podíamos abrir cem este ano. Temos 17 a funcionar, há 24 com data marcada até Dezembro. Teremos, por isso, 41 até ao final do ano. Devíamos estar orgulhosos."Em Agosto, numa visita ao Centro de Saúde de Sobreda, Correia de Campos foi taxativo: "A nossa meta é abrir cem unidades de saúde familiar até ao final do ano." Foi uma das várias vezes em que esta intenção foi repetida pelo ministério. A pedido de Teresa Caeiro, as notícias a comprová-lo foram distribuídas durante o debate pelos deputados. Confrontado com fotocópias das suas afirmações, o ministro voltou a recuar. "Veremos, faltam dois meses até ao final do ano, ainda temos tempo para mostrar a veracidade ou inveracidade das promessas feitas."» (notícia dn).
Eis uma boa base de trabalho para as minhas aulas de cidadania.

sexta-feira, outubro 27, 2006

a hora do Lobo

Lobo Antunes continua em forma, apesar de mais brando. Ainda assim, para além das pérolas habituais
"o êxito é o fracasso antecipado"
"os pais continuam a evoluir dentro de nós, mesmo depois de morrerem"
"liberdade é estar livre de uma prisão"
mostrou que a ironia ainda se mantém bem viva. Apoiou Soares na campanha das presidenciais "por amor", porque quando o candidato lhe estava a explicar os motivos da sua candidatura "eu nem o ouvia bem", comentou. Ainda teve tempo para fazer a melhor descrição de um comício do PCP/APU que vi até hoje (uma fileira de punhos cerrados e bocas abertas como se o fossem engolir) e para comentar a "relação" com Saramago, lamentando que o tenham acasalado com o exilado em Lanzarote e não com a Branca de Neve ou com os sete anões.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Grandes portugueses

Acabei por ver, a espaços, a conversa sobre o concurso da rtp. A dada altura parecia que importava mais o concurso em si e que o programa seria apenas mais um veículo de marketing para o promover. Mas ainda se abordaram assuntos interessantes e importantes.
Desde logo, creio que se confundiram duas ideias: "grandes portugueses" e "heróis portugueses". Como se nao se pudesse ser grande sem ser herói. Um herói é algo inexistente por natureza, só existe no nosso olhar. A grandeza é mais objectiva. Como Hermano Saraiva disse, grandes sao aqueles que nao couberam na pequena caixa que é Portugal. Ou seja, aqueles cujo nome é conhecido fora das nossas fronteiras, aqueles cujo papel foi determinante para a nossa história. E personagens assim há várias. Por isso nao concordo com o que disse o cómico Araújo, que Portugal é um país mediano. Talvez seja, se avaliarmos pela qualidade dos humoristas (salvo o Hermann do passado e o Pedro Gomes). Mas o humor só pode ser bom num país que, no seu quotidiano, tende a ser rigoroso formal e duro (competitivo). Por isso é que o humor é britanico e americano, e nao belga, nigeriano ou iraniano. Torna-se difícil distinguir comédia de realidade na maior parte do mundo.
Mas voltando ao que interessa... Portugal gerou grandes portugueses. Em 800 anos de História e de sobrevivencia face à ameaça de Castela e de outras potencias, inevitavelmente eles surgiram. Claro que mesmo esta leitura é ideológica. A malta da historiografia de linhagem francesa tende a preferir os números e os gráficos dos estudos económicos, ou a valorizar o papel dos grupos e das classes (um compreensível tique marxista). Também é compreensível que os franceses prefiram olhar assim para História, já que dificilmente encontrarao "grandes franceses" para eleger. O escolhido por lá, no concurso do mesmo género, foi o General De Gaulle, famoso por ter fugido para Inglaterra e deixado que americanos e ingleses morressem para libertar a França do domínio nazi), enquanto ele próprio combatia via rádio. Aqueles discursos eram mortíferos, acreditem. A quem quiser ouvi-los, empresto o cd (estou a falar a sério). Outros, na linha do politicamente correctos, preferem procurar realçar apenas as acçoes negativas (e lá vem a escravatura, a colonizaçao e a inquisiçao à baila), ignorando que nao se pode olhar para o passado com a mentalidade do presente e pretender que se compreendem as acçoes de entao.
Estamos perante um debate ideológico. Como o Estado Novo valorizou (e usou para efeitos de propaganda) os "grandes portugueses" que entendia, hoje falar em "grandes portugueses" é ser "fascista", como é defender o hino nacional e expor a bandeira fora do contexto desportivo. Outros receiam participar na escolha de "grandes" e "pequenos" porque isso implica uma opçao pessoal e subjectiva. É o caso de muitos historiadores. O problema é que confundem o seu trabalho de investigaçao, que deve ser imparcial e baseado em factos, com as naturais simpatias ideológicas, políticas, culturais ou outras que possuem face a uma ou outra personalidade. Acreditam, erradamente, que nao emitindo opiniao, ficam acima das influencias ideológicas da sociedade em que vivem. Acreditam viver num laboratório imaculado, longe da contaminaçao do mundo?
Pessoalmente, nao vejo qualquer problema em apontar personalidades portuguesas que foram importantes para a definiçao do nosso país actual e que interferiram no rumo do mundo, quer a nível político, quer a nível cultural, científico, económico... Ao fazer essas escolhas, minhas, pessoais, subjectivas, nao deixo de ser capaz de avaliar o que também fizeram de errado, nem de avaliar "imparcialmente" as suas acçoes.
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ps: em relaçao ao programa, como é que é possível anunciá-lo assinalando a presença no debate de R. Araújo Pereira e deixar de referir a presença de J. Hermano Saraiva? Eu sei que é uma questao de marketing, mas mesmo aí nao sei se a opçao foi a mais correcta. Afinal, nao sei qual dos dois atrairá mais público...

