Ela estava à espera, alegre e animada, aguardando cortesmente para começar a sopa, quando Mr. Welton tomou o seu lugar à mesa.
«Oh, sopa de tomate, he?» disse ele.
«Sim», respondeu ela. «Tu gostas, não?»
«Quem - eu?» disse ele. «Ah, sim. Sim, é verdade.»
Ela sorriu-lhe.
«Sim, bem me parecia que gostavas», disse ela.
«Tu também gostas, não é?», perguntou ele.
«Ah, sim», assegurou-lhe ela. «Sim, gosto mesmo muito. Gosto extraordinariamente de sopa de tomate.»
«Sim», disse ele, «não há nada melhor do que sopa de tomate numa noite fria.»
Ela inclinou a cabeça, concordando.
«Também acho que é bom», confessou.
Tinham tido sopa de tomate para o jantar provavelmente três vezes por mês durante a sua vida de casados.
A sopa estava terminada e Delia trouxe a carne.
«Bem, isto está com óptimo aspecto», disse Mr. Welton, trinchando-a. «Já não tínhamos bife há muito tempo.»
«Ora, sim, temos tido, também, Ern», disse a mulher ansiosamente. «Tivemos bife - deixa-me ver, em que noite é que os Baileys cá estiveram? - tivemos quarta-feira à noite - não, quinta à noite. Não te lembras?»
«Tivemos?», perguntou ele. «Sim, acho que tens razão. Parecia-me mais tempo, não sei porquê.»
Mrs Weldon sorriu educadamente. Não conseguia pensar em nenhum modo de prolongar a discussão.
De que é que falavam as pessoas casadas, afinal, quando estavam as duas sozinhas? Tinha visto casais - não daqueles duvidosos, mas pessoas que ela realmente sabia serem maridos e mulheres - no teatro ou em comboios, falando um com o outro tão animadamente como se fossem apenas conhecidos. Observara-os sempre, maravilhada, interrogando-se o que diabo encontravam para dizer.»
Dorothy Parker, Que Pena, in "Contos", Lisboa, Relógio d' Água (pp. 59-60)
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