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quarta-feira, março 30, 2011

De volta ao básico





Os últimos dias têm sido agitados com o trabalho e a vida familiar. Pouco tempo tenho para cozinhar. Mas o básico, como costumo dizer, não tem que ser insípido ou demasiado banal. Há sempre a possibilidade de uma carbonara como o almoço de ontem, fortemente enriquecida com os ovos caseiros, ou o jantar de hoje, onde os grelos do quintal da Z. deram o mote.
Depois de uma sopa de alho francês, seguiu-se então esta combinação. Preparei todo o jantar em pouco mais de meia hora, com a sopa incluída. O arroz de grelos foi fortemente elogiado pela pequena L. Depois de lavados e cortados em tamanho pequeno, foram salteados com meia cebola picada e três dentes de alho e o azeite do costume, de Vila Flôr. Juntei uma grande chávena de arroz vaporizado e duas medidas e meia de água. Temperear com sal e aguardar enquanto se prepara o tabuleiro de frango para levar ao forno. Os bifes estiveram cerca de 15 minutos a marinar com sumo de laranja, sal, dentes de alho e salva picada. Depois untei um tabuleiro com azeite e levei ao forno mais 15 minutos.
Servi e não resisti a repetir o arroz. Ai a gula!

terça-feira, março 29, 2011

News of the World

Quando os jornalistas não se dão ao trabalho de se informarem sobre a realidade que estão a noticiar, saem disparates destes:
"Professores contratados foram os únicos docentes avaliados nos últimos anos."

Gostava de conhecer as escolas onde isto sucedeu.

segunda-feira, março 28, 2011

Granôla: outra versão

Ainda não me habituei à hora de verão, sobretudo por excesso de serões no fim de semana. Por isso, a única coisa que neste momento me afasta da cama, é um tabuleiro de granôla no forno. Felizmente esta versão é mais rápida que a anterior. E também me parece mais rica... Depois mostro o resultado.

O bolo de banana e chocolate



Ora cá está a receita do bolo de chocolate.
Retirei do livro da Mafalda Pinto Leite, Cozinha para quem quer poupar. Trata-se de um bolo para 8 pessoas, e cada dose fica a 56 cêntimos.

O que usei:
1 1/2 chávena de farinha integral
3/4 chávena de farinha com fermento
2/3 chávena de cacau em pó
1/2 colher de chá de bicabornato de sódio
1 chávena de açúcar
2 ovos batidos
2 bananas maduras esmagadas
1 iogurte natural
1/2 chávena de óleo de girassol

Como procedi:
Aqueci o forno a 180º. Untei a forma com buraco. Coloquei as farinhas, o cacau e o bicabornato numa taça. Misturei e adicionei o açúcar. Envolvi e abri um buraco no centro. Misturei a banana, o óleo, os ovos e o iogurte. Deitei no buraco e misturei. Depois deitei na forma e levei ao forno cerca de 40 minutos. Retirei e deixei descansar 5 minutos e depois deixei na grade para arrefecer.
Entretanto preparei a cobertura.

1 1/2 chávena de açúcar em pó
1 colher de sopa de cacau em pó
3 colheres de sopa de leite morno

Peneirei o açúcar e o cacau e misturei o leite até ficar sem grumos. Reguei o bolo já arrefecido e deixei secar cerca de 20 minutos para endurecer. Decorei com frutos vermelhos macerados em açúcar amarelo.
Servi em fatias generosas, como se deve fazer com todas as sobremesas. Sobrou para o pequeno almoço do G.

News of the World

Uma notícia que não surpreende e que ajuda a explicar o estado do mundo:
"Raymond McDaniel, o presidente da Moody"s, recebeu no ano passado 10 milhões de dólares em salários e prémios de desempenho." - recomenda-se o filme Homens de Negócios, a propósito destes gestores talentosos que ganham umas centenas de vezes o que ganham os restantes funcionários das suas empresas (como pergunta a personagem de K. Costner, ele trabalha cem vezes mais do que os outros?).

