"O que faz impressão na lista dos cem mais ricos de Portugal é constatar que as suas fortunas acumuladas representam 22% de toda a riqueza do país e que o fosso entre os que mais ganham e os que menos ganham é o maior de toda a Europa comunitária a quinze. E faz impressão pensar que, enquanto os trabalhadores por conta de outrem e a generalidade da classe média e média-baixa viu os seus rendimentos subir entre zero e três por cento no ano passado, os cem mais ricos aumentaram a sua riqueza em 36%. E fizeram-no essencialmente através da bolsa – ou seja, não pelo desempenho das suas empresas, não pela criação de riqueza para o país, mas sim através da simples especulação com o dinheiro. Mais interessante ainda seria podermos dispor da lista dos cem maiores pagadores de impostos do país em nome individual, para compararmos com os cem mais ricos. Ou sabermos quanto pagaram de impostos sobre os lucros as empresas ou fundações onde se abrigam os cem mais, para compararmos com os que, vivendo apenas do seu trabalho, pagam 42% de IRS. Aí, sim, poderíamos perceber a dimensão da injustiça social e fiscal em que vivemos."
(Miguel Sousa Tavares, no Expresso)
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"A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos." - Mia Couto
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