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segunda-feira, janeiro 08, 2007

governo de pensamento único

Para além da arrogância que o caracteriza, nada mais existe na cabeça de Sócrates e companhia, para além de um único pensamento, o €. Todas as medidas são vendidas pela comunicação social como grandes e corajosas decisões que irão salvar a pátria (hum, regressou o mito do Salvador da Pátria, que curioso). Acontece que, quando se conhecem as questões mais profundamente, se percebe que a única intenção é a de cortar nos gastos. Quanto à coragem, é uma treta propagandística. Se houvesse coragem, diminuiam-se o número de deputados. já que a maioria não pensa por si mesmo e apenas está lá para votar no partido, bastava ter uma ou duas dezenas de indivíduos e dar-lhes votos como acontece nas assembleias dos clubes de futebol. Os mais importantes (ou seja, os dos partidos mais votados) tinham mais votos, tal como os sócios mais antigos cujo voto vale por dez. Muito se pouparia aqui, quer em salários, quer em ridículas reformas (mantém-se o sistema de oito anos para a reforma, ou também subiu para os 65 anos? Ah, pois, ser deputado é muito mais arriscado do que ser piloto da TAP, vejam só os danos mentais que as criaturas aparentam sofrer...) Se houvesse coragem, os clubes de futebol perderiam o seu regime de excepção, cujo fim foi apregoado pela comunicação social que se esqueceu de dar, em notícia de abertura ou de primeira página a notícia do posterior recuo do governo. Se houvesse coragem, a questão da falta de médicos estaria há muito resolvida. Bastava para isso implementar o sistema americano. Já que é o Estado a pagar a formação dos médicos (as propinas não cobrem senão uma ínfima percentagem dessa quantia), então estes deveriam trabalhar onde o Estado entender durante um período de tempo (2 a 4 anos, por exemplo). É assim que nos EUA se arranjam os médicos para o Alasca e outras regiões menos atractivas. E se os médicos formados não quiserem, então que paguem na totalidade os custos que o Estado teve na sua formação. Estava resolvido o problema.
A propósito de decisões de pura poupança, basta ver a forma como se está a processar o encerramento de unidades de saúde. Canalizar as urgências de Penacova, Figueira, Góis, Lousã, Miranda, Condeixa, Cantanhede, Serpins, Arganil, em breve Covilhã, Guarda, Castelo Branco... para os hospitais de Coimbra não melhoram os serviços, apenas os entopem. Só com os utentes da área de Coimbra os serviços são lentos, quanto mais assim... Mas é mais barato, até porque, à semelhança da ex-ministra inglesa da educação, não são os senhores do ministério a necessitar do serviço nacional de saúde. Outra medida corajosa: cortar nos privilégios da gente incompetente do banco de Portugal, na frota luxuosa do Estado, nos subsídios de deslocação de deputados que dizem viver fora de Lisboa para lhes ser paga a renda da casa lisboeta...
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Poupar dinheiro: chamar serviço não-lectivo às aulas de substituição. Para não as pagar. Porque se sabe que o tal serviço não-lectivo vai ter de ser feito de qualquer modo.
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Poupar dinheiro: impedir as escolas de constituírem turmas mais reduzidas, de quinze alunos no máximo, para combater melhor o insucesso a matemática. Todas as medidas são viáveis, dizia-se na página ministerial, menos essa. Qual o critério pedagógico para o proibir? Ninguém percebe. Quais os critérios económicos? Óbvios.
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Poupar dinheiro: ser incapaz de corrigir um erro informático durante mais de um mês, à semelhança do que ocorreu há uns anos com a colocação de professores, evintando-se assim o pagamento do salário de Janeiro aos novos médicos que deveriam ter já sido colocados.
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O Estado português perde todos os casos que os seus cidadãos colocam contra ele nos tribunais europeus. Porquê? Porque, aos olhos da lei europeia, temos um estado mentiroso, ladrão e que age constantemente de má-fé. Com tal exemplo, como quer o Estado ter o respeito dos cidadãos? (A propósito de derrotas em tribunais, será que a ministra da educação já veio a público dizer que, à semelhança dos Açores, também Coimbra, Leiria e Castelo Branco não fazem parte do território de Portugal? É que o seu ministério foi condenado por tribunais dessas áreas...)

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