E uma boa notícia:

Nada se perde, tudo se transforma











O jantar de ontem foi quase um improviso. Quase, porque a mudança de planos de última hora resultou em algo completamente inesperado. Aproveitei a visita de fim de semana da família para desfrutar de uma saída (curta) de manas, que sabe sempre bem. Como tinha o G. doente, de manhã cozi galinha caseira para preparar uma canja. Era em grande quantidade e pensei logo em direccionar parte dela para um empadão. Para iniciar a refeição tinha imaginado tomates recheados e pêras assadas com presunto que costuma agradar a estes comensais em particular. Terminaria a refeição com um crepe com gelado e ainda frutos vermelhos das sobras do jantar da véspera. Mas não aconteceu nada assim.
Comecei a preparar um bolo, supostamente para o lanche. Mas quando estava finalmente pronto já tinhamos improvisado outros alimentos para a merenda. Ficaria para remate do jantar. Nada se perde, tudo se transforma. Com a tal saída com a mana e o regresso fora de horas, também se alterou a restante ementa do jantar. Esquecer o empadão pois o puré ainda leva o seu tempo. Galinha cozida era o que tinha. Uma solução? Saltear com legumes (curgete, pimento vermelho, cogumelos) e servir com massa. Corri para a despensa em busca de macarrão e deparei-me com uma embalagem de spaguetti neri à espera de uma oportunidade para brilhar na mesa. Vamos a isso. Os tomates recheados também foram substituídos no último instante por curgete, cogumelos e bacon grelhados e perfumados com tomilho.

Para dar protagonismo à gula, lá apareceu o bolo de chocolate. A receita deste ,segue depois que a hora e o cansaço já não me viabilizam mais.

sábado, março 26, 2011

Um jantar como presente



























Tal como tinha prometido cá está a "reportagem" do jantar de aniversário da minha mãe.
Foi um jantar que conseguiu reunir a família com todos os netos, pela primeira vez. Coincidiu com a primeira viagem do AP ao centro e correu lindamente.

A ementa teve como ponto de partida frutos vermelhos e citrinos. Assim, a sopa foi uma experiência nova a que só o G. não ficou rendido. Visualmente muito fashion, o sabor é verdadeiramente diferente e pouco convencional. Procurei seguir a receita de Jennifer Joyce, no seu livro Petiscos. Sopa de laranja e beterraba com cubos de iogurte gelados. Fiz pequenas alterações, nomeadamente nas ervas usadas nos cubos de iogurte, e não inclui natas na sopa.
Numa panela salteei cebola, alho, pimenta, sal e tomilho em azeite. Depois acrescentei beterraba cozida, , vinagre balsâmico, sumo e raspa de laranja e caldo de galinha. Deixei apurar e depois desfiz até obter um creme macio. Servi com os cubos de iogurte com tomilho e salsa, previamente congelados em covete.

Seguiu-se arroz de pato, segundo a receita que já coloquei no passado, alterando apenas o facto de ter incluido mais chouriço e usado um pouco de açafrão no arroz. Servi com uma salada de laranja, agrião e pepino, com vinagrete de laranja e vinagre de frutos silvestres.

Depois a sobremesa. Outra sopa, desta vez de frutos vermelhos com sorbet de limão, inspirada na sugestão do chef Henrique Sá Pessoa, no seu programa de tv Ingrediente Secreto. Para tal usei frutos vermelhos variados, tais como amoras, groselhas, framboesas e mirtilos, que foram ao lume com um Porto Vintage, pau de canela, cravinho, flor de anis e açúcar. Depois de evaporar o álcool e estar suficientemente apurada desfiz com a varinha e passei por um coador chinês, de forma a retirar todas as grainhas dos frutos e ficar mais aveludada. Guardei no frigorífico até ao momento de servir. Em cada taça coloquei duas colheres de sopa dos frutos inteiros, depois uma bola de sorbet de limão e finalmente a sopa de frutos.

