Num almoço, falando-se das oportunas mudanças da lei que protegem (oh coincidência) suspeitos politicamente importantes num processo que decorre ainda nos tribunais, alguém diz: "vê-se logo que o governo é socialista." A senhora exalta-se. Uma generalização abusiva, afirma. Estava dado o mote. Uma mesa inteira expôs argumentos sobre a falta de honestidade e a arrogância socrática, sobre o controlo da comunicação social (e a forma como esta se aninha no confortável colo socialista), sobre a incompetência gritante do governo, sobre a ausência de pudor e de culpados em tudo o que são desvios de dinheiros públicos... A tudo isso a senhora defendia-se com um único argumento. O sr Sócrates e os socialistas não são os únicos a fazer isso.
Quando o único argumento de defesa de uma simpatizante política é "os outros também o fizeram e também são beneficiados", não há necessidade de argumentar mais. Está lá o peso na consciência, a noção que os seus agiram e agem mal. Sobre a pseudo-licenciatura, afirmou: "vocês não podem negar que ele é engenheiro. Pode ter conseguido a licenciatura de forma errada, mas conseguiu-a, por isso é engenheiro." Pois. Por essa ordem de ideias, nenhum crime deve ser punido. E ficámos todos com a certeza que se o visado não fosse o sr pseudo-engenheiro, mas sim um político de outro partido, que a conversa seria outra.
Sinceramente, não sei como há pessoas que conseguem fazer as viagens de casa até ao local de trabalho, com palas tão grandes a taparem os olhos.
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