Ontem foi noite de ballet na Covilhã. E ainda que sem orquestra, foi uma experiência excepcional. Uma noite fria, com o vento a descer da Serra para as ruas acidentadas da cidade, e grupos de gente encasacada (não faltavam as senhoras exibindo as peles, que também as há na Covilhã) caminhando em direcção ao cine-teatr. O edifício é antigo e tem um porte orgulhoso. Não está em Lisboa nem em Moscovo nem em Londres nem em Nova Iorque, mas lembra um velho que viveu dias entusiasmantes. Cansado, mas vivivo. A porta de entrada dá para um átrio com um café e respectivas mesas à direitas e uma grande escadaria à nossa frente. Subindo as escadas, a meio das quais (estranha ideia) eram vistos os bilhetes, encontramos as portas de entrada para a plateia. Uma outra escadaria conduz ainda para o balcão, reservado a outros olhares. Uma sala dos anos 50, com cadeiras de madeira escura, mas confortáveis, espaçosa e agradável. Um clima acolhedor, sem o frio habitual das salas antigas ou o neon frio das salas modernas. Crianças na plateia fazem-se ouvir entre o zumbido das vozes dos adultos e o agitar dos casacos que se iam despindo. Luzes apagadas. Começa a música. Abre-se a cortina e o mundo muda. É natal...
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