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segunda-feira, fevereiro 27, 2006

O regresso do lápis azul

A censura do lápis azul está de volta. Pelas mãos de Santos Silva, servente do engenheiro Sócrates. Sob o nome eufemístico de Entidade Reguladora para a Comunicação Social. Já não bastava a autocensura habitual dos jornalistas que não queriam pôr em causa os seus postos de trabalho noticiando algo que desagradasse aos patrões ou ferisse as suas inclinações políticas de tendêcia PS ou BE. Agora vamos ter hordas de iluminados, donos do bom senso, conhecedores dos meandros tortuosos dos limites da liberdade de expressão, a invadir as sedes dos meios de comunicação social sem mandato judicial. Trata-se de pôr em causa a separação de poderes, dando a gente nomeada por Sócrates (segundo critérios que não passam, obviamente, pela capacidade dos escolhidos de exercer livre-arbítrio ou opinião discordante do chefe) funções reservadas ao poder judicial. Eis mais um passo de gigante do "totalitarismo" inerente ao governo sócrates, colocado no poder por um golpe de estado institucional (esse sim) de Jorge Sampaio. Com a presidência a mudar de mãos (portanto vaga), com o carnaval, a liga de futebol ao rubro e debates idiotas sobre a gripe das aves, o governo faz o que quer. Até aqui, teve como aliado uma grande parte da comunicação social. Pois, Hitler (apesar das óbvias diferenças, o método é parecido), também teve aliados. Que depois traiu. Também foi eleito democraticamente. Também limitou a liberdade de expressão em nome de valores supostamente universais (o Estado e o perigo do comunismo, na Alemanha, equivalentes, em Portugal, para as contas públicas, a Europa, as boas ligações com o Islão e os abusos de expressã de quem discorda do governo). Hitler teve sorte, o presidente entretanto morreu e o pequeno ditador acumulou os cargos de chanceler e presidente. Salazar foi convidado pelos militares que tomaram o poder e a presidência era aparentemente decorativa. Sócrates, no entanto, vai ter Cavaco Silva pela frente. E, se abrirem os olhos a tempo, também os jornalistas. E nós todos.
(Se pensam que exagero, leiam o Francisco José Viegas e o Vasco Pulido Valente.)

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