The Sucessor, de Ismail Kadare, conta a história da "estranha" morte do sucessor do ditador comunista albanês Enver Hoxha. A história é contada de acordo com várias perspectivas, as dos que estão directa ou indirectamente ligados ao sucessor. Este (personagem real), foi encontrado morto no seu escritório com um tiro que atingiu o tronco. Um tiro que, de acordo com a autópsia, entrou pelas costas e não pela frente. Um pormenor que, não obstante, não impediu que prevalecesse a versão oficial de suicídio. O sucessor, homem que deveria herdar o lugar de Hoxha, caiu entretanto em desgraça ao casar a sua filha com o descendente de uma antiga família nobre, poderosa nos tempos anteriores ao comunismo. A anulação do casamento não o impediu de ser avaliado pelo partido, em sessões que o ditador filmava para depois analisar a postura e o comportamento de todos os presentes. A Albânia, ex-ditadura comunista e um dos países mais pobres e atrasados da Europa (et pour cause), tinha 700 mil bunkers e 5% da população nas prisões. Os membros do partido viviam todos no mesmo bairro de Tirana, o Bllok, onde decorre a acção narrada por Kadare. O terror que todos viviam, a incerteza do seu destino, sempre nas mãos do capricho do lider, está bem evidente nestas páginas. E era um sentimento bem verdadeiro, já que as mudanças de posição política do regime acarretavam sempre limpezas no partido. Os adeptos de Tito foram perseguidos e eliminados quando a Albânia se declarou anti-jugoslava, o corpo de alguns deles foi depois exumado e sepultado com honras quando a Albânia ficou novamente pró-tito, para regressarem a valas desonradas quando a posição voltou a mudar.
Um livro que vale a pena ler, que prende desde o início, com uma linguagem clara e que (aspecto a sublinhar) foi vencedor do Man Booker International Prize 2005.
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Também merecedor de leitura, um romance irlandês sobre o lado negro da Irlanda, do crime, da corrupção e da impossibilidade de se construir uma vida quando o passado pesa sobre nós. Nem tudo na ilha esmeralda são campos verdes, raparigas de olhos claros, chuva, música e guinness. William Wall, This is the country (longlisted for the Man Booker Prize, as well).
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