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domingo, julho 15, 2007

Até que enfim

Ao "arrogante" e "opinativa" eu acrescentaria o "cínica" e o "tendenciosa" e a frase estaria perfeita. O prós e prós (nome que retrataria melhor a essência do programa) tresanda a propaganda governamental disfarçada de debate. Basta recordar o fantástico "debate" (chamemos-lhe assim) sobre educação com a ministra e os seus amigos bajuladores.
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A propósito de ministra. A senhora ficou ultimamente numa situação complicada. Que fazer com a questão dos exames nacionais? Fazê-los com um grau elevado de exigência, obter maus resultados e poder com isso culpar os profs? O problema é que se arriscaria a perder o apoio dos representantes dos encarregados de educação (não confundir com os verdadeiros encarregados de educação). Não querendo correr o risco, a solução foi fazer a coisa bem fácil para agradar aos papás e estimular as estatísticas. Pena é que os sindicatos não tenham aproveitado para dar os parabéns ao excelente trabalho dos professores que tão bem prepararam tantas crianças e adolescentes para os exames e criticar a ministra por conscientemente agir de má fé contra eles. Seria um exercício de cinismo justo e certeiro, tendo em conta a criatura que visavam atingir.
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Questiona-se o porquê de as notas terem subido nos exames de mat do 12º ano e terem sido "catastróficas" nos exames do 9º ano. As explicações são muito simples:
a) O exame de 12º ano era uma treta fácil (embora não fosse tão básico como o de português de 9º ano, seguramente pensado para ser resolvido pelo pseudo-eng. sócrates);
b) Os alunos do 12º ano precisam da nota para terminar o secundário e entrar na universidade , (e sobretudo em medicina, curso em que a matemática, não se percebe porquê, é exigida como prova de ingresso);
c) Os alunos de 9º ano que sabiam que podiam passar de ano sem precisarem da positiva de matemática pura e simplesmente não estudaram para o dito exame. Ou porque já traziam a negativa (1 ou 2) na nota de frequência de 9º ano e nunca a subiriam com o exame (precisavam de tirar 4), ou porque já tinham a positiva garantida com a nota de frequência (3 a 5), e mesmo que baixassem passariam de ano. Muitos dos meus alunos, que são malta relaxada e pragmática, disseram-me directamente que não iriam estudar para o exame porque "não valia a pena". Confesso que concordo com eles. De que vale esforçar-se para fazer um exame que nada muda e para nada conta a não ser para as estatísticas idiotas do ministério e para encher mais umas notícias nos jornais?

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