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quinta-feira, novembro 25, 2010

"Dirão os realistas da economia cínica – que se caracterizam quase sempre por não estar na situação laboral sobre a qual opinam – que, com medo ou sem ele, com sindicatos ou sem eles, quando a racionalidade económica obriga, não há outro remédio senão perder o emprego, a bem ou a mal. E a realidade dos dias de hoje parece comprová-lo: seja qual for a retórica sobre os direitos laborais, se a economia real não os suporta, eles não valem nada. Não é verdade, porque no mundo complexo do real, a racionalidade económica não é uma linha definida que deixa de um lado o branco e do outro o preto. As coisas são quase sempre cinzentas e o jogo de luz e sombra faz-se de múltiplos interesses contraditórios sem os quais haveria muitos abusos e prepotências.

Por tudo isto, mesmo em crise, o protesto sindical é uma manifestação de forças que equilibra e impede os desequilíbrios. Por tudo isto, a greve geral tem uma componente de resposta ao medo e à prepotência que, não contribuindo para “combater” a crise, impede que no seu decurso haja uma perda completa da dignidade pessoal de quem trabalha."

2 comentários:

guida c disse...

Agradeço o esclarecimento.
Tenho pouca fé no patronato, mas também não acredito nos sindicatos... pelos menos dos actuais.

Paulo Agostinho disse...

O nosso "patronato", sobretudo o privado, não se recomenda. Curiosamente, proclamando-se "privado", vive às custas do Estado, mas passa a vida a criticar os que o sustentam com os seus impostos. Os sindicatos também se recomendam pouco, visto que as suas lideranças por norma se guiam por uma regra sagrada: negociar o que nos convém, e não o que convém a quem representamos. Seja como for, entre uns e outros, prefiro os segundos. Neste momento. Porque a "culpa" da crise está mais nas mãos dos primeiros do que nos segundos.
Prefereria, se pudesse, eliminar uns e outros e substituí-los por gente a sério. Mas em Portugal não há lugar para gente a sério.