O bolo de aniversário, e correndo o risco de me repetir demasiado, foi o mesmo que preparei para o aniversário do meu pai, retirado daqui.

Para além do Carm reserva 2008, bebeu-se uma sangria de espumante rosé e frutos vermelhos, já que a temática era esta. Envolvi os frutos com açúcar amarelo, paus de canela, cravinho, flor de anis, rodelas e folhas de limão, hortelã. Guardei no frigorífico até à hora de levar à mesa. Nesse momento acrescentei um pouco de soda e o espumante.

Este jantar foi o meu presente de aniversário para a minha mãe. Ela gostou e eu tive o gosto redobrado. Por agradar a todos e por ser uma das melhores terapias de relaxamento e felicidade que tenho.




"She's on a throne like Cleopatra and Michael is dancing around her." (Arnold Klein)

sexta-feira, março 25, 2011

Jantar aniversário M.

Depois de uma semana sem cozinhar, por questões de trabalho e compromissos pessoais, onde se inclui um jantar com ementa asiática neste sítio e mais um Jantar com História, no Casino Figueira, desta vez com o escritor/ensaista/historiador/cronista portuense Hélder Pacheco, volto para um jantar de comemoração. O aniversário da minha mãe é hoje e o jantar é em nossa casa. A ementa está pensada, a imagem que a inspirou é a de cima, porque já é primavera. Prometo reportagem fotográfica nos próximos dias.

quinta-feira, março 24, 2011

Conforto

Quando uma amiga nos visita conforta-nos a alma.
Quando cozinhamos o conforto é para corpo.


Tranches de pescada com cogumelos, pimentos piquillos, toranja cristalizada e legumes ao vapor.

Sopa de batata doce perfumada com tomilho.

O resultado foi positivo.

domingo, março 20, 2011

O jantar de ontem e o risotto doce de hoje





Ontem o jantar foi em casa de amigos. Gosto de partilhar refeições preparadas por outras pessoas, ser surpreendida por ementas diferentes e sabores invulgares. Foi o que aconteceu . A entrada, com arenque e pickles em duas versões, uma picante e outra doce foi realmente uma surpresa. Adorei e até a L. comeu e repetiu. A acompanhar champanhe. Champanhe mesmo e não espumante. Um luxo...
Depois alheira assada com beringela. C., a nossa anfitriã, é de Mirandela por isso fez ela própria aquela especialidade. Infelizmente não é das coisas que mais gosto, mas segundo o G. estava delicioso. Acredito. Mas para minha inteira satisfação, seguiu-se peixe assado no sal. Dois magníficos robalos capturados no mar. Não sei se existe forma melhor conseguida para preparar o peixe. Sou fervorosa adepta desta técnica, pois permite que o peixe conserve a humidade e o seu sabor com intensidade.
Terminámos a refeição com a tarte que preparei e um moscatel delicioso.
Depois fomos alimentar o espírito. O JP trabalha com editoras, tendo uma garagem que é o meu sonho: sem carros mas coberta literalmente de livros. Pude trazer um exemplar de todos os que tinha repetidos. Ainda estou em êxtase: mais de meia centena de livros com a melhor chancela.
Para acalmar a minha excitação, um chá depois da meia noite e o regresso a casa.
Pelo adiantado da hora, só hoje despejei os caixotes e arrumei o tesouro.
Foi um jantar encantador, sobretudo pela companhia, com quem apetece conversar até ser outro dia.

Infelizmente não há fotos deste serão.

