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terça-feira, junho 27, 2006

Resposta à ministra (que não considero burra)

No Ens. Sup. um professor é avaliado 7 vezes (!) ao longo da carreira, se não vejamos: é avaliado pela média de conclusão de licenciatura que, não sendo boa, o coloca imediatamente de fora sem hipóteses de contratação face às de outros candidatos; depois é avaliado no mestrado, sem o qual não passa de estagiário a assistente; de seguida vem o doutoramento, sem o qual não passa a professor auxiliar, e é despedido (!); 5 anos após a conclusão do PhD é novamente avaliado no trabalho que desenvolveu depois de se doutorar, num processo que se designa por nomeação definitiva (sendo-o, ainda não é desta que passa para os quadros, mas se não conseguir essa nomeação definitiva é despedido (!!)); de seguida vêm (não obrigatoriamente por esta ordem) as provas de agregação; e mais provas para a passagem a professor associado (e aqui, aos 50 ou 60 anos de idade, se tiver sorte, passa então para os quadros); finalmente, o seu curriculum pode ser avaliado para a passagem a catedrático. As duas últimas passagens acontecem apenas quando surgir uma vaga nos quadros e eu nem sequer vou discutir se isto é justo ou não.
Posto isto, devo dizer-te que no final de cada semestre os alunos avaliam o professor. E se é verdade que neste caso a avaliação é feita pelos alunos que já são adultos, no teu caso, preferia ser avaliado pelos pais do que por alunos. A questão da maturidade perece-me evidente. Também não é menos verdade que no teu caso o peso da avalição dos pais é residual (no outro caso, uma avaliação negativa generalizada tem consequências imediatas). Surge apenas como uma forma de os fazer participar no processo educativo. Concordo contigo quando referes o desinteresse dos pais, a conflituosidade com as associações de pais, o perigo de inflação das notas, as leis estúpidas que impedem alguns alunos de reprovar e o facilitismo instalado no ensino de uma forma generalizada, mas não percebo porquê tanto alvoroço sobre uma avaliação. Ela faz parte do trabalho de toda a gente (mesmo que muitas vezes haja avaliações injustas, o que é verdade), e o que tem acontecido até aqui, são 30 anos sem avaliações, Paulo! Como é que não te revolta muito mais ver um professor competente e trabalhador ser todos os anos passado à frente por gente acomodada aos seus direitos vitalícios, que conquistou única e simplesmente por causa da idade (!?), sem garra, sem ideias, sem medo da competição e... sim, da avaliação! Ela é vital, sem ela não há qualidade! Existe no privado (onde é tantas vezes injusta e) que apesar de tudo funciona muito melhor do que o público, porque não haveria de existir neste também? Deixa vir esta ideia e deixa vir muitas outras, que elas só vão beneficiar os professores competentes. Como tu!
Desculpa, mas parece-me que gosto desta ministra ;)

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