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terça-feira, fevereiro 14, 2006

Jorge

O mundo às avessas por causa de cartoons, o fundamentalismo/terrorismo nas ruas, desta vez sem vergonha, assumido e deliberadamente propagandeado contra o Ocidente (li algures que há 3 ou 4 meses se conhecem os cartoons no mundo árabe, mas que só depois de uma recente reunião de líderes árabes foi decidido tirar proveito do tema), um empresário corajoso que se propõe fazer o que o Estado não sabe, não tem a coragem para, não consegue ou simplesmente não quer fazer, sim, pôr algumas dezenas de milhares de funcionários públicos a trabalhar e despedir os outros (veja-se a aflição dos sindicatos da PT, todos os dias emitem novas opiniões, num dia ele vai desmembrar a PT, no outro o Estado deveria manter as golden share, etc, etc...), a minha mulher deitada de lado já não cabe na cama (para quem não sabe, vou ser pai), Freitas do Amaral entrou definitivamente em despiste e não nos dá sequer tempo da gente se recompor de uma, vem logo com outra pior (um jogo de futebol?). Não bastava o panorama, ainda tive o azar de ler hoje (e logo hoje) no DaLiteratura o seguinte:

Faz hoje um mês o senhor Presidente da República falou ao país. Em síntese, disse que estavam em jogo «direitos fundamentais dos cidadãos», razão que o obrigara a exigir do procurador-geral da República um esclarecimento cabal, a prestar em «prazo curtíssimo». Estribado no prazo, o PGR adiou por três dias a ida à comissão parlamentar que o convocara. Afinal, o prazo do presidente tinha precedência. Passou um mês. Ninguém se lembra das listas da PT. Ninguém se preocupa com o prazo. Há quem argumente que o esclarecimento não era para nós, era para o dr. Sampaio. Ou que tudo não passou de um equívoco. Em qualquer dos casos, quem deve exigir um esclarecimento são os cidadãos cujos «direitos fundamentais» foram ofendidos, sem que se perceba porquê, e por quem.

Vocês desculpem esta minha obsessão por funcionários públicos incompetentes, mas a verdade é que nasci e cresci num sítio onde pura e simplesmente se vive da iniciativa privada, onde tudo tem prazos, responsáveis e nomes próprios. A gente aprende a sobreviver à custa das nossas responsabilidades. Mas que moral tem ou que exemplo dá este Jorge Sampaio para exigir o que quer que seja de quem quer que seja?! Com que monstruosa lata vem este tipo falar de centros de excelência, da elevação dos nossos padrões de exigência ou do aumento da produtividade? Como é que a gente o pode levar a sério? Um mês, senhores! E nada. Nem obtém respostas, nem toma medidas! Só depois me lembrei: ele também deve ser dos tais funcionários públicos. Calma, amigo, que isto não é para se fazer. É para se ir fazendo...
Vou emigrar... Porque é que não há aviões para a Lua?

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