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terça-feira, agosto 24, 2010

"Something more than sexual, more than just our Marilyn Monroe"



É curioso o espanto de meio mundo sobre a 'descoberta' do lado culto de Marilyn Monroe. Parece que, por ser loura, actriz, sensual e (last but not least) americana, a senhora teria de ser ignorante, inculta. Burra, enfim. Esquecem-se que Marilyn Monroe, nascida em 1926, cresceu e viveu na América dos Anos 30 a 60 (morreu em 1962 - apenas 36 anos), o tempo em que tanto aconteceu, o tempo em que Hollywood ainda estava nos seus anos gloriosos. Ser actriz - e a actriz iconográfica que ela foi, à época rivalizando apenas com Elizabeth Tayor - não era ser uma modelo. Ainda hoje não o é, a não ser que consideremos carreiras menores ou fugazes. Presumo que ser actriz implique ler, ler muito (até porque os guiões não se decoram de outra forma), implique compreender e transmitir emoções que outros conceberam, implique, em suma, ser inteligente. Por certo, há actores e actrizes com pouco naquelas cabeças (lembro-me de uma que não só duvidou da veracidade da explicação dos atentados de 11 de Setembro, como da própria ida dos americanos à Lua, provavelmente por ela lá viver), mas em geral não são propriamente jogadores de futebol. Marilyn Monroe lia muito e escrevia, não apenas textos e poemas seus, mas ensaios sobre outros escritores. Marilyn foi casada com Arthur Miller e tinha (digamos assim) uma amizade muito próxima com o presidente Kennedy. Ouvia Beethoven e trabalhou com Laurence Olivier. Um currículo invejável. Se, como diz a canção, ela viveu como uma vela ao vento, a verdade é que essa trémula luz iluminou as páginas de muitos livros.


Quando era criança, foi abandonada pela mãe, quase morreu aos dois anos, foi vítima de tentativa de violação aos seis, trabalhou desde os nove, casou aos dezasseis. Tendo em conta esta infância e juventude, poderíamos espantar-nos por saber que dessa turbulência tinha crescido uma mulher culta e inteligente. Mas meio mundo prefere surpreender-se pelo facto de ela ser loura (e convenhamos, a moça nem loura era), modelo (foi a capa do primeiro número da Playboy), actriz e ...culta.


"Goodbye Norma Jean
From the young man in the 22nd row
Who sees you as something more than sexual
More than just our Marilyn Monroe"


p.s.: Convenhamos, esta fotografia é muito mais credível do que estas obras de ficção.

2 comentários:

guida c disse...

o que liam os nossos políticos?

Paulo Agostinho disse...

Acreditas mesmo que eles sabem ler? (sobretudo o da imagem de cima?)