Hoje acordámos tarde e tudo foi sendo protelado. O lanche tardio foi este risotto doce, inspirado no da Nigella, que em tempos já tinha feito. Desta vez aumentei a quantidade de ingredientes, um bocado ao acaso, usando um litro de leite gordo, uma chávena de arroz arborio, meia chávena de açúcar e açúcar baunilhado, uma colher de sopa de manteiga e um pau de canela. Vale a pena os 20 minutos agarrada ao tacho.

sábado, março 19, 2011

Bifinhos embrulhados





A comida do dia-a-dia não tem de ser monótona pela falta de tempo ou imaginação. Grelhar bifinhos de frango não leva muito menos tempo do que enrolar os mesmos com um pouco de queijo e tornar imediatamente o prato diferente e mais interessante. Tinha queijo gouda no limite da validade. Ralei-o e acrescentei salsa picada e pimento vermelho em pedaços muito pequenos. Temperei com sal e pimenta e embrulhei os bifinhos, previamente marinados em sumo de limão e sal aromatizado com ervas. Espetei um palito para os fechar e salteei numa frigideira com um pouco de azeite. Depois, na mesma frigideira, coloquei um molho para engrossar, com um frasco de preparado de soja, um tomate picado e tomilho.
Servi com arroz de curgete e cenoura.

quinta-feira, março 17, 2011

Línguado com limão e ervas




Desta vez quase que consegui seguir uma receita à risca. Quase! Este línguado foi inspirado numa receita do livro Dias com Mafalda. Ela sugere robalo ou dourada. (Escolho muito o línguado porque é dos preferidos das meninas). Falhei logo aí. E as ervas. Usei outras, as que tinha e que achei que combinavam. De resto é igual. Gostei muito do resultado porque o limão dá uma frescura agradável. Servi com arroz de cenoura, cogumelos e salva.

O que usei:

línguados

limões

tomilho

salva

pimenta

sal

vinho branco

azeite

Como procedi:

Liguei o forno a 180º. Forrei um tabuleiro com papel vegetal. Coloquei uma camada de rodelas de limão e ervas. Depositei o peixe. Temperei com sal e pimenta. Coloquei nova camada de limão e ervas. Reguei com azeite e um pouco de vinho. Tapei com folha de alumínio (a parte baça para o exterior) e levei ao forno cerca de 30 minutos. Nos últimos 7 retirei o alumínio para dourar um pouco. Fica suficientemente húmido e com sabores muito intensos. A repetir, desta vez com outro peixe.

quarta-feira, março 16, 2011

terça-feira, março 15, 2011

Ainda com o pato







Ainda no seguimento daquele pato. Quando cozi o pato para o tal arroz, sobrou algum que aproveitei pouco depois para uma tarte. Ou melhor, uma mini tarte. O tamanho ideal para dois adultos e duas crianças.
Sabia que queria fazer uma tarte com aquele resto de carne, mas nada do tipo quiche ou com lacticínios. Havia que juntar vegetais e nada mais. Assim, numa frigideira coloquei um fio de azeite e salteei alho francês às rodelas finas, beterraba cozida, pimentos, cogumelos e hortelã. Acrescentei o pato bastante desfiado. Temperei com sal e pimenta. Na tarteira coloquei a massa quebrada e recheei. Tapei com massa e passei uma gema de ovo. Levei ao forno previamente aquecido a cerca de 180º cerca de 25 minutos. Acompanhei com uma salada de beterraba e maçã temperada com flor de sal, azeite e vinagre balsâmico.
Foi o lanche ajantarado de sábado! E devo dizer que foi bom ;)

"Just like Heaven"

Porto. 22h. Depois de uma desnecessária espera de uma hora (ocupada com uma banda de covers que não se apresentou), o palco escurece. Pontualidade britânica. Os instrumentos - um piano, uma bateria, um violoncelo, um alinhamento de quatro guitarras acústicas e um microfone no centro - aguardam, banhados por uma luz azul, que ilumina também o pano de fundo. E foi assim, no palco ainda vazio, que a voz ecoou, acompanhada pelas cordas da guitarra. O público olhava para a esquerda e para a direita, esperando a entrada da cantora. A meio da canção, o pano de fundo abre-se e Katie Melua, silhueta de negro, surge num mini palco elevado. Os aplausos redobram de intensidade e a noite do Coliseu é assolada pelos relâmpagos das máquinas fotográficas, que perduram incansáveis até ao final da primeira canção.
Katie é simpática. Elogia o público, elogia a cidade, aproveitando para introduzir a canção seguinte - Just like Heaven. A banda é impecável, com destaque para o guitarrista e para o pianista. As animações (confessou-nos a cantora) falharam - a tecnologia tem a particularidade de falhar, contou-nos, sentada ao piano, mas tem o lado positivo, posso cantar-vos mais canções. Mas quando finalmente funcionaram, o fundo iluminou-se de imagens e Katie pairou no ar sobre uma paisagem chinesa e o céu cobriu-se de balões vermelhos. 

