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domingo, setembro 28, 2008

Vinha eu, Sexta-feira, de regresso a casa, a ouvir o Contraditório, quando a conversa no programa se debruçou sobre Afonso Henriques. Carlos Magno defendeu que Guimarães deveria ser a capital de Portugal, uma opinião que não comento. O que é importante comentar é o espanto de Luís Delgado, dizendo que não compreende por que motivo D. Afonso Henriques está sepultado "num mosteiro em Coimbra."
É verdade que as pessoas, mesmo os comentadores políticos, não podem saber tudo e, por vezes, são obrigadas a falar de assuntos em que se sentem menos à vontade. No entanto, há situações em que o silêncio é preferível. Claro que na rádio o silêncio é incómodo e tem de haver sempre uma frase a encher o ar. Mas falar da importância do conhecimento da história pessoal de Afonso Henriques para a compreensão da nossa realidade e não perceber a ligação entre o primeiro rei e o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra é algo de ... contraditório. Das duas uma, ou não se conhece a história de Afonso I, ou não se percebeu essa história.
Se Afonso Henriques nasceu realmente em Guimarães (facto que a Historiografia não dá como garantido, mas a mitologia local mantém por tradição e turismo), esse facto é algo acidental. Ninguém escolhe onde nasce (eu que o diga). Pode-se nascer até numa terra que nunca se irá conhecer, por mero acidente. Daí não nasce uma ligação emotiva e pessoal.
Ao longo da sua vida, Afonso I elegeu Coimbra como terra de eleição. E promoveu o Mosteiro de Santa Cruz, a quem confiava a guarda do seu tesouro e de onde saíam homens de confiança da sua corte e conselho. Por esse motivo, o Conquistador escolheu a igreja do Mosteiro dos Agostinhos para descansar no seu sono eterno. Ninguém escolhe onde nasce, mas o local onde passaremos a eternidade pode ser fruto de uma decisão íntima.

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