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segunda-feira, fevereiro 23, 2009

antologia da estupidez made in ministério da educação 1

No ano em que se comemora o centenário de Darwin, seria bom que alguém investigasse a existência (ainda não demonstrada) de inteligência no ministério da educação. Eis algumas pérolas a merecerem figurar numa futura antologia da estupidez em Portugal:
1. jorge pedreira
Resumo: só os tribunais decidem o que é legal ou ilegal (dah); recorrer aos tribunais é irresponsável (what?); haverá vida inteligente naquela cabeça?
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2. margarida moreira, directora da dren (esse microclima que tem escapado ao processo civilizacional):
"Embora os computadores [os ditos magalhães] entregues não correspondam à totalidade da encomenda, tal só significa que haverá novas distribuições"
(é lindo; linnnnn.do! E isto pertence a um documento oficial, note-se)
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3. margarida moreira
"Os computadores recebidos devem ser enviados pela escola para casa, no próprio dia de entrega, sem mais qualquer delonga"
Repararam no detalhe do "sem mais qualquer?", uma expressão que colocaria Eça na enfermaria e cegaria Camões em definitivo? (do mesmo documento oficial, ele próprio uma antologia da estupidez que continuaremos a citar)
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4. margarida moreira (sim, há mais)
"O pagamento dos Magalhães, nos casos em que a isso os pais sejam obrigados, estão a receber informação por sms devendo, em todas, constar a entidade 11023"
(esta pérola já se tornou um clássico)
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5. margarida moreira
"Caso o número de computadores de entrega, não corresponda com o número presente na guia de remessa, deve o facto ser mencionado directamente nesta, referindo o número total recebido. Tal facto não impede que, de imediato, se recebam os computadores apresentados;"
Adorei a vírgula que separa o sujeito do verbo; esta senhora deve ter andado na mesma escola que o seu amigo "engenheiro"; se bem entendi esta passagem (e não garanto ter entendido), mesmo que o número de computadores recebidos seja diferente do previsto, "tal não impede que ... se recebam os computadores" que tinham sido já recebidos (caso contrário, como se chegaria à conclusão inicial do erro no número de unidades?)
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6. margarida moreira
"O Ministério da Educação tem perfeita consciência das dificuldades que este tipo de acção de massas acarreta às escolas e, embora esta situação lhe escape entende que o mais importante é a recepção dos Magalhães, como mais valia almejada pelos nossos alunos, e por isso agradece toda a colaboração e compreensão dos orgãos de gestão, dos professores e dos serviços administrativos e auxiliares."
Esta passagem é, toda ela, o espelho do pensamento (suponhamos que se trata de um pensamento) do ministério ps sobre o ensino e a realidade. Aprecio, desde logo, a veneração conferida ao computador, evidente no uso da maiúscula (uma dignidade que "escolas", "alunos" "professores" e "serviços administrativos e auxiliares" não mereceram) e na caracterização do referido utensílio como uma "mais valia almejada pelos nossos alunos." Os "nossos alunos", que esta senhora não conhece, não "almejam" computadores medíocres. Esses alunos que valorizam a Escola "almejam" bibliotecas decentes, salas decentes, órgãos de gestão competentes, programas não totalmente idiotas, exigência e qualidade do ensino. "Almejam" sair dos 12 anos de escolaridade não com um diploma de treta (como ocorre nas novas oportunidades), mas com uma formação que lhes permita seguir um percurso académico ou profissional ao nível das suas capacidades. Mas estes são os Alunos dos Professores, os "alunos" da dona margarida são precisamente os outros. Ou pelo menos assim ela julga, já que não os conhece.
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7. margarida moreira
"Quando um encarregado de educação [de novo a minúscula] recebe sms e é do escalão A [o sms ou o "encarregado de educação"?], deve ser reportado [quem? o sms ou o "encarregado de educação?"] e naturalmente o computador entregue ao aluno;"
Naturalmente.
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"Sendo certo que muitos docentes não se aceitam o uso dos alunos nesta atitude inaceitável, acompanharemos de muito perto a defesa do bom nome da escola, dos professores, dos alunos, e de toda uma população que muito tem orgulhado o nosso país pela valorização que à escola tem dado"
Um conselho: se quer realmente fazer a defesa do "bom nome da escola", seja de Paredes de Coura, seja de qualquer outra terra, ceda o seu posto a alguém que saiba escrever ou ler. Porque ou não sabe escrever e produziu esta treta, ou pediu a alguém para escrever por si e não leu antes de assinar, o que também não me parece algo digno de quem está num cargo de chefia. Bom, eu sei, eu sei, o seu chefe chama-se josé sócrates...
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(continua)

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