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sábado, outubro 15, 2011

"Os argumentos que sustentam a revogação dos prémios de mérito dos alunos ilustram a excelência do cinismo. (...) Nuno Crato foi um arauto da meritocracia, da superioridade dos resultados, da competição e do reconhecimento dos melhores. É verdade que nunca se ocupou a reflectir sobre o que é ser melhor em Educação, nem perdeu tempo a clarificar “as poucas ideias” (a expressão é dele próprio) que tem sobre ela. Mas apontou o “eduquês”, sempre, como a antítese daqueles paradigmas doutrinários. Ora os prémios que estoiraram eram o melhor símbolo da meritocracia e da oposição ao “eduquês”. Nuno Crato implodiu, portanto, a sua coerência. (...)

O processo usado para contratar professores é uma charada sem réstia de transparência e uma porta aberta às manipulações e aos golpes. Num dos momentos do concurso, designado por “Bolsa 2”, entre 15 e 19 de Setembro, quando as escolas quiseram manifestar horários anuais, a respectiva plataforma informática bloqueava essa opção e assumia-os como temporários. Foi o glorioso tempo dos professores ao mês, apressadamente corrigido a seguir. Dizer que os professores foram colocados em função do que constava na aplicação informática é, neste contexto, vil, demasiado baixo.

Quando confrontado com os factos no Parlamento, Nuno Crato foi simplesmente demagógico. Falou de não poder contratar para além das necessidades. Ora ninguém lhe pediu que contratasse para lá das necessidades. Pediu-se-lhe que explicasse por que contrataram arbitrariamente. Por que manipularam horários. Por que permitiram que quem estava antes fosse ultrapassado por quem vinha depois. Com um vistoso jogo de cintura, para aligeirar o escândalo e as televisões servirem, Crato afirmou que apenas 0,4 (“Bolsa 1) e 0,1 (“Bolsa 2”) por cento dos professores reclamaram.

O distinto matemático esqueceu-se de nos dizer a que universo se referia a percentagem. Mas só um é relevante: o dos cerca de 37.000 professores desempregados. Dado que os recursos foram 512 para a “Bolsa 1” e 152 para a “Bolsa 2”, as percentagens verdadeiras são 1,38 e 0,41 por cento, respectivamente, sem atender a que o universo do cálculo se reduziu entre os dois momentos considerados. (...)”. 
O grau zero da decência a que o Ministro da Educação e Ciência desceu tem uma vantagem: daqui para a frente, por mais repugnantes que sejam as suas decisões, estaremos preparados. Nada surpreenderá as pessoas de bem."

(Santana Castilho, Público, também acessível aqui)

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

A vantagem de ser PS

Cada vez melhor o ministério da educação. Decididamente, deveriam mudar o nome para ministério da ilusão estatística ou ministério da tolice (se bem que poderia causar confusão com grande parte dos restantes).
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1. As provas de aferição que são feitas aos 4º e 6º anos em algumas escolas seleccionadas vão passar a ser universais. É o que se chama universalizar a asneira. Mais uma decisão de quem não percebe a realidade. E qual é a realidade Em geral, os alunos só trabalham quando sabem que a avaliação conta. Ora, as provas de aferição não contam para a passagem dos alunos. Naturalmente que, fora os que são muito aplicados, mesmo os alunos bons não se preocupam com testes inúteis. Podem dizer que as provas servem para avaliar a aprendizagem dos alunos, mas sinceramente, se os alunos não se preocupam em aplicar nessas provas tudo o que sabem, que realidade vai o ministério avaliar? É o mesmo que avaliar um atleta num dia de treino ou quando ele está a correr no parque da cidade. Ou um escritor quando está a elaborar a lista de compras.
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No concurso para professores titulares, quem gozou de licença de maternidade vai ser penalizado. Estranha forma de incentivar a natalidade. Proposta a asneira, o ministério veio entretanto desmentir que será assim. Tanta trapalhada e nenhuma crítica da comunicação social à ministra ou ao governo.
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Até há pouco tempo não havia concursos. Os do ano passado valiam por três anos. Afinal não, ou sim? Ou há concursos, mas não se sabe ainda para quem? Não há medida deste ministério que não seja revogada, repensada, alterada. Basta lembrar as TLEBS, ou as aulas de substituição, que eram serviço não lectivo, mas que afinal para a lei portuguesa afinal são, etc... etc...