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terça-feira, agosto 29, 2006

O regresso da futebolândia

1. O Boavista perdeu. A culpa é do árbitro, segundo João Loureiro. Como sempre, ninguém percebeu porquê.
2. Em Itália, a Juve joga na segunda divisão, o Milan actua com pontos negativos... Em Portugal, o apito dourado silenciou-se como se previa e ninguém cumpre a lei no caso Mateus (apesar de os regulamentos serem perfeitamente claros, sendo que o Gil Vicente não tem qualquer razão na questão). E depois a Itália é que é a terra da máfia e da corrupção...
3. Portugal tem pela primeira vez três equipas na Champions. Uma treinada por Jesualdo Ferreira, outra por Paulo Bento e outra por Fernando Santos.
4. Portugal tem, momentaneamente, três equipas na Champions.
5. Em Espanha, o barcelona consegue a primeira vitória da época com ajuda arbitral (perdoem o pleonasmo).
6. Em Espanha, o Real Madrid tem, ao fim de três anos de amadores (encabeçados pela dupla imbatível, Queirós - Peseiro), um treinador que triunfou em todas as equipas em que actuou (incluindo o próprio Real Madrid).
7. José Mourinho diz que a Champions é uma competição menos importante que a Liga Inglesa. Pessoas mal-intencionadas relacionam esta afirmação com o facto de o Chelsea ter ganho duas ligas inglesas consecutivas e continuar sem chegar a uma final da Champions.
8. O "sorteio" da Champions colocou, pelo terceiro ano consecutivo, o Chelsea a jogar com o barcelona.
9. Etoo, o jogador descido da sua árvore, não gostou de ser substituído na supertaça de Espanha e amuou.
10. Na que terá sido a maior gargalhada do século, Pujol foi eleito o melhor defesa da Champions do ano passado.
11. Para comprovar que realmente estas "eleições" da Fifa são uma anedota pré-fabricada, Etoo, o jogador descido da sua árvore, foi eleito o melhor avançado da Champions. Não foi Henri.
12. Para comprovar que os votantes nesta eleição só viram o jogo da final (e provavelmente nem esse), Lehmann foi eleito o melhor guarda-redes (Buffon, Casillas, Toldo...), Deco o melhor médio (gargalhada) e Ronaldinho o melhor jogador (como aliás se viu durante o Mundial).
13. A AAC começou com um empate. Há coisas que não mudam.
14. Jardel voltou a voar sobre os centrais e a marcar de cabeça. Há mesmo coisas que não mudam.
15. O Benfica não jogou. E desta vez nem sequer entrou em campo.

terça-feira, agosto 22, 2006

explicando o inexplicável

Pensei seriamente neste texto. Comecei-o várias vezes. Ou começava a soar mal, entre o piroso e o presunçoso, ou ficava confuso e se perdia em pensamentos. Procurei linhas de orientação, tópicos (algo com que sempre me fui dando mais ou menos bem, depois de descobrir que realmente funcionavam). Desisti. Agora, que nas minhas pesquisas encontrei novas fotos da Angelina, voltei a tentar. É que, não sei como explicar isto, ao ver a primeira foto nova, senti um entusiasmo idêntico ao que sente quem está perante uma paisagem irlandesa ou (para quem prefere destinos mais tropicais) africana. Sem fôlego, e inundado por uma alegria infantil. E um desejo quase manchado de inveja, de querer a foto para mim. Não só para mim, mas também para mim...
Não há outra imagem, outra pessoa que tenha esse efeito. Talvez as bem compostas fotos das actrizes dos anos 30 e 40, essas quase chegam a provocar esse efeito. Mas não provocam. Porque só aquele rosto é assim. Perfeito. Para mim. Quem me conhece há muito tempo, deve lembrar-se que incessantemente rabiscava tudo quanto era papel branco. Ainda hoje o faço. E o resultado era sempre o mesmo, um rosto. O mesmo rosto, com variantes, com evoluções, como se procurasse o rosto perfeito, como se procurasse um rosto que em tempos, numa outra vida (se acreditarem em outras vidas, porque não?), eu tenha admirado e amado. Um rosto que me tenha dado vida ou causado a morte, um rosto que me tenha encantado, que tivesse a parte de mim que estava incompleta, que soava a oco quando lhe tocavam...
A primeira vez que vi o rosto da Angelina Jolie, em pleno Tomb Raider, percebi que era aquele o rosto que eu procurava. Não era o da Vénus de Botticelli (mas que crime não existir ainda fotografia naquele tempo, como seria o rosto que serviu de inspiração para aquele retrato?). Não o das mulheres de Milo Manara, apesar dos seus caracóis perfeitos e dos seus lábios bem desenhados. Era aquele rosto que me olhava do ecran. Provavelmente já o teria visto antes, mas só nessa altura o vi com a força que ele tinha. E todo o filme para mim foi uma busca incessante de novas expressões, uma contínua descoberta de encantos, maravilhas, sorrisos e alegria incontida. Ali estava, depois de tanto tempo, o rosto perfeito. Para mim, aquele filme teria sido uma experiência da nova vaga, 90 minutos de close up, não importava qual fosse a acção a decorrer. Apenas o rosto, 90 minutos de retrato vivo, os olhos nas suas expressões vivas, sedutoras, os trejeitos da boca, a ternura dos lábios unidos em amuos de fim de palavras... Se eu realizasse aquele filme, seria despedido. Seria incompreendido. Ou ganharia prémios em Cannes. Não importa. Teria o meu filme, a minha obra, o mais próximo que poderia ficar da obra-prima, da obra-única. Teria o meu rosto, para ver vezes sem conta, numa sala escura... Já não precisaria de o desejar (saiu-me assim a palavra, queria escrever desenhar e saiu desejar, acreditam nisto? até os meus dedos falam por mim), já não tinha de o procurar em todas as telas brancas de papel que encontro e rabisco em qualquer lugar em que me encontre...

