Hoje, Valter Lemos vem a Baião inaugurar uma escola primária que foi construída ao lado de uma secundária para a qual não houve tempo ou dinheiro ou vontade de construir rampas para alunos com deficiência motora. Há pouco tempo, o pavilhão de Ed. Física da escola foi demolido para que se construa um novo. O problema é que foi demolido no início do ano lectivo, deixando os alunos sem um espaço digno para as aulas. A Câmara Municipal emprestou o seu pavilhão municipal, mas como precisa desse espaço para outros eventos, muitos são os dias sem que os alunos da escola possam ter aulas. E é preciso lembrar que as notas de Ed. Física contam para a média final dos alunos do ensino secundário. Dizem (as más línguas, certamente, porque este ministério será desse calibre, ou será??) que o pavilhão foi demolido porque a sua simples presença, em mau estado, seria inestético para o dia da inauguração da nova escola primária. Ficaria, digamos assim, mal na fotografia e estragaria a propaganda do sr. secretário. Dizem também as mesmas más línguas (gente caluniosa e mal-intencionada, seguramente a mando de professores manifestantes) que ainda se pensou em mandar pintar o pavilhão propositadamente para o dia da inauguração (e demoli-lo em seguida, afastadas as câmaras e os olhares). Tal ideia, absurda, naturalmente não foi posta em prática.
Entretanto, hoje os alunos de Educação Física ficam novamente sem aulas durante meio dia porque os autocarros que os levam da escola para o pavilhão municipal estão reservados para a vinda das crianças das escolas primárias e respectivos encarregados de educação que vêm adornar o cenário da propaganda do sr Lemos.
Na mesma escola secundária, há uma turma CEF (sim, um daqueles cursos que a sra ministra tanto adora e que, segundo ela, são um passo decisivo para a formação dos jovens e sua futura integração no mundo do trabalho - na construção civil espanhola, bem visto) que está desde o início do ano lectivo à espera de professor da sua área de formação (electricidade). Em vez de inaugurações, o sr ministro faria bem em trabalhar para resolver este problema. Só que estas situações vergonhosas não dão votos e não permitem aparecer nas televisões em discursos e actos de corta-fitas.
É dia de festa em Baião. Dia das bruxas, mas parece mais de carnaval. E lá aparecerá o sr Lemos na RTP a inaugurar mais uma escola, sem que a verdade da encenação ridícula que se vai viver neste dia apareça nas televisões.
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