quarta-feira, outubro 25, 2006

verdadeira conversa de treta

"Maria Elisa modera um debate, com figuras públicas, sobre o concurso “Grandes Portugueses"
Enquanto decorre a votação para eleger a figura lusa mais notável, Maria Elisa modera um debate onde além das questões das perspectivas sobre o programa, serão debatidos temas como o legado histórico, deixado pelas grandes personagens. Participação do humorista Ricardo Araújo Pereira, Joana Amaral Dias, do bloco de Esquerda, do filósofo Eduardo Lourenço, da escritora Isabel Alçada e Lídia Jorge, dos professores José Hermano Saraiva e Luís Reis Torgal, de Fernando Nobre, médico da AMI e do jornalista Mário de Bettencourt Resendes." (ver página da rtp).
Talk about the blind leading the blind... E porque não o Batatinha, ou o J. C. Malato (já entra em todas as outras produções rtp)? Ou o insuportável Saramago? Ou o igualmente insuportável F. Rosas? Ou Octávio Machado, que poderia falar sobre os futebolistas candidatos ao título em questão? Quem são estas personagens, que estatuto e autoridade têm para falar sobre os "Grandes Portugueses" (seja lá isso o que for)? Uma boa noite para ver outro canal, ou para ler um livro.
ps: Inicialmente tinha percebido que a moderadora seria a jornalista medalhada e não Maria Elisa. Creio que, para o nível que se espera, a outra senhora seria mais adequada, deixando a Maria Elisa tempo livre para fazer jornalismo, algo que ela sabe manifestamente fazer.

sinais de retoma

Realmente, depois de ver esta notícia e esta, compreendo que o primeiro-ministro diga que há retoma económica. Não me repugna nada os lucros dos bancos, só tenho pena que continuem a não pagar impostos.

Mais uma aposta ganha




http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=218928&idselect=9&idCanal=9&p=200

Mais um exemplo de sucesso a acrescentar à história do nosso país.

segunda-feira, outubro 23, 2006

clássico... empate justíssimo

Ocupado a ver o derby espanhol, onde se jugou futebol, não vi a primeira parte do Sporting Porto. Mas vi a segunda parte e o resumo alargado da primeira. O resultado é justo e demasiado bondoso para ambas as equipas. Está certo que marcaram um golo cada uma, mas justo, justo, seria zero pontos para cada uma. É impressionante a diferença entre os dois "clássicos" que se jugaram em simultâneo (para não aludir ao terceiro clássico do fim-de-semana que envolveu dois dos cinco grandes de Inglaterra, o United - Liverpool). Não falo apenas a nível da qualidade dos jogadores, que é incomparável. Ver Van Nistelrooy, Raul, Robinho, Ronaldinho, Messi, Cannavaro e Xavi (só para citar alguns) não é o mesmo que ver Tonel, Alecsandro (mas que nome é este), Tello, Bruno Moraes, Bruno Alves e Jorginho. Nem Liedson nem Quaresma nem Nanni, coitadinhos deles, que para entrarem no Bernabéu só pagando bilhete... Falo sobretudo na atitude de treinadores e de jogadores. Em Madrid todos queriam ganhar e o resultado espelha a superioridade de uma organização táctica sobre a outra (Capello emperra todos os carrocéis do mundo, Crujff que o diga...). O empatezinho de cá espelha o medo de arriscar dos treinadores e a falta de empenho e de luta dos jogadores. Por cá ouvem-se as desculpas do costume: terreno de jogo, cansaço pela jornada europeia (o Real foi golear a Bucareste e o Barcelona veio de uma derrota bem cansativa contra o Chelsea). Tretas, portanto. Empate justíssimo, mal empregados dois pontos oferecidos assim a duas equipas tão desinteressantes. Para a semana há mais, com o Porto Benfica.

