O Jornal de "Notícias" (salvo seja) noticiou ontem na primeira página que o "Ensino Secundário tem oito alunos por professor", uma interessante "notícia" surgida para encobrir a vergonha que foi o espectáculo degradante de ver os idiotas do ministério a vangloriem-se pelas "subidas" dos resultados (quando todos se sabem como se conseguiram esses resultados, à custa da batota de exames de treta). Claro que no corpo do texto se diz que
"Todavia, o bom número de alunos por professor não tem reflexo na dimensão das turmas." O problema é que a maioria das pessoas que passa pelas bancas não compra o jornal nem vai ler a notícia na edição online. Fica, portanto, com a "informação" (pouco rigorosa) da primeira página. Ou é incompetência (que não se exclui) ou má fé, uma forma de defender uma governação indefensável.
No texto, o jornalista Tiago Alves ainda propõe uma hipótese explicativa que imediatamente recusa, pelo que não se percebe por que motivo perdeu tempo a escrevê-la (ou pretendeu deixar uma acusação no ar - o comentário habitual de quem ignora o que se passa nas escolas, ou seja, que "os professores não fazem nada"):
"Uma explicação para este fenómeno poderia passar pelo facto de os professores portugueses passarem pouco tempo do seu horário de trabalho a ensinar na sala de aula, mas, de acordo com o estudo, Portugal é o terceiro país onde os professores mais ensinam: 60% do tempo total na Primária e 50% no Secundário."
Como não podia deixar de ser, o jornalista teve que ir buscar o exemplo da Finlândia (que só é exemplo porque sócrates e sampaio, a dada altura, tiveram orgasmos psicológicos com a estadia de algumas horas que tiveram por lá - recorde-se que sampaio afirmou que os professores finlandeses trabalhavam mais de 35 horas por semana na escola, dado ridículo que foi desmentido por representantes do governo finlandês, mas que não foi tão noticiado como a afirmação sem fundamento do ex-presidente):
"Portugal é o país que gasta a maior percentagem do orçamento dedicado à Educação com o pessoal, um pouco mais de 95%, sendo que 85% dos gastos no Básico e 81% no Secundário são exclusivamente com professores. A título de exemplo, diga-se que a Finlândia apenas gasta 65% do seu orçamento com o pessoal, alocando os restantes recursos financeiros para a investigação e serviços de apoio como materiais, alimentação, alojamento ou transporte."
A Finlândia, curiosamente, só serve de exemplo quando interessa ao ministério da educação e aos seus porta-vozes nos media. E, de qualquer modo, quais os resultados práticos do grande ensino finlandês? Onde estão os seus grandes nomes da cultura, da literatura, da economia, da ciência? Por que não copiar o bom que se faz nos EUA, esse sim um país modelo, com provas dadas? Porque a realidade não é comparável? Pois não, mas também não é de boa fé comparar a realidade finlandesa com a portuguesa...
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O ministério da educação português é a prova de que não há limites para a estupidez humana. Bom, um dos secretariozecos chama-se pedreira, precisamente um espaço oco que se limita a produzir calhaus. Faz sentido.
A última imbecilidade produzida por esta gente, e ao nível de um novo record mundial, é o calendário de avaliação dos professores. Os professores vão ser avaliados por ano civil! Sim, como os outros funcionários públicos. Porém, o trabalho de um professor não pode ser avaliado pela metade final de um ano e pela parte inicial de outro ano. Qualquer pessoa com a 4ª classe percebe que a avaliação tem que ser feita por ano lectivo, porque é em Setembro que se inicia um processo que termina em Agosto do ano seguinte. Só aquela cambada não é capaz de ver isso. Assim sendo, vamos ter o absurdo de vermos gente ser avaliada por uma escola estando já a dar aulas na outra escola...
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