Para quem ainda não viu, fica aqui o vídeo propaganda do magalhães:
Observando bem as imagens e as mensagens transmitidas, encontramos por trás o preconceito de que o ensino tem de ser divertido, tem de ser uma descoberta, com risos, com quatro e cinco alunos a acotovelar-se para olhar para o monitor, com o professor a apontar para alguma coisa na imagem. Quem pensa que assim se pode ensinar alunos (seja no 1º ciclo, onde as consequências serão criminosas, seja em qualquer outro nível de ensino básico e secundário) não percebe nada de ensino. Podem ter teses sobre o assunto, mas nunca trabalharam com uma turma, nunca viveram o contexto de uma sala de aula, com os seus conflitos, com o jogo de poder entre alunos e professor (inevitável), ou seja, entre a desordem e a disciplina. Quem concebeu este vídeo não sabe que aprender é por vezes (muitas vezes) aborrecido, desagradável, cansativo. E que essa aprendizagem tem de ser feita em papel, em folhas, livros e cadernos, contra a vontade dos alunos, que sem dúvida prefeririam brincar, conversar, correr, saltar, queimar as energias com que nasceram. E também não sabe que essas aprendizagens são feitas em salas desconfortáveis, frias, sem espaço nas carteiras para cadernos, livros, estojos e computadores e sem tomadas para todos os magalhães que existem por sala (e cuja bateria não dura um dia inteiro).
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Se o lema "um aluno, um pc" fosse substituído por "uma sala de aula, um pc", os resultados práticos seriam muito melhores (para além de ser muito mais barato). O problema é que não dava votos. E não ficava bem na televisão. Mas dava, na mesma, para fazer contratos suspeitos com empresas manhosas... Ou seja, nem tudo seria mau para o primeiro-analfabeto sócrates.
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