Clássico...empate justo

así así, así gana el Madrid


Marcar, correr para a bola e levá-la de novo ao centro do terreno. Para procurar novo golo.

sábado, outubro 21, 2006

sexta-feira, outubro 20, 2006

Portugal vale a pena II

Acrescento o sistema de via verde, também criação portuguesa e que contrasta com o ridículo sistema de pagamento das autovias espanholas.
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Portugal sempre valeu a pena, desde o momento da sua criação (ela própria uma grandiosa obra de engenharia política e diplomática) e sobrevivência face (sobretudo) à ameaça espanhola e, depois, francesa e inglesa (uma longa história muito mal conhecida).
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Portugal teve a maior e mais moderna armada do século XVI;
Portugal dominou os mares (razão pela qual a Inglaterra se quis unir a nós);
Com uma população não superior a 2 milhões de habitantes, Portugal partilhou o domínio do mundo com Espanha, controlou o comércio mundial de especiarias, inovou na navegação e na cartografia);
A constituição vintista era, na época, a mais avançada de uma Europa que permanecia, em grande medida, dominada por regimes absolutistas (talvez por isso só tenha triunfado na versão republicana de 1911, oitenta anos depois);

Portugal vale a pena

Nicolau santos,
Director adjunto do Jornal Expresso
In Revista Exportar

"Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade de
recém-nascidos do mundo, melhor que a média da União Europeia.
Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de
tecnologia de transformadores.
Mas onde outra é líder mundial na produção de feltros para chapéus. Eu
conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para telemóveis e os
vende para mais de meia centena de mercados.
E que tem também outra empresa que concebeu um sistema através do qual
você pode escolher, pelo seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o
filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar.
Eu conheço um país que inventou um sistema biométrico de pagamentos nas
bombas de gasolina e uma bilha de gás muito leve que já ganhou vários
prémios internacionais.
E que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, onde se
fazem operações que não é possível fazer na Alemanha, Inglaterra ou
Estados Unidos. Que fez mesmo uma revolução no sistema financeiro e tem as
melhores agências bancárias da Europa (três bancos nos cinco primeiros).
Eu conheço um país que está avançadíssimo na investigação da produção de
energia através das ondas do mar. E que tem uma empresa que analisa o ADN
de plantas e animais e envia os resultados para os clientes de toda a
Europa por via informática.
Eu conheço um país que tem um conjunto de empresas que desenvolveram
sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos a
pequenas e médias empresas.
Eu conheço um país que conta com várias empresas a trabalhar para a NASA
ou para outros clientes internacionais com o mesmo grau de exigência. Ou
que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das
auto-estradas. Ou que vai lançar um medicamento anti-epiléptico no mercado
mundial. Ou que é líder mundial na produção de rolhas de cortiça. Ou que
produz um vinho que "bateu" em duas provas vários dos melhores vinhos
espanhóis.
E que conta já com um núcleo de várias empresas a trabalhar para a Agência
Espacial Europeia. Ou que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial
de pagamentos de cartões pré-pagos para telemóveis. E que está a construir
ou já construiu um conjunto de projectos hoteleiros de excelente qualidade
um pouco por todo o mundo.

O leitor, possivelmente, não reconhece neste País aquele em que vive -
Portugal.
Mas é verdade. Tudo o que leu acima foi feito por empresas fundadas por
portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por portugueses, com
sede em Portugal, que funcionam com técnicos e trabalhadores portugueses.
Chamam-se, por ordem, Efacec, Fepsa, Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI,
BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, Primavera Software,
Critical Software, Out Systems, WeDo, Brisa, Bial, Grupo Amorim, Quinta do
Monte d'Oiro, Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace,
Skysoft, Space Services. E, obviamente, Portugal Telecom Inovação. Mas
também dos grupos Pestana, Vila Galé, Porto Bay, BES Turismo e Amorim
Turismo.
E depois há ainda grandes empresas multinacionais instaladas no País, mas
dirigidas por portugueses, trabalhando com técnicos portugueses, que há
anos e anos obtêm grande sucesso junto das casas mãe, como a Siemens
Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal, McDonalds (que desenvolveu
em Portugal um sistema em tempo real que permite saber quantas refeições e
de que tipo são vendidas em cada estabelecimento da cadeia
norte-americana).

