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quinta-feira, setembro 13, 2007

As Mulheres do Meu Pai




Faustino Manso, famoso compositor angolano, deixou ao morrer sete viúvas e dezoito filhos. A filha mais nova, Laurentina, realizadora de cinema tenta reconstruir a atribulada vida do falecido músico. Em As Mulheres do Meu Pai, realidade e ficção correm lado a lado, a primeira alimentando a segunda. Nos territórios que José Eduardo Agualusa atravessa, porém, a ficção participa da realidade. As quatro personagens do romance que o autor escreve, enquanto viaja, vão com ele de Luanda, capital de Angola, até Benguela e Namibe. Cruzam as areias da Namíbia e as suas povoações-fantasma, alcançando finalmente Cape Town, na África do Sul. Continuam depois, rumo a Maputo, e de Maputo a Quelimane, junto ao rio dos Bons Sinais, e dali até à ilha de Moçambique. Percorrem, nesta deriva, paisagens que fazem fronteira com o sonho, e das quais emergem, aqui e ali, as mais estranhas personagens.

Nos últimos dias baixou a minha capacidade de relativizar as tragédias que os media vomitam. Faço um esforço para me abstrair e fruir todas as coisas boas que tenho, vejo e sinto. Eu que gosto de livros com muita angústia, procuro agora leituras mais ligeiras. A minha vontade era agarrar no Diário de Bridget Jones e sorrir.

Na minha book cover trago o último romance do Agualusa, As Mulheres do Meu Pai. Durante anos ofereci resistência à literatura africana de língua portuguesa. Talvez porque comecei com o Mia Couto. Ainda que a afirmação possa ser polémica, a verdade é que os livros do Mia não me fascinam, não me encantam, não me prendem. Pelo contrário. Cansam-me e cansa-me sobretudo estar constantemente a recorrer ao glossário...
A S. dizia-me muitas vezes que o José Eduardo Agualusa era diferente. Tinha dificuldade em acreditar. Coloquei-os a todos no mesmo saco. Mas enganei-me. Como tantas vezes...


Não tem nada a ver com a ligeireza do Diário acima referido, mas também não me dá nenhum nó na garganta, logo, está a ser uma leitura óptima para acompanhar este sol inesperado que teima em permanecer nesta terra abençoada.

Não sei se somos um povo púdico, mas a diferença das capas das diferentes edições devem querer dizer alguma coisa ;)





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