Porto. 22h. Depois de uma desnecessária espera de uma hora (ocupada com uma banda de covers que não se apresentou), o palco escurece. Pontualidade britânica. Os instrumentos - um piano, uma bateria, um violoncelo, um alinhamento de quatro guitarras acústicas e um microfone no centro - aguardam, banhados por uma luz azul, que ilumina também o pano de fundo. E foi assim, no palco ainda vazio, que a voz ecoou, acompanhada pelas cordas da guitarra. O público olhava para a esquerda e para a direita, esperando a entrada da cantora. A meio da canção, o pano de fundo abre-se e Katie Melua, silhueta de negro, surge num mini palco elevado. Os aplausos redobram de intensidade e a noite do Coliseu é assolada pelos relâmpagos das máquinas fotográficas, que perduram incansáveis até ao final da primeira canção.
Katie é simpática. Elogia o público, elogia a cidade, aproveitando para introduzir a canção seguinte - Just like Heaven. A banda é impecável, com destaque para o guitarrista e para o pianista. As animações (confessou-nos a cantora) falharam - a tecnologia tem a particularidade de falhar, contou-nos, sentada ao piano, mas tem o lado positivo, posso cantar-vos mais canções. Mas quando finalmente funcionaram, o fundo iluminou-se de imagens e Katie pairou no ar sobre uma paisagem chinesa e o céu cobriu-se de balões vermelhos.
"The sky is full of red balloons
Red balloons are full of broken hearts..."
Neve que se esfumava ao tocar no chão foi caindo no palco e Katie brincou com ela como uma criança. Dançou nas canções ritmadas, murmurou ao microfone quando o momento era apropriado. A sua voz vibrante nunca falhou e em vários momentos foi brindada com aplausos efusivos durante as canções. Passado o ritual do encore, acabou o concerto sozinha em palco, como começara. Despediu-se com uma vénia feita a um público rendido desde o primeiro momento. Se os humanos são criados à imagem e semelhança dos deuses, já conhecemos o rosto e a voz da musa da música.
1 comentário:
Sortudo! Ela é de facto maravilhosa. A voz é encantadora e ela é de uma beleza rara.
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