É este o País em que também vivemos.
É este o País de sucesso que convive com o País estatisticamente sempre na
cauda da Europa, sempre com péssimos índices na educação, e com problemas
na saúde, no ambiente, etc.
Mas nós só falamos do País que está mal. Daquele que não acompanhou o
progresso. Do que se atrasou em relação à média europeia.
Está na altura de olharmos para o que de muito bom temos feito. De nos
orgulharmos disso. De mostrarmos ao mundo os nossos sucessos - e não
invariavelmente o que não corre bem, acompanhado por uma fotografia de uma
velhinha vestida de preto, puxando pela arreata um burro que, por sua vez,
puxa uma carroça cheia de palha. E ao mostrarmos ao mundo os nossos
sucessos, não só futebolísticos, colocamo-nos também na situação de levar
muitos outros portugueses a tentarem replicar o que de bom se tem feito.
Porque, na verdade, se os maus exemplos são imitados, porque não hão-de os
bons serem também seguidos?"

E eu acrescentaria uma outra empresa que é líder mundial em USB 2.0 e em Mixed and Analog IP Solutions - a Chipidea. Venham mais bons exemplos.

quinta-feira, outubro 19, 2006

José Malhoa - Vou ser mãe


Dois gestos e um título que dizem tudo: o sofrimento, o pânico, o medo da vergonha social. Haverá relação ilícita, como sugere o local do encontro (a mata e não o interior de uma casa) ou trata-se sobretudo de pavor por estar a chegar mais uma boca que pedirá comida que a terra se recusava a dar, apesar de diariamente regada de tanto suor?
Que diferença entre este mundo rural e o de Júlio Dinis...

chuva


Chove em Baião, como no país todo. Aquela chuva que anuncia o Inverno. O vento frio atravessa a roupa e arrepia a pele com garras geladas e a neblina branca contrasta com a pedra dos edifícios, que escurece com a humidade. A luz torna-se branca, brilhante, mas não aquece, limita-se a ferir o olhar. Tempo de melancolia. O cântico contínuo da chuva convida ao sonho e ao recolhimento. É nestes momentos que valorizamos o conforto que possuímos e que tantas vezes passa despercebido. Os alunos chegam de mãos geladas e presas, incapazes de agarrar uma caneta, com cabelos húmidos e escorridos, e entram em salas molhadas e sujas de pegadas constantes, repletas do cheiro amargo dos impermeáveis e dos casacos que acumulam água. Apesar de tudo, a sala torna-se um abrigo e o entorpecimento não impede o raciocínio, apenas limita a irrequietude. Bom tempo para dar aulas.

jornalismo do regime




















Depois de dois dias de uma das maiores greves no ensino básico e secundário, que sucedeu a uma das maiores manifestaçoes de sempre, as primeiras páginas dos jornais do regime sao esclarecedoras: bacalhau e recuo do engenheiro na questao do aumento da electricidade.

o jornalismo do regime

Mais uma notícia do Acçao Socialista, versao camuflada.
Afinal, o primeiro-ministro Sócrates não mentiu na campanha eleitoral para ganhar votos, apenas "recua" para poupar despesas. O "jornalismo" típico do Público ao serviço da causa.
Curiosamente, algumas scuts continuam. De acordo com o ministro, para "promoverem a coesão territorial e social e a fixação das populações no Interior." Vemos aliás o grande empenho do governo em fixar populações no interior, encerrando tudo o que lhes permite lá viver. Como dizia a Atlântico, para que queremos nós um interior, se podemos ter um litoral?

quinta-feira, outubro 12, 2006

liberdade de expressao

"Atençao: Os computadores desta biblioteca possuem um sistema de monitorizaçao remota. Deverao ter em atençao que em qualquer altura tudo o que estao a fazer poderá estar a ser observado!"
Liberdade de expressao, versao biblioteca de escola. Em sintonia, aliás, com a versao governamental / do regime.

domingo, outubro 08, 2006

Scott Adams explica

o verdadeiro motivo para a diminuição da taxa de casamentos na sociedade contemporânea (ia escrever ocidental, mas como só essa é que se pode verdadeiramente apelidar de sociedade, prescindi do pleonasmo):

www.dilbert.com

jornalistas e gestores


O caso português - basta ver a rtp (rádio televisão de propaganda) e abrir o público e a visão. Idiotas a elogiarem idiotas.