domingo, agosto 20, 2006

arrivals and departures

Recém-chegado da Ilha Esmeralda, que se despediu de mim chorando/chovendo toda a noite (ou eu dela, às vezes confundo os sentimentos e os seus actores), eis que preparo nova partida, mas para mais perto. A data oficial de início de mais um ano é 1 de Setembro, por sinal (se a memória não me falha), o dia escolhido por um tipo de bigode ridículo para invadir a Polónia. Este ano será passado novamente nas encostas do Douro. Quando passarem por Baião, digam alguma coisa... E se eu estiver enclausurado nas reuniões que servem para discutir o ensino que não se ministra, sempre podem visitar esta casa.
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post scriptum: estadia com horário completo e até Agosto.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Wishful thinking no seu melhor

<UE ainda não é o motor da economia mundial>, titulo de noticia do DN de hoje. Gosto sobretudo do 'ainda'.

Atentados terroristas

Afinal todos sabem qual e' a solucao, nao a querem e' implementar porque e' politicamente incorrecta.

Gaelico

Na Irlanda o gaelico e', neste momento, a quarta l'ingua mais falada. Depois do ingles, do polaco (e' enorme a comunidade polaca aqui residente) e, presumo do chines ou do espanhol (nao consegui descobrir qual das duas ocupa o podio). Apesar dos esforcos do governo irlandes em manter o gaelico, a noticia nao espanta. A verdade e' apenas essa, o gaelico e' uma lingua morta, que apenas sobrevive ligada 'a maquina do governo. E' uma lingua mantida viva para manter viva uma identidade, a do Irlandes, por oposicao ao Ingles. So que esse Irlandes mitico, que fala gaelico, e' uma especie quase inexistente. Exceptuando alguns escritores originais que escrevem nessa lingua, o gaelico e' a lingua das cancoes de inspiracao celta, dos sinais de transito e das vozes que anunciam as estacoes do comboio e do metro. E (hoje creio que ja nao e' bem assim), saber gaelico era obrigatorio para quem queria ter uma carreira na funcao publica. Ha tambem desenhos animados em gaelico e o seu ensino e' compulsivo nas escolas. Segundo li, uma crianca que queira sair da sala de aula para ir 'a casa de banho tera de fazer o pedido em gaelico. Este episodio recorda-me o meu 11 ano. Na altura tambem eu estudava uma outra lingua morta (nesse caso, o alemao) e como as aulas eram inevitavelmente 'as 8h30 da manha (um exemplo da crueldade tipica dos germanicos), eu chegava tambem inevitavelmente atrasado. So que para entrar na sala tinhamos de fazer o pedido em alemao e em entoacao de canto, ja que segundo a senhora que nos dava as aulas, . Por esse motivo fiquei tapado por faltas. E nem por isso aprendi alemao ou ganhei qualquer gosto pelo linguajar. Acontece o mesmo 'as criancas irlandesas.
Mas voltando ao gaelico, na essencia a lingua e' um eco do passado. Ninguem o fala na rua, ninguem pede uma guinness ou pede desculpa ou permissao para passar em gaelico. Ninguem diz asneiras em gaelico, ninguem ou quase ninguem sabe que o nome Pogues tem origem num insulto gaelico (algo como pogue mahonney) que significa kiss my ass. Poucos saberao dizer amo-te em gaelico, ou ajuda-me ou abraca-me ou vamos ao cinema... Nao deixa por isso de ser interessante pensar que a identidade irlandesa e', em parte, apoiada por uma lingua que nao existe.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Uma pausa na Irlanda...

...para dar os parabens (sem acentos) ao nosso Francis por mais uma medalha! Roam-se de inveja, senhores do futebol...

quinta-feira, agosto 03, 2006

Rain on Ireland


JAMES JOYCE

Rain on Rahoon (1912)
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Rain on Rahoon falls softly, softly falling,
Where my dark lover lies.
Sad is his voice that calls me, sadly calling,
At grey moonrise.
Love, hear thou
How soft, how sad his voice is ever calling,
Ever unanswered and the dark rain falling,
Then as now.
Dark too our hearts, O love, shall lie and cold
As his sad heart has lain
Under the moongrey nettles, the black mould
And muttering rain
Dentro de dois dias regresso à ilha esmeralda.
E Dublin prepara-se para me receber como só ela sabe receber. Com beijos de chuva e aquele sedutor véu de neblina que me fascina. Agosto é o mês com mais chuvas na Irlanda, a seguir a Dezembro. A temperatura oscila entre os 11º (mínima) e os 20º (máxima). Ah, Dublin é generosa, dá-me o meu inverno em mês de estio. Se ao menos eu pudesse construir uma casa num beiral da Grafton St, voaria ao contrário das andorinhas.