Com a respectiva vénia, aqui está na íntegra o artigo de opinião de J. Pereira Coutinho (Expresso) que eu SUBSCREVO TOTALMENTE.
"Portugal dos pequenitos
Tempos houve em que mundos de ficção eram uma exclusividade do cinema. Relembro ‘The Truman Show’, o simpático filme em que um herói ingénuo era a personagem principal de um «reality show» televisivo. Tudo em volta era fachada: a cidade, a casa, os amigos. A mulher. E só ele, ali criado desde o berço, desconhecia os contornos do engodo. A coisa termina mal, ou bem, com o herói em odisseia clássica, a descobrir a fantasia, a abandoná-la com coragem e a regressar à realidade.
Em Portugal, o movimento é o inverso. E só esta semana o Governo português resolveu abandonar a realidade, onde sobrevive a custo, para mergulhar na mais brilhante fantasia. Aconteceu na escola do futuro, com José Sócrates a saudar para as câmaras uma turma ‘atenta’ e ‘preparada’, que dominava computadores, figuras geométricas e ‘quadros interactivos’. Tudo sob o olhar atento de professores cientificamente preparados e no meio de uma harmonia celestial. Claro que, lá pelo meio, alguém perguntou ao primeiro-ministro se ele não achava estranha a natureza irreal do cenário. Para começar, os ‘professores’ eram funcionários do Ministério da Educação. E, para acabar, os ‘alunos’ eram, na verdade, figurantes de telenovelas que, a troco de 30 euros, foram para ali levados, sentados e, de preferência, calados. O primeiro-ministro não comentou o insulto e, com toda a legitimidade, regressou ao bosque encantado na companhia das fadas e dos duendes. Escusado será dizer que agiu como lhe competia.
Aliás, não é de excluir que esta experiência pedagógica inaugure um novo caminho para a educação nacional, que todos os anos dá sinais de afocinhar na miséria. Se o problema do sistema está na desmotivação dos docentes e na indisciplina e ignorância dos alunos, talvez não seja má ideia removê-los do espaço e contratar actores de telenovela capazes de desempenhar o papel. Uma atitude ousada, capaz de retocar a nossa imagem internacional e que pode ser aplicada a outras áreas de interesse pátrio. Um governo de fantasia merece um país ao seu nível. E só um Portugal sem portugueses estará à altura de um governo sem governantes.
Tempos houve em que mundos de ficção eram uma exclusividade do cinema. Relembro ‘The Truman Show’, o simpático filme em que um herói ingénuo era a personagem principal de um «reality show» televisivo. Tudo em volta era fachada: a cidade, a casa, os amigos. A mulher. E só ele, ali criado desde o berço, desconhecia os contornos do engodo. A coisa termina mal, ou bem, com o herói em odisseia clássica, a descobrir a fantasia, a abandoná-la com coragem e a regressar à realidade.
Em Portugal, o movimento é o inverso. E só esta semana o Governo português resolveu abandonar a realidade, onde sobrevive a custo, para mergulhar na mais brilhante fantasia. Aconteceu na escola do futuro, com José Sócrates a saudar para as câmaras uma turma ‘atenta’ e ‘preparada’, que dominava computadores, figuras geométricas e ‘quadros interactivos’. Tudo sob o olhar atento de professores cientificamente preparados e no meio de uma harmonia celestial. Claro que, lá pelo meio, alguém perguntou ao primeiro-ministro se ele não achava estranha a natureza irreal do cenário. Para começar, os ‘professores’ eram funcionários do Ministério da Educação. E, para acabar, os ‘alunos’ eram, na verdade, figurantes de telenovelas que, a troco de 30 euros, foram para ali levados, sentados e, de preferência, calados. O primeiro-ministro não comentou o insulto e, com toda a legitimidade, regressou ao bosque encantado na companhia das fadas e dos duendes. Escusado será dizer que agiu como lhe competia.
Aliás, não é de excluir que esta experiência pedagógica inaugure um novo caminho para a educação nacional, que todos os anos dá sinais de afocinhar na miséria. Se o problema do sistema está na desmotivação dos docentes e na indisciplina e ignorância dos alunos, talvez não seja má ideia removê-los do espaço e contratar actores de telenovela capazes de desempenhar o papel. Uma atitude ousada, capaz de retocar a nossa imagem internacional e que pode ser aplicada a outras áreas de interesse pátrio. Um governo de fantasia merece um país ao seu nível. E só um Portugal sem portugueses estará à altura de um governo sem governantes.
Portugal dos pequenitos (2)
Aqui há uns tempos, a sra. Margarida Moreira, directora da DREN, moveu um processo a Fernando Charrua, um funcionário da casa. Segundo parece, o sr. Charrua é dado ao humor e a directora não gostou que as pilhérias do homem tivessem como destinatário a excelsa figura do sr. José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa. Passaram-se dois meses. E, dois meses passados, a ministra da Educação mandou arquivar o processo por considerar que existe “direito à opinião” e que o comediante Charrua não visou nenhum “superior hierárquico directo”. A sra. Margarida Moreira respeita a decisão e, mais, aplaude publicamente a sua própria desautorização. Num país normal, Charrua seria indemnizado e reintegrado na DREN. E a sra. Margarida Moreira demitia-se, ou seria demitida, por andar a perseguir politicamente os seus funcionários. Mas este não é um país normal."
Aqui há uns tempos, a sra. Margarida Moreira, directora da DREN, moveu um processo a Fernando Charrua, um funcionário da casa. Segundo parece, o sr. Charrua é dado ao humor e a directora não gostou que as pilhérias do homem tivessem como destinatário a excelsa figura do sr. José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa. Passaram-se dois meses. E, dois meses passados, a ministra da Educação mandou arquivar o processo por considerar que existe “direito à opinião” e que o comediante Charrua não visou nenhum “superior hierárquico directo”. A sra. Margarida Moreira respeita a decisão e, mais, aplaude publicamente a sua própria desautorização. Num país normal, Charrua seria indemnizado e reintegrado na DREN. E a sra. Margarida Moreira demitia-se, ou seria demitida, por andar a perseguir politicamente os seus funcionários. Mas este não é um país normal."
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