aula de gestão de pessoal (ministra da educação na fila da frente)

www.dilbert.com

Shipping news and bad news

Já está à venda na tradução portuguesa. O preço, como habitualmente, convida à compra e leitura da versão inglesa.
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Como agora ando a falar de Romantismo, tive a infeliz ideia de fazer uma selecção de livros desse estilo e levar para mostrar às crianças. Descobri que a estante cá de casa estava a necessitar de umas novas aquisições, já que faltavam Jane Austen e Emily Brontë (imperdoáveis ausências). Havia exemplares em inglês, mas seria o mesmo que levar dvds de teatro russo não legendados. Dirigi-me então a uma livraria de um shopping transmontano (a única que se encontra em shoppings) e, naturalmente, voltei sem nada. Amanhã tento a fnac. Ainda bem que consegui, há uns anos atrás, um Oliver Twist em segunda mão, ou nem isso teria para amostra.
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A estante cá de casa está nitidamente a precisar de uma dieta rigorosa. Tem gordura a mais e nutrientes a menos. Para o espírito, entenda-se, que os livros estão bem limpinhos e cuidados. Alguns preparam-se para ir fazer companhia aos saramagos, em caixas bem escondidas à espera de melhor sorte. Ou seja, à espera de seguir as pisadas do capelo gaivota (nunca pensei desejar tanto que uma gaivota fosse abatida a tiro) e do principezinho (o mesmo sentimento, desta vez com o príncipe na mira da espingarda - se esse é o livro do século em França, é porque a França está tão má como desejo que esteja). Como disse o J. Pereira Coutinho, uma boa biblioteca faz-se não por adição mas por subtracção.

As mãos que construíram a América parte 2

A coisa resultou bem, na primeira turma. A música dos Pogues foi a primeira a ser analisada. A melodia não agradou, como já esperava. O punk com traços de música celta não é para todos os ouvidos, definitivamente. Nem a voz do Shane MacGowan é consensual. Não importa. Também o Dylan, o Nick Cave ou o Cohen, à primeira vista, cantam "mal", se é que cantam. Já agora, o Springsteen. Ou o vocalista dos Tindersticks. Mas nem só de voz se faz uma música, ouvi eu dizer no outro dia a uma cantora de jazz, e concordo. A música faz-se (dizia ela) também de palavras e de sentimento. Mas adiante. Este tipo de exercício é muito interessante, porque quando as letras não são totalmente lineares (oh, canção pimbinha, quão fácil és de interpretar), surgem interpretações que não se esperavam. E algumas delas dão que pensar. Sobre elas e sobre quem as fez. É, portanto, um exercício interessante e útil para começar a distinguir os "marrões" dos que pensam. Ficam de lado os que pensam mas não falam, por timidez ou por qualquer outro motivo. Esses, muitas vezes só se revelam nos testes, mas aí ainda ficamos na dúvida quanto ao grupo a que pertencem (pensadores ou memorizadores?). Infelizmente, casos houve em que só tive a certeza do que eram no final do ano e não no decorrer das aulas, mas nas conversas de intervalos e tempos livres. Na primeira turma, destacaram-se duas raparigas. Aos 14 anos elas têm mais idade do que eles, vê-se bem. Eles, ou ficam calados ou preferem fazer-se passar por engraçadinhos, rindo da música e mostrando desinteresse. Para a semana, há mais duas turmas.

sexta-feira, outubro 06, 2006

As mãos que construíram a América

Daqui a pouco experimento as músicas sobre emigração. Gabriel, obrigado pelas dicas valiosas. Vamos a ver qual o efeito. Tenho sorte, porque começo com a melhor turma, por sinal a mais pequena. Custa-me sempre ouvir tanta conversa de "boa vontade" para melhorar o ensino se a principal medida, reduzir o número de alunos por turma, não é posta em prática simplesmente porque implica mais despesas. Nota-se bem a diferença de 20 para 30 (não que me interesse muito o país, que nada nem ninguém de jeito produziu até hoje, mas quantos alunos por turma há na Finlândia dos orgasmos psicológicos governamentais?) Com 20 alunos trabalha-se melhor, conhece-se mais facilmente os nomes e as características dos alunos. Mas como o lema é "poupar poupar", nada a fazer a não ser rir do descaramento sem pudor debitado nos debates-propaganda do prós e contras (curiosamente sempre sem contras). Parafraseando o Bono, estas são as mãos que vão destruindo Portugal.
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A propósito de ensino, com a ruivinha na universidade, volto ao universo das praxes. Oh, coisa ridícula... É curioso, geralmente dizem que é uma forma de integração no grupo. Mas a verdade é que eu não fiquei propriamente amigo dos totós que me praxaram (alguns ainda me lembro deles, mas não é certamente com saudades). Se calhar não percebi o encanto da coisa.
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