A coisa resultou bem, na primeira turma. A música dos Pogues foi a primeira a ser analisada. A melodia não agradou, como já esperava. O punk com traços de música celta não é para todos os ouvidos, definitivamente. Nem a voz do Shane MacGowan é consensual. Não importa. Também o Dylan, o Nick Cave ou o Cohen, à primeira vista, cantam "mal", se é que cantam. Já agora, o Springsteen. Ou o vocalista dos Tindersticks. Mas nem só de voz se faz uma música, ouvi eu dizer no outro dia a uma cantora de jazz, e concordo. A música faz-se (dizia ela) também de palavras e de sentimento. Mas adiante. Este tipo de exercício é muito interessante, porque quando as letras não são totalmente lineares (oh, canção pimbinha, quão fácil és de interpretar), surgem interpretações que não se esperavam. E algumas delas dão que pensar. Sobre elas e sobre quem as fez. É, portanto, um exercício interessante e útil para começar a distinguir os "marrões" dos que pensam. Ficam de lado os que pensam mas não falam, por timidez ou por qualquer outro motivo. Esses, muitas vezes só se revelam nos testes, mas aí ainda ficamos na dúvida quanto ao grupo a que pertencem (pensadores ou memorizadores?). Infelizmente, casos houve em que só tive a certeza do que eram no final do ano e não no decorrer das aulas, mas nas conversas de intervalos e tempos livres. Na primeira turma, destacaram-se duas raparigas. Aos 14 anos elas têm mais idade do que eles, vê-se bem. Eles, ou ficam calados ou preferem fazer-se passar por engraçadinhos, rindo da música e mostrando desinteresse. Para a semana, há mais duas turmas.
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