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domingo, abril 16, 2006

Elementar, meu caro Watson



À medida que se aproxima o dia da defesa, a minha angústia aumenta. O estômago arde, recusa comida. O sono demora a chegar. Deito-me às 6h da manhã, espero o tempo que for preciso para que o sono me impeça de pensar no que aí vem. As mãos tremem e no desespero pergunto que vias tenho para me livrar da tormenta. Ou penitencio-me perguntando por que motivo me meti nisto.

Sempre admirei o Sherlock Holmes. Ao contrário dos outros ídolos, ser como ele sempre me pareceu mais fácil. Os outros (Raúl, sobretudo) admirei porque eram capazes de fazer o que eu nunca conseguiria. Raúl calou o Camp Nou, que o recebeu com a educação habitual, com chuva de assobios e insultos. Calou-os marcando um golo e correndo ao longo das bancadas com o dedo nos lábios, como que dizendo "shhhh... respeito é muito bonito!" Eu não só não marcaria o golo, como não faria o que ele fez.

Não estou, naturalmente, a dizer que iria combater o mundo do crime ou viver em permanente risco de vida como o Sherlock. O que admiro no detective é a possibilidade de fazer o que gostava (o estudo do crime) e, no momento de apresentar os culpados, chamar o Inspector Lestrade e deixá-lo ficar com os louros e com a parte desagradável de exposição pública. Quem me dera, agora, ter um Lestrade a quem pudesse entregar tudo. Que fosse ele passar o tormento da defesa por mim. Eu ficaria no meu confortável anonimato a saborear o cachimbo, à espera de mais um "crime" para investigar. O meu Conan Doyle, é triste dizê-lo, não tem um décimo da mestria do escritor inglês.

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