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domingo, dezembro 07, 2008

Um fugaz rasgo de clarividência tombou do céu e caiu sobre josé sócrates. Este, dotado desse novo poder, olhou para os jornais e pensou: não posso confiar nestas sondagens, mas tenho de saber o que realmente as pessoas pensam de mim.
Assim sendo, deixou o fato cinzento da macmoda no armário e vestiu roupas normais, treinou o tom de voz para não ser reconhecido nem confundido com o cómico dos gatos fedorentos, e foi para o metro de Lisboa. No Campo Grande, entrou numa das carruagens e sentou-se ao lado de um homem que lhe pareceu representar o cidadão comum. Depois de ganhar a sua confiança em conversas de circunstância, ganhou coragem e perguntou: olhe lá, o que é que o sr pensa do primeiro-ministro josé sócrates?
O homem olhou para sócrates seriamente, mandou-o calar com o gesto e pediu-lhe para o seguir. Mudaram de metro várias vezes, saíram no Oriente, apanharam um comboio para o Entroncamento, daí para a linha da Beira Baixa, depois um autocarro para Viseu, de Viseu outro autocarro para Aveiro, de Aveiro o comboio regional (que tomaram em carruagens separadas) para o Porto e, do Porto, um autocarro para o Gerês. No Gerês, caminharam horas até um local, esquecido nas serranias, onde não houvesse rede de telemóveis, nem hipóteses de serem avistados ou ouvidos por quem quer que fosse.
Aqui estamos seguros, disse o homem.
Então, disse sócrates, já me pode responder à pergunta. Qual é a sua opinião sobre o primeiro-ministro?
Na verdade, murmurou o homem, ainda com ar desconfiado, olhando em volta, é que até simpatizo com ele.

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