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domingo, março 18, 2007

all-garve

A última visão governamental passa por promover o turismo algarvio com uma campanha que altera o nome Algarve para Allgarve. A lógica, explicou sabiamente o ministro ou secretário, é chegar ao público de língua inglesa. Hum... Se a estupidez servisse de fertilizante, só esta ideia permitiria cultivar o deserto do Sara (ou deverei dizer Sahara?). Em primeiro lugar, porque é totalmente imbecil. Em segundo lugar, porque trata os Ingleses como se fossem membros do governo português, ou seja, iletrados e com défice de aprendizagem acentuado. Todos os Ingleses (e já agora Irlandeses) que fui conhecendo não têm qualquer dificuldade em pronunciar Algarve, com apenas um l. Terceiro, porque promover o Algarve junto do público inglês é o mesmo que publicitar coca-cola junto de adolescentes. Seria muito mais inteligente promover junto do mercado britânico o resto de Portugal (a parte que realmente é bonita e culturamente interessante e que não se resume a hotéis de má qualidade, praias poluídas e lotadas e campos de golfe, o tal "all" que compõe o allgarve). Quarto, porque anglicizar (será assim que se diz?) um nome geográfico para atrair turistas é um claro sinal de terceiro-mundismo e de falta de personalidade, características intrínsecas ao nosso governo, que entra em êxtase místico sempre que surgem sinais misteriosos vindos de além-fronteiras, seja Finlândia (a pátria da educação), Espanha ou, mais recentemente, Índia (onde o sucesso económico assenta numa curiosa exploração em semi-escravatura de mão-de-obra adulta e infantil, aparentemente tão ao gosto do ministro da economia).
Se a moda pega, poderíamos ver o governo a alterar outros nomes. Desde já, sugiro que Coimbra seja rebaptizada como Oxford, Cambridge ou Harvard, tanto faz. A Figueira poderia designar-se por St. Tropez da Foz. Minho e Trás-os-Montes poderiam mudar o nome para Iberian Ireland, Lisbon mantinha-se ou passava a ser Madrid-by-the-Sea. Setúbal podia ser European Cape Verde e o Alentejo Portuguese Sicily. Oporto perdia o O para ser mais facilmente associado com o Porto (wine) ou o FC Porto (ex-clube do special one). A Madeira atrairia muitos(as) jovens ingleses(as) se mudasse para Ronaldo's Hometown, embora também não careça de grande publicidade. A cerveja sagres deveria mudar para cheap ale, a RTP para low budget BBC, os pastéis de Belém para portuguese breakfast (servido com black coffee). E por fim, S. Bento seria Lisbon Human Zoo e o sr. Sócrates seria Hose (josé) the Gray (cinzento) Gay (alegre) Clown (palhaço). E Cavaco Silva, dada a sua actual função e desempenho, poderia ser conhecido como Madame Tussaud's wax statue of Former Portuguese Prime-Minister Mr Cavaco Silva.

1 comentário:

Anónimo disse...

Acho piada (no sentido da anedota) a esta mania portuguesinha de comparar o que é incomparável, como "Aveiro, a Veneza do norte". Quem se lembrou deste epíteto NUNCA esteve em Veneza, claramente! Pior do que este, é chamar a Gandra, uma terriola em Valongo, nos arredores do Porto, "cidade universitária"! ha! ha! ha! ha! Nota: Tem uma instituição dita de ensino superior chamada CESPU.