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quarta-feira, agosto 01, 2007


25 de Julho foi um bom dia. Tudo se conjugou para que corresse bem. Clima agradável, nada de calor extremo. Eu sem trabalho de secretariado graças a uma pausa nos exames (só chegaram à escola a 26, para verificar e publicar os resultados), a Cris com aulas só de manhã no Porto. Ao fim da manhã, autoestrada. Muitos cds no carro. Pausa para almoço. Pausa para gasóleo. Pausa para revistas e tabaco.



Depois o inferno do trânsito lisboeta, eu a querer encarnar a figura do alentejano, dois pés no travão e mãos na cabeça gritando por Nossa Senhora do Pronto Socorro. Avenida acima, avenida a baixo. Campo Grande. Alvalade XXI (não é tão feio quanto dizem, mesmo com louça de casa de banho não parece um penico como outros). Marquês. Liberdade. Marquês. Perdidos. Afinal achados, ah não, novamente perdidos. Paragem para perguntar direcções. "Se estivessem de metro era mais fácil, de carro é mais difícil." De facto, Lisboa tem outra escala em relação ao resto do país. Avenida acima (ou abaixo), rotunda, rotunda. Palavras censuradas. Respirar fundo. Nova paragem para perguntar direcções. "É o edifício ao fundo." Não parecia, mas há que acreditar. Estacionámos. Não era o edifício ao fundo, mas era na rua ao lado, menos mal.



Hora de jantar. Com tantas centenas de pessoas a passearem e a jantarem naquela zona, ao nosso lado tinha de ficar o par pedante do ano. Um casal que inicialmente suspeitei estarem envolvidos em tráfego e consumo (mais fácil de acreditar) de drogas, pela forma como as palavras Colômbia+Holanda apareciam na conversa. Pior. Era malta da televisão. Ou pelo menos diziam eles, e várias vezes. Trabalharam assim com a RTP, filmaram ali ou estiveram nos bastidores de... O curioso é que falavam entre eles. A comida atrasou-se, pagaram os aperitivos e foram embora, porque ficavam sem lugar no concerto. Estranho problema, porque a sala tinha lugares marcados. Mas ainda bem que foram, pois permitiu-nos um fim de refeição mais descansado. Eles a saírem, a comida a chegar. Como diz a Cris, Deus não dorme (embora às vezes pareça).






Nessa noite de 25 de Julho, Aimee Mann deu o seu primeiro concerto em Portugal (Coliseu de Lisboa). Um concerto excelente, com a cantora encantada com a sala (elogiou a beleza da sala e dos bastidores) e com Lisboa (que, segundo disse, percorreu na véspera aproveitando para saborear os nossos vinhos). Em entrevista, disse também que Lisboa foi uma escolha pessoal, para incluir a uma lista reduzida de concertos (Londres e Dublin). E a crer pelo blog pessoal da cantora, no myspace, a opção valeu bem a pena.


"The highlight of the tour was Lisbon...we flew in and had a day off so we really got to spend a bit of time there, had a great meal, found a little outdoor cafe and drank some wine and some port, and then show the next day was fantastic...the audience was terrific, and the venue was beautiful, and I had a lovely time. I'm truly blessed to be able to make my living playing music with such great people. "

O concerto decorreu sempre de forma bastante descontraída, com Aimee Mann à vontade para críticas, comentários, confissões e até para se enganar e recomeçar uma música (que tocava ao vivo pela primeira vez). Anunciou um video amador de 31 today, que fez com uma amiga em 1h e está à vista de todos no tube. Cantou as belíssimas canções do Magnólia e revelou o ressentimento que caracteriza várias das suas letras, ao recordar que uma dessas canções perdeu um óscar para "Phill Collins and his monkey song" (bso do Tarzan, da Disney). Compreende-se o ressentimento, sobretudo porque perder o que quer que seja para o Phill Collins deve ser desmoralizante. mas já passaram anos suficientes para esquecer o trauma. Encaremos a coisa como um desabafo, feito entre amigos. E Aimmee estava seguramente entre amigos, se assim se pode considerar quem admira a sua obra. O público português mostrou sempre o entusiasmo que o caracteriza e o torna famoso (perguntem a P.J. Harvey, Peter Murphy ou Andrea Corr). Momento alto (opinião pessoal), o momento mais íntimo de todos, num dos encores, com Aimmee Mann a sós com a guitarra, sob o foco de luz. O palco escurecido, ocultando os outros músicos. Pouco a pouco, sem darmos conta, foram entrando na melodia, o piano, o baixo, as percussões, e tudo terminou em arrepios e aplausos.

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