A entrevista de Soares ao diário económico é um perfeito exemplo da arte de fazer análises pré-conceituosas. Os EUA são os maus da fita (e os seus aliados), Chavez é o máximo, a Venezuela é uma democracia, Cuba está em transição e Sócrates não é um ditador arrogante (bom, a parte do arrogante até Soares é capaz de ver) e os casos de perseguição política (Charrua) foram empolados (embora, contraditoriamente, confirme a existência de "bufos" em Portugal, e presumo que não se refira a P. da Costa e aos seus alegados problemas de flatulência matinal). Comprova-se que, na típica visão da esquerda socialista, não há atentado à liberdade de expressão quando os perseguidos criticam o ps e o infalível pseudo-engenheiro. Em vez da dúvida socrática da Antiguidade, temos a moderna infalibilidade socrática/socialista.
Por fim, os elogios ao "civismo" e à "honra" dos governantes da I República (período de democracia ainda mais musculada que a actual) provam uma coisa. Se sócrates nunca leu um livro na vida, Soares leu-os mas certamente não os percebeu. Se tivesse paciência, aconselhava-lhe apenas um. Que ele deve ter em casa: Vasco Pulido Valente, O poder e o povo.
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