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domingo, fevereiro 21, 2010

E viva o Marco Paulo

Como ainda tenho um velho rádio sony, comprado no longínquo ano em que migrei pela primeira vez para terras transmontanas, tenho por hábito não mudar muitas vezes de estação, já que a sintonização é manual e (confesso) não tenho paciência para procurar a estação que pretendo ouvir e que se encontra perdida, algures, entre a emissão da rádio marcoense e outras afins. O exercício é penoso, já que sou obrigado a ouvir a estação tempo suficiente para me certificar que não encontrei ainda a que procurava. Geralmente apercebo-me quando uma voz fanhosa anuncia o próximo êxito de Tony Carreira ou, na hipótese pior, quando sou mesmo confrontado com o dito êxito (meros vinte segundos de contacto deixam marcas que perduram). Assim sendo, optei há muito por deixar o rádio parado na antena 1. De início, apenas para ouvir O Amor É. Mas, de há uns tempos para cá, também me tenho divertido a ouvir o noticiário da antena 1 (uma curiosíssima obra de ficção, só igualada pela da rtp ou da tsf), que consigo distinguir do portugalex porque há um genérico a dividir os dois momentos.
Assim sendo, quando o despertador me acorda o suficiente para conseguir mexer e ligar o dito rádio, lá fico eu a ouvir a emissão. Confesso que, por vezes, o que ouço não me deixa com grandes forças para sair da cama, muito menos de casa. Mas há dias em que algo que faz saltar e sair o mais depressa possível. Geralmente isso acontece quando a antena 1, fazendo aquilo a que eles chamam "serviço público", passa uma música nova de uma "nova" / "promissora" voz portuguesa. Cada nova voz faz-me chorar de saudades pelas velhas vozes ou faz-me prometer a mim mesmo que vou voltar a ouvir cds. Cinco minutos de Machado Vaz não justificam o padecimento.
Ora bem, o último padecimento desse género ocorreu recentemente, quando fui forçado a ouvir uma versão do coro da primavera (de José Afonso) gemida por Maria de Medeiros. Na entrevista que se seguiu, a irmã da deputada socialista ultimamente em voga referiu uma série de grandes músicos que colaboraram com ela na realização do novo cd. Como puderam eles colaborar em semelhante atentado é algo que não compreendo. Quero acreditar que foram iludidos, pensando que estariam a gravar um disco instrumental e que a "cantora" gravou os seus (como qualificar) uh, cantos, por cima, depois de todos eles terem abandonado o estúdio. Mas provavelmente não foi assim. Pouco importa. O resultado é assustador, e levou-me a pensar em sintonizar a rádio marcoense. O último êxito do clã Carreira não pode ser pior. E, com sorte, ainda ouço uma cançãozinha do Marco Paulo.
*
Se acham que exagero, ouçam (por vossa conta e risco). Apresento-vos duas versões de uma simples e bonita canção de Vitor Jara (para mantermos a coisa dentro do socialismo), Te Recuerdo Amanda. A primeira, por Joan Baez:



E a segunda pela referida "voz portuguesa":


1 comentário:

Anónimo disse...

Pois é, nos tempos actuais qualquer um/a se acha cantor. Essa gente não se enxerga?