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quinta-feira, outubro 19, 2006

chuva


Chove em Baião, como no país todo. Aquela chuva que anuncia o Inverno. O vento frio atravessa a roupa e arrepia a pele com garras geladas e a neblina branca contrasta com a pedra dos edifícios, que escurece com a humidade. A luz torna-se branca, brilhante, mas não aquece, limita-se a ferir o olhar. Tempo de melancolia. O cântico contínuo da chuva convida ao sonho e ao recolhimento. É nestes momentos que valorizamos o conforto que possuímos e que tantas vezes passa despercebido. Os alunos chegam de mãos geladas e presas, incapazes de agarrar uma caneta, com cabelos húmidos e escorridos, e entram em salas molhadas e sujas de pegadas constantes, repletas do cheiro amargo dos impermeáveis e dos casacos que acumulam água. Apesar de tudo, a sala torna-se um abrigo e o entorpecimento não impede o raciocínio, apenas limita a irrequietude. Bom tempo para dar aulas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Adorei seu texto! Tem algo de poético nessa sua descrição!