"The sky is full of red balloons

 Red balloons are full of broken hearts..."


Neve que se esfumava ao tocar no chão foi caindo no palco e Katie brincou com ela como uma criança. Dançou nas canções ritmadas, murmurou ao microfone quando o momento era apropriado. A sua voz vibrante nunca falhou e em vários momentos foi brindada com aplausos efusivos durante as canções. Passado o ritual do encore, acabou o concerto sozinha em palco, como começara. Despediu-se com uma vénia feita a um público rendido desde o primeiro momento. Se os humanos são criados à imagem e semelhança dos deuses, já conhecemos o rosto e a voz da musa da música.

Chao Min de lulas


Tinha umas lulas óptimas para grelhar mas a L. pediu comida chinesa para comer com pauzinhos. Normalmente para o chao min uso lulinhas porque o objectivo é ter pedaços pequenos. Estas eram realmente mal empregues neste prato, mas façamos a vontade aos mais pequenos.




O procedimento e os ingredientes são muito semelhantes aos que usei aqui. Para além das lulas, coloquei alho francês, cogumelos portobello, pimento vermelho, cenoura e miolo de camarão pequeno. Os molhos foram soja, sésamo e peixe. A massa foi noodles de ovo.




Claro que a aventura de usar os pauzinhos pela mais pequenina torna a refeição divertida e caótica. Faz parte do processo...


A imagem é péssima, mas não tive tempo para melhor, porque arrefece rapidamente!

domingo, março 13, 2011

Um japonês para jantar

















Na sexta o oriente veio a nossa casa. Tivemos um convidado japonês à mesa. Apesar de ele conhecer a gastronomia portuguesa, (por ter vivido uns anos no nosso país) queria mesmo assim oferecer algo muito nosso. Evitei o bacalhau porque sabia que ele não era muito apreciador. Também fugi da carne porque não é o que mais gosta. À hora de almoço fui comprar um polvo. Faria polvo à lagareiro. Deparei-me com ruívo na banca e alterei logo a entrada daquele jantar. Sopa de peixe, é claro. Assim foi.

Na mesa optei por um branco quase total, porque associo sempre aos japoneses uma estética muito clean. Para perfumar, um centro com rosmaninho e alfazema, sobre uma toalha alva, bordada, herança de família.

Antes da refeição propriamente dita, fomos petiscando pão de centeio e broa de milho com uma manteiga de ervas, onde utilizei salsa, hortelã e tomilho e queijo da serra amanteigado.
Servi então a sopa.

A conversa, em inglês, deu para perceber algumas particularidades daquele país e sua cultura, nomeadamente culinária. Produtos que para nós são absolutamente vulgares, para eles são quase exóticos. Uma melancia pode custar 100 euros. Salsa nem sequer existe. A rúcula usa-se com uma parcimónia curiosa. Tão cara, não permite mais de três folhas por comensal. E a nossa a crescer nas bermas da estrada.

Repetiu a sopa. Os mexilhões por lá são uma raridade.
Na minha sopa, comecei por cozer o ruívo. Reservei o caldo coado. Limpei o peixe. Depois fiz um refogado com cebola, alho, salsa, tomate e pimento vermelho. Passei com a varinha e acrescentei o caldo, o peixe e os mariscos. Servi polvilhada com salsa picada.

Antes do polvo, uma salada. A única indicação que tinha é que era fervoroso adepto destas, mas sem fruta à mistura. Salteei então presunto cortado em tirinhas com pimento vermelho. Depois adicionei à rúcula, beterraba e tomate cereja. Temperei com azeite, vinagre balsâmico, flor de sal e tomilho.

O polvo à lagareiro (cozido apenas com uma cebola, e na água que vai libertando, em temperatura baixa cerca de meia hora) foi acompanhado com migas. Estas, com broa de milho, couve cortada em juliana e feijão frade cozido. As batatas e as cebolas tinha sido assadas apenas com sal. Levei ao forno uma taça com o azeite e o alho laminado para depois depositar por cima de tudo. Gostou das migas. Faz sentido tendo em conta que um dos pratos que mais gosta da nossa culinária são as açordas. Pão, portanto!

Para rematar a refeição, tinha pensado em leite creme que é muito nosso. Mas não tenho experiência. Não arrisquei. Depois lembrei-me de arroz doce. Mas também só resulta servido morno. Tendo em conta que a refeição seria lenta, teria de o fazer durante, ou iria arrefecer. Lembrei-me então de um bolo quente de chocolate, do livro da Mafalda. Teria de ir ao forno 12 minutos. Ideal. Quando estivéssemos a terminar o polvo, levaria o bolo ao forno. Assim foi. Para dar um toque diferente, servi com frutos silvestres.

Bebeu com moderação, mas acho que lhe agradou o Carm 2008 que servimos.

Foi uma experiência curiosa. E cada vez mais entendo que é a comunicar com outras culturas que relativizamos todos os conceitos adquiridos e escapamos das certezas que teimamos afirmar. Tendo em conta o dia, poderia pensar-se que a conversa andasse à volta da tragédia do tsunami que nessa madrugada atingira o país. Nada. Nem uma palavra sobre o assunto. Mas se fosse português falaria com toda a certeza. Gostamos de esmiuçar as tragédias, parece-me! Muito mais trabalhadores e competitivos do que nós. Mas com uma atitude muito zen, sobretudo à mesa ;)

sexta-feira, março 11, 2011

O pato vai à mesa




O jantar de ontem foi arroz de pato. Poderá parecer falta de modéstia afirmar que nunca comi um arroz de pato tão bom. Ou então significar que não fui aos locais certos comer essa iguaria ou não sei preparar esse prato. Qualquer uma destas hipóteses pode ser verdadeira, mas continuo a pensar que de facto aquele pato estava soberbo. Pode ter contribuído o facto de ser uma criação doméstica. Comprei-o a uma colega aqui no trabalho, e em boa hora. Até porque não é nada fácil de encontrar no super-mercado nem no talho. Apenas congelado!
Como a quantidade pretendida era apenas para dois comensais, usei o cachaço e uma perna. Comecei por cozer estas partes em água abundante com sal, grãos de pimenta rosa, cravinho, um bom ramo de salsa, cenoura inteiras e linguíça. Só no dia seguinte o usei. Entretanto ficou a ganhar sabor naquela gordura. Ontem voltei a aquecer o dito, para liquidificar a gordura. Desfiei a carne e reservei. Entretanto cortei em rodelas a cenoura e a linguíça e preparei o arroz, aproveitando exclusivamente o caldo da cozedura e colocando novamente muita salsa. Depois de pronto foi só colocar num prato de forno. Primeiro uma camada de arroz, seguida do pato, cenoura e linguíça e finalmente outra camada de arroz. Não apenas para decorar, mas também, usei a restante cenoura e linguíça. Servi com a inevitável laranja.
Espero agora ter capacidade de repetir o feito. Que não sei se foi meu, ou se da qualidade do protagonista.

As camélias da Amoreira



Na nossa casa já parece Primavera. Todas as jarras estão repletas de flores. Estas camélias são encantadoras. Vieram da Amoreira no dia de Carnaval e agora espalham cor